Sinal verde: europeus aprovam fusão PSA-FCA; no Brasil, união é questionada

União que formará uma nova empresa chamada Stellantis deve ser concluída já no início do ano que vem
A fusão FCA-PSA dificilmente não afetará fábricas e empregos em excesso

A fusão FCA-PSA dificilmente não afetará fábricas e empregos em excesso | Imagem: Montagem sobre divulgação

Ao longo de 2020, os grupos Peugeot-Citroën (PSA) e Fiat Chrysler (FCA) anunciaram que a união entre as duas empresas formará a Stellantis, um dos maiores conglomerados automotivos do mundo. Assim, as empresas correram para completar a fusão, que foi acompanhada de perto por órgãos antitruste da União Europeia.

As empresas já anunciaram ajustes para evitar problemas com as entidades europeias, fazendo modificações nos catálogos de suas marcas, principalmente no segmento de comerciais leves, com o intuito de não serem acusadas de monopólio. 

A boa notícia para PSA e FCA é que a Comissão Europeia emitiu nesta segunda-feira (21) parecer favorável à união das duas empresas. 

De acordo com o comunicado do órgão europeu, "a aprovação está condicionada ao cumprimento integral de um pacote de compromissos oferecido pelas empresas". Entre as medidas está um acordo com a Toyota por parte da PSA para aumentar o volume de produção de veículos comerciais leves fornecidos pelo grupo francês para a marca japonesa. Além disso, a FCA e a PSA também permitirão que os concorrentes acessem suas redes de concessionárias para reparos e manutenção de vans. Segundo a entidade europeia, a ideia é "ajudar os novos participantes do segmento de veículos comerciais leves a se expandir no mercado". 

"O acesso a um mercado competitivo de vans comerciais pequenas é importante para muitos trabalhadores autônomos e pequenas e médias empresas em toda a Europa. Podemos aprovar a fusão da Fiat Chrysler e da Peugeot SA porque seus compromissos facilitarão a entrada de outras marcas e a expansão no mercado de pequenas vans comerciais. Nos outros países onde os dois fabricantes automotivos estão atualmente ativos, a concorrência permanecerá vibrante após a fusão”, analisa Margrethe Vestager, vice-presidente executiva da Comissão Europeia, em comunicado.  

Em 4 de janeiro de 2021, representantes de ambas as companhias farão uma reunião com acionistas para a aprovação final da fusão.

A Stellantis deverá ser um dos maiores grupos do setor automotivo, acumulando 13 marcas no total. A PSA deve ficar com 6 das 13 cadeiras na direção da nova empresa, sendo que o CEO da francesa, Carlos Tavares, deve ficar com a liderança. O atual presidente da FCA, Mike Manley, deverá ficar a cargo das operações da Stellantis para as regiões da América do Norte e América do Sul.

A situação no Brasil

Na última semana, novas informações surgiram revelando que a rede de concessionários de Peugeot e Citroën não estaria nada feliz com a união com a FCA. Alegando que a PSA já estaria negociando com lojistas da Fiat para absorver as operações de vendas, em detrimento à rede existente, e que a linha de produtos atual não estaria dando retorno, as associações de concessionárias das duas marcas teriam feito um pedido ao CADE (Conselho Administrativo de Defesa Econômica) contra a junção.

Bom para elas que irão reduzir seus custos, mas nada garante que seus clientes serão beneficiados no futuro, como geralmente não ocorre nesses casos
Futura Stellantis deverá reunir 13 marcas
Imagem: montagem Autoo sobre fotos de divulgação

Thiago Moreno

Thiago é jornalista do setor automobilístico desde 2008 e possui pós-graduação em Gestão Automotiva