Prepara-se para deixar de dirigir num futuro breve
Gostemos ou não, o automóvel de amanhã nos roubará o volante e deixará de ser uma máquina emissora de poluição e de ruídos
Para os amantes de carros, pensar em abrir mão do volante em favor de um software é um pesadelo. E ver os clássicos motores a pistão virando peça de museu, aposentados compulsoriamente por sistemas de propulsão elétrica, um absurdo.
Mas que nos perdoem os fãs de motores V8 e “pilotos” de rua, o futuro está sim atrelado a esse cenário em que a condução autônoma e a gestão inteligente de propulsão serão o padrão no trânsito. Por mais que muita gente ainda se assuste com isso.
Não se trata de uma questão de “se” e sim de “quando”. Os sistemas de condução autônoma, em que pese alguns acidentes graves, estão evoluindo e não demorará para atingirem um nível de confiabilidade mínimo. Não fosse assim e uma marca da envergadura de uma Volvo não prometeria que seus carros novos não causarão fatalidades a partir de 2020.
Duvida? Basta visitar o site Vision 2020 da montadora. Está lá com todas as letras: “Nossa visão é que em 2020 ninguém deve ser morto ou seriamente ferido em um novo carro da Volvo”, prometeu Håkan Samuelsson, CEO da empresa. Quem seria louco de afirmar isso? Ninguém que não tivesse tamanha confiança que a tecnologia automotiva será capaz de na pior das hipóteses anular as barbeiragens que nós humanos praticamos diariamente ao volante.
Esses carros da próxima década serão fatalmente elétricos em sua maioria. A migração da matriz energética ainda é mais lenta do que o desejado, mas um caminho sem volta. Não há como sustentar a mobilidade individual global queimando derivados do petróleo e de quebra tornando as cidades usinas de calor e poluentes.
Sim, a energia elétrica necessária para suprir frotas de milhões de veículos será imensa e pode refletir também na poluição, mas com certeza algo muito inferior à nossa realidade. Uma das razões para isso tem a ver com a eficiência desses futuros veículos que aproveitarão como nunca suas fontes de energia, a hora certa de recarga e como não desperdiçar volts gerados por ele próprio.
Mais: numa cidade conectada em que os carros farão parte de uma grande rede de informações ninguém sairá para um compromisso e encarar um congestionamento. Haverá o momento certo para partir com o carro que seguirá direto para um local de parada por conta própria, eliminando aquelas famosas voltinhas à procura de uma vaga de garagem.
Carroças do século 21
Detratores dessa visão obviamente alegarão que o automóvel perderá o sentido se seguir esse caminho, afinal onde está a liberdade de ir e vir para onde quiser? Mas foi essa suposta liberdade que nos levou aos imensos congestionamentos, ao caos nos grandes centros urbanos e aos altos índices de acidentes em muitos países.
Os “automóveis analógicos” têm, no entanto, um “mérito”, o de criar monstros no trânsito. Pessoas absolutamente afáveis transformam-se em criaturas ameaçadoras atrás de um volante. Respeito e educação não são mais algo comum nas ruas, mesmo em países desenvolvidos.
Sim, é triste admitir, mas em geral somos péssimos motoristas. Cometemos dezenas de infrações todos os dias, que acabam não sendo notadas por distração e por falta de fiscalização. É justamente nesse sentido que a direção autônoma promete acabar com conversões erradas, semáforos furados e espertinhos que cortam filas.
O efeito colateral, se assim podemos dizer, é o fim do livre arbítrio a bordo dos carros. Não teremos o direito de escolher o momento e como ir de um ponto ao outro. Alguns poderão dizer que isso já acontece no transporte coletivo, mas a grande diferença está no roteiro, em que o automóvel ainda levará vantagem: em raríssimos casos um ônibus sai da porta da sua casa e o deixa em frente ao seu compromisso.
Mas e se eu me recusar a usar um veículo autônomo e elétrico no futuro? Sinto muito, mas arrisco dizer que isso será impossível. Carros convencionais com certeza serão banidos por conta da poluição e da ausência de tecnologias que os integre a “nuvem do trânsito”, a tal rede que controlará os deslocamentos em ruas e estradas.
É provável que reste aos fãs de Mustangs e Camaros, por exemplo, o mesmo que ocorreu a um outro meio de transporte praticamente extinto, o animal. Para acelerar um motor a combustão e ter o prazer de dirigir sem nenhum computador se intrometendo somente em autódromos fechados e controlados, como uma atividade qualquer de lazer como andar a cavalo, meio de transporte que um tal de automóvel um dia ousou substituir.
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