Quais foram os carros mais vendidos por categoria em 2017
Modelos como o Corolla e o Compass dominaram seus segmentos com ampla margem sobre os concorrentes
A liderança do Onix em 2017 já era mais do que esperada, tamanha a diferença para os demais veículos vendidos no Brasil. Mas e como foi a disputa nas principais categorias de automóveis no país? É isso que o AUTOO mostra com exclusividade nesse especial com os campeões em vendas no ano passado.
Como se esperava, algumas categorias cresceram muito como a de SUVs compactos e aventureiros (o que chamamos de automóveis com poucas modificações para exibir um formato de utilitário esportivo), enquanto outras sentiram o impacto desses novos modelos, caso dos hatches médios e familiares (peruas e minivans). Confiram nossa análise a seguir:
O segmento mais popular do país continua forte. Foram mais de 850 mil emplacamentos, um aumento de quase 7% em relação a 2016, ou seja, um pouco abaixo da média do mercado. Mas é um dado expressivo porque aqui estão os carros populares, que sofreram muito com a crise econômica e a falta de crédito.
O Onix, obviamente, é o líder aqui também assim como os três seguintes (HB20, Ka e Gol). O modelo da Chevrolet amealhou 22% de participação, quase o dobro do Hyundai. Os demais tiveram uma diferença pequena entre eles, mas em 2018 esse cenário deve ficar mais equilibrado. Argo e Polo, duas novidades do ano passado, têm vendido bem e devem tomar o lugar de alguns modelos antigos como o Uno e o Fox. A ausência mais notável aqui é a do Palio. O ex-líder do mercado foi apenas o 12º mais vendido entre os hatches compactos.
Os sedãs pequenos ainda são a segunda categoria em volume, mas perderam um pouco de terreno em 2017. Foram 2% a menos de emplacamentos, uma tendência que parece querer ficar. O Prisma, assim como seu irmão hatch, foi o mais vendido e com a mesma participação de 22%. Porém, como há menos concorrentes nesse segmento, o resultado não é assim tão folgado. O segundo colocado foi o Voyage que no ano passado não teve problemas de produção. O HB20S, em queda, conseguiu a 3ª posição e o Etios, a 4ª colocação, um belo resultado para o tão criticado modelo da Toyota.
Tudo leva a crer que esse cenário vai mudar este ano com a chegada do Volkswagen Virtus e do Fiat Cronos, entre outros. O Prisma pode até manter a ponta, mas a participação certamente cairá.
Em volume absoluto, os “jipinhos” tiveram o maior crescimento em 2017, com quase 58 mil unidades a mais que em 2016. O resultado só não foi o melhor percentualmente dizendo porque outros segmentos saltaram de valores pequenos para números relevantes. O HR-V manteve o reinado mas teve uma queda expressiva de 14% em relação a 2016. O mesmo ocorreu com o Renegade, que caiu 26% e ficou apenas em 3º lugar. A razão é o aumento da concorrência, sobretudo do Creta, modelo que ficou com a vice-liderança. Mas também do “fogo amigo”: a Honda lançou o aventureiro WR-V e a Jeep, o mais atraente e caro Compass. Ambos também desviaram a atenção de potenciais clientes do HR-V e do Renegade. Este ano a situação será mais equilibrada e distribuída entre mais modelos.
Em queda há anos, os modelos familiares seguem a sina de vender cada vez menos. E isso porque o Fit, um modelo que mistura elementos de minivan com perua, e a Spin ainda vendem bem. Ainda assim, foram 13% a menos de emplacamentos nesse segmento.
O Honda e o Chevrolet praticamente concentraram as vendas, com 45% e 43% do mercado, respectivamente. As velhas SpaceFox e Weekend ficaram com 10% dos emplacamentos. Ou seja, em 2018 o segmento vai encolher mais com o fim das duas peruas.
O mercado de picapes compactas sempre foi forte no Brasil, porém, com a crise econômica, as versões de trabalho perderam força e a demanda encolheu. Em 2017, as vendas até subiram mas por conta da produção plena da Saveiro, que também ficou alguns meses sem sair da linha de montagem em 2016. Se não fosse isso, teríamos uma nova retração já que as outras duas concorrentes, a Strada e a Montana estão caindo ou estagnadas.
A picape da Fiat se mantém em primeiro mas sofreu muito com a chegada da Toro, sua irmã maior e mais moderna que “roubou” os clientes das versões mais caras. Como a Saveiro mantém uma distância relativamente grande, a tendência é que as posições sejam mantida, com a Montana na lanterna. Isso até que surja algum modelo novo, coisa rara no segmento.
Num ano em que o mercado cresceu quase 10%, os hatches médios foram o grande contraponto. Em 2017, eles caíram nada menos que 24% nas vendas: apenas 19,3 mil unidades emplacadas e a constatação que essa redução só vai se agravar em 2018. Sim, eles foram os mais afetados pela “horda” de SUVs que invadiu o país. Como custam parecido e têm um público mais restrito acabaram pagando o pato, mesmo sendo mais modernos e espaçosos que os jipinhos.
O novo Cruze se beneficiou disso para liderar com boa margem em relação ao Focus. Foram 7,3 mil unidades vendidas contra 4,7 mil do Ford. O Golf, um dos carros mais modernos do país, se contentou com a 3ª posição e 20% de participação num ano em que deram adeus o Bravo e o Hyundai i30, aquele que foi líder dessa categoria mesmo sendo importado há alguns anos.
A luz amarela acendeu no mercado de sedãs médios. Embora ainda seja muito forte (o 4º em volume de vendas), o resultado de 2017 foi de um crescimento modesto de 3,7% o que quer dizer que houve encolhimento na participação geral. E isso com dois modelos novos em seu primeiro ano cheio de vendas, o Civic e o Cruze.
O que se lê desse movimento é que os SUVs já podem estar roubando clientes também desse tipo de veículo, o que não é absurdo. Curiosamente, os números mais modestos têm a ver com a queda nas vendas de modelos secundários do segmento como o Sentra, Fluence e Lancer já que tanto Corolla como Civic e Cruze tiveram aumento nas vendas.
E o sedã da Toyota continua um fenômeno: com 66,2 mil emplacamentos ele respondeu por 46% das vendas. O Civic emplacou quase 26 mil unidades (18%), um belo aumento, mas um volume pequeno se comparado ao das estreias de gerações anteriores. Já o Cruze beirou os 20 mil carros, aumento de 60% nas vendas entre 2017 e 2016.
O maior fenômeno de vendas de 2017 está nesta categoria. O Jeep Compass foi o responsável pelo segmento de SUVs médios crescer quase 46% de um ano para o outro. Produzido no Brasil e com uma ampla linha que disputa mercado com modelos menores e maiores que ele, o Compass beirou as 50 mil unidades vendidas, o que lhe conferiu uma participação de 45% do segmento. É muita coisa para uma categoria pulverizada em mais de 30 modelos de preços e pacotes diferentes.
Para se ter uma ideia do domínio do Jeep, o segundo colocado, ix35, se contentou com apenas 9% das vendas. É um panorama muito difícil de mudar em 2018 mesmo com modelos bem cotados como o Equinox, da Chevrolet, ou o futuro SUV que a Volkswagen fará na Argentina. A Jeep acertou em cheio na receita do Compass, não há dúvida.
Depois de anos seguidos de liderança, a S10 perdeu o posto para a Hilux em 2016, que já mandava entre as picapes a diesel. No ano passado, a picape da Chevrolet recuperou um pouco do terreno, mas não o suficiente para recuperar a primeira colocação. No geral, houve um crescimento no mesmo ritmo do mercado, com 9,5% de unidades a mais.
A Hilux marcou passo com 32% do mercado, com a S10 próxima (28%). Mas foram as coadjuvantes Ranger e Amarok que forneceram o gás extra para que o segmento crescesse. A Frontier, de nova geração, cresceu mas sobre uma base pequena, e a L200 empacou nas 10 mil unidades. A partir de 2019, com a chegada da Renault Alaskan e da Mercedes-Benz Classe X, além da Frontier vinda da Argentina, devemos ver alguma mudança nesse cenário.
A categoria criada pelo AUTOO reúne por enquanto a pioneira Oroch e a Toro, da Fiat, mas deve ganhar mais integrantes em breve. Como se situam no meio do caminho entre as compactas e médias achamos por bem separá-las dessas categorias cujo público é também diferente.
Depois de um 2016 fabuloso, as duas picapes cresceram pouco mais que o mercado no ano passado, mas isso em razão da queda nas vendas da picape da Renault. Já a Toro foi o produto mais vendido fabricado em Goiana, na unidade da FCA em Pernambuco (de onde saem também o Compass e o Renegade). Com isso ficou com 82% das vendas após crescer 23% em 2017.
Aventureiro compacto
Outra categoria que criamos para acomodar alguns veículos que são mais que versões com acessórios aventureiros, mas também não nasceram como SUVs. É o caso, por exemplo, do WR-V, um Fit com modificações significativas, mas que ainda mantém as características do modelo urbano.
É, inclusive, onde encaixamos o Kwid, o polêmico compacto da Renault, que chegou a empolgar na estreia, mas que tem vendido um volume razoável apenas. Ainda assim ele liderou esse segmento com 45% das vendas, seguido do WR-V com 31% e do Aircross, da Citroën, com 17%.
Entre os carros de luxo, é o segmento que apresenta um volume mais significativo, “culpa” de outro modelo de vendas expressivas, o SW4. Derivado da picape Hilux, o SUV se descolou da imagem de jipão rústico e isso fez efeito no público. Em 2017, foram 12,6 mil unidades emplacadas, ou 52% das vendas. A Trailblazer, modelo semelhante ao SW4, ficou com apenas 14%, e a Pajero HPE, com 6%.
Se contarmos apenas os SUVs de marcas premium, o destaque foi o F-Pace, primeiro modelo do gênero da Jaguar. Ele bateu uma concorrência estabelecida que inclui o XC90, GLE, X5, Q7 e Cayenne com 760 unidades emplacadas, 3% das vendas. É para comemorar num país onde esse tipo de veículo mal encontra espaço.
Acima do Corolla, as vendas de sedãs são modestas. Para situar, três meses de vendas do Toyota já é mais do que todos os sedãs com preço inicial acima de R$ 100 mil. Por isso a Mercedes-Benz tem que comemorar o bom desempenho do Classe C que ficou com 30% do mercado, à frente do competitivo Ford Fusion (28%) e do rival direto, Série 3, da BMW (21%).
Nessa categoria, curiosamente, os orientais não se dão bem. O melhor colocado foi o Honda Accord com 1% das vendas e o 10º lugar. O Azera, que já foi um dos carros mais vendidos entre os sedãs, teve apenas 113 emplacamentos em 2017.
Não faz assim tanto tempo que eram vendidas três minivans no país, a Zafira, a Scénic e a Picasso. Dessas apenas a última ainda sobrevive como importado. E peruas? Só sobrou a Golf Variant e a A4 Avant, na prática. E é o modelo da Volkswagen que lidera esse micro segmento: teve 39% das vendas mesmo caindo nas vendas (de 981 para 630 unidades). A renovada C4 Picasso é a segunda e a minivan da BMW, Série 2, a terceira. Ou seja, virou nicho sobretudo para marcas de luxo que ainda encontram fãs dispostos a ter uma perua um minivan na garagem.