Porta de entrada para o modelo, testamos o Honda Civic Sport
Equipado com câmbio automático CVT, modelo é tabelado em R$ 94.900
Foi só chegar às lojas que as dúvidas já começaram a chegar aqui no Guru dos Carros e entre os leitores do AUTOO: qual vale a pena comprar, o novo Honda Civic ou o Toyota Corolla? O Civic 10 é tão bom mesmo pra custar tudo isso? Essas são só algumas das perguntas que costumamos ouvir com frequência.
Fato é que a estreia das novas gerações de Honda Civic e Chevrolet Cruze empurrou o segmento dos sedãs médios para uma faixa de preço que hoje gira em torno de R$ 90.000 a R$ 100.000, buscando não só a evolução no poder de compra dos clientes do segmento como também justificando o maior ganho em tecnologia embarcada que esses modelos receberam. O Cruze, até mais que o Civic 10, é um bom exemplo, já que sua versão topo de linha pode receber equipamentos como assistente de estacionamento, carregador de celular por indução, monitoramento de pontos cegos, dentre outros recursos.
Voltando nossa conversa para a linha Honda, hoje quem quer embarcar na gama Civic tem a versão Sport como a porta de entrada. Para agradar os cada vez mais escassos fãs de modelos com câmbio manual – e até fazer jus à proposta mais esportiva do Civic – a Honda oferece a versão Sport com transmissão de 6 marchas por R$ 87.900. É o mínimo que você precisa pagar para estacionar um Civic 10 na garagem.
Mas a coisa começa a ficar interessante mesmo quando levamos em consideração o Civic Sport com a caixa automática CVT. Ela é tabelada em R$ 94.900 e acerta em cheio com a versão XEi do Toyota Corolla, a mais vendida do sedã líder do segmento e oferecida por 96.990. Quem procura números mais realistas, contudo, verá que muitas lojas estão praticando valores na casa de R$ 87.000 a R$ 90.000 para o Civic Sport CVT e algo em torno de R$ 83.000 para o Corolla XEi.
Políticas de preço à parte, o AUTOO decidiu levar o Civic Sport CVT para uma volta e descobrir quais são qualidades, onde estão seus pontos e o que ele pode ficar devendo para o Corolla XEi?
Logo de cara, ainda com a chave canivete na mão, a gente pode destacar o visual como um atributo positivo do Civic em sua décima geração. Você pode não gostar das linhas da dianteira e da traseira, mas quando comparado com o Corolla claramente se nota que o Civic está uma geração a frente do Toyota. Mais baixo e largo na nova geração, o Civic também ficou mais imponente quando observado “ao vivo” e a versão Sport, que abusa dos elementos pretos, ajuda a conferir uma aura menos conservadora ao sedã.
Quando a gente entra no Civic Sport logo se depara com uma cena nada agradável. Por mais que a Honda posicione a versão para um público mais descolado, não oferecer de série o revestimento interno de couro em um carro que supera R$ 90.000 é algo difícil de aceitar. O padrão do tecido aplicado nos assentos e laterais de portas é bom, porém deixar o couro somente para as versões superiores é algo que não nos agrada.
Se pelo menos o revestimento interno de couro é algo de série no Corolla XEi, isso não supera o fato do líder de mercado deixar muito a desejar em equipamentos importantes, começando pelos controles de tração e estabilidade, sequer oferecidos na versão topo de linha Altis. Talvez a Toyota possa se redimir dessa falha grave no facelift do modelo que deverá estrear ainda neste trimestre. Em termos de airbags, o Corolla XEi sai de fábrica com bolsas frontais, laterais e de joelho para o motorista, enquanto o Civic Sport conta com 6 airbags, no caso os frontais, laterais e de cortina.
Os dois contam com ar-condicionado automático digital, mas o Corolla dá um banho no Civic quando o assunto é conectividade e recursos de entretenimento. O Honda não vai além de oferecer o sistema de som com entrada auxiliar e controle de telefonia por Bluetooth. Tudo pode ser operado por um singelo display de 5” no painel e os 4 alto-falantes dentro da cabine entregam uma razoável potência de 160W. O Toyota, por sua vez, não chama a atenção pelo tamanho da tela, com 6,1”, mas ele oferece de fato uma central multimídia capaz de reproduzir DVD e sintonizar TV digital, além de câmera de ré, navegador integrado e suporte para as mais variadas mídias, como entrada USB, dentre outras.
Em compensação o Civic 10 é um carro que permite acomodar com bem mais conforto 5 passageiros do que o Corolla ou o Cruze, por exemplo. Mesmo com a volta do túnel central na parte traseira (o que para alguns pode ser um retrocesso) devido à carroceria mais baixa, o ganho em largura no espaço para os passageiros é nítido a bordo do Civic. O espaço disponível para as pernas dos ocupantes do banco traseiro também melhorou consideravelmente e é um dos melhores do segmento.
Se a Honda pode (e deve) melhorar a lista de equipamentos do Civic Sport, a marca acertou em cheio nos ajustes de chassi do sedã. O Civic é um carro que vai deixar seu coração balançado após você dirigir.
Quem sai de um Corolla e passa para o banco do motorista de um Civic vai logo perceber como a suspensão traseira independente (multibraço) no Honda traz mais qualidade ao rodar. O conjunto mais justo do Civic, a carroceria rígida e a direção bem calibrada tornam o ato de dirigir o Civic Sport algo mais prazeroso em relação a modelos como o Corolla, por exemplo, que adota suspensão do tipo eixo de torção para as rodas traseiras. Não que o Toyota seja ruim ou fique devendo nesse ponto, só que o conjunto do Corolla é pragmático, ou seja, foi projetado muito mais pensando em um rodar eficiente do que em entregar um refinamento maior nas respostas. Claro que existem clientes para tudo e todos os gostos, caso contrário o Toyota Corolla não seria esse sucesso comercial que é.
Com 155 cv de potência, o 2.0 16V do Civic Sport já é nosso velho conhecido, sendo o mesmo propulsor que dava vida a geração anterior do sedã. Silencioso e eficiente, com números na média do segmento, de fato não havia motivos para que a Honda o substituísse na décima geração. Com médias de 10,6 km/l na cidade e 12,9 km/l na estrada, as duas com gasolina, seu consumo está longe de ser ruim. Em grande parte mérito também do câmbio automático CVT, outra característica que une Civic e Corolla atuais.
Respondendo às perguntas que deixamos no ar no início do texto, o Honda Civic Sport é uma excelente opção de sedã médio, que só fica devendo em equipamentos de conforto pontuais. Seja em relação ao próprio Toyota Corolla, que balizou grande parte da avaliação, ou na comparação com o Chevrolet Cruze, o Civic 10 ainda faz da qualidade dinâmica seu principal argumento de venda.
Se recursos como central multimídia e revestimento de couro são primordiais para você, aí a solução é partir para o Civic EXL de salgados R$ 105.900, caso contrário a versão Sport automática já entrega todos os pontos que realçam o Civic nesta geração. Se você preza muito mais por atributos como a boa dirigibilidade e o bem-estar a bordo, o Honda é a pedida certa. Já se o que você leva mais em conta é o custo-benefício e o que o carro entrega por seu dinheiro, aí vale mais a pena você partir para um Chevrolet Cruze, o qual também mostrou várias qualidades em nosso teste.
Ficha técnica
Honda Civic 2017 Sport 2.0 16V flex automático 4p | |
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Preço | R$ 94.900 (10/2017) |
Categoria | Sedã médio |
Vendas acumuladas neste ano | 20.448 unidades |
Motor | 4 cilindros, 1997 cm³ |
Potência | 150 cv a 6300 rpm (gasolina) |
Torque | 19,3 kgfm a 4700 rpm |
Dimensões | Comprimento 4,637 m, largura 1,799 m, altura 1,433 m, entreeixos 2,7 m |
Peso em ordem de marcha | 1285 kg |
Tanque de combustível | 56 litros |
Porta-malas | 519 litros |