Por R$ 239.990, Ford Maverick alega estar acima da Fiat Toro. Será mesmo?
Picape intermediária começa a ser vendida no Brasil em versão única
Como previsto, a Ford inicia neste mês a comercialização da Maverick no Brasil. A novidade chegará ao nosso mercado em versão única, no caso a Lariat FX4, com preço sugerido de R$ 239.990 na maior parte do território nacional, exceto em estados onde o ICMS é tributado com alíquotas maiores, como ocorre hoje em dia em São Paulo e Paraíba.
Com o anúncio do preço, fica claro que a estratégia comercial da Ford para a Maverick é posicionar a picape acima de modelos como a Renault Duster Oroch e a Fiat Toro, hoje referência em termos de participação de mercado no segmento de picapes intermediárias.
Para tanto, a Maverick tem no conjunto mecânico um de seus principais atributos.
No caso do catálogo destinado ao Brasil, a Maverick conta com o 2.0 EcoBoost sob o capô, sempre associado com a transmissão automática de 8 marchas e o sistema de tração integral.
Com turbo e injeção direta, o 2.0 EcoBoost aceita somente gasolina e entrega 253 cv e 38,7 kgfm de torque. Trata-se do mesmo propulsor aplicado no Ford Bronco Sport, porém com uma calibração específica para a proposta da picape.
Com isso, segundo dados oficiais, a Maverick Lariat FX4 acelera de 0 a 100 km/h em ótimos 7,2 segundos. O consumo é de 8,8 km/l na cidade e 11,1 km/l na estrada.
Ao volante
A grande aposta da Maverick reside, sem dúvida, na qualidade dinâmica.
Com suspensão independente nas quatro rodas, do tipo multibraço para o conjunto traseiro, a Maverick é um modelo extremamente estável e rápido nas respostas.
Se você não olhar para o retrovisor interno, raramente vai se lembrar de que existe uma caçamba para 943 litros na parte traseira do veículo.
Importante destacar que o projeto da Maverick nasceu nos EUA exatamente com a premissa de oferecer um modelo aos consumidores da marca que pudesse atender quem antes consumia apenas hatches ou sedãs, por exemplo, duas categorias que a Ford abandonou em seu país-sede.
De fato, no controle da Maverick, encontramos um comportamento que remete plenamente a um veículo de passeio, facilitando a migração para uma picape.
Em relação à Fiat Toro diesel, a vantagem do motor a gasolina é nítida em especial por conta de sua elasticidade, o que confere um patamar de performance à Maverick claramente superior.
Melhor do que a Fiat Toro?
Se a Maverick Lariat FX4 encanta na hora de acelerar e dirigir, é fato que, se comparada com a Fiat Toro, a picape pouco justifica o preço consideravelmente maior.
Ao analisarmos a gama Toro, sua opção mais cara hoje em dia é a Ultra 2.0 turbodiesel, que também oferece tração integral e está no mercado por R$ 207.390, portanto R$ 32.600 a menos do que a representante da Ford.
Em termos de capacidade, temos praticamente um empate entre Toro Ultra e Maverick na volumetria da caçamba (937 litros no Fiat). A Toro Ultra, entretanto, pode transportar 1.010 kg em seu compartimento de carga, peso consideravelmente superior em relação aos 617 kg da Maverick.
A Ford enfatiza, no caso da Maverick, toda a preparação do modelo para ampliar sua capacidade de reboque, algo muito valorizado nos EUA, e que atinge 499 kg em sua representante.
A Toro Ultra, por sua vez, é capaz de rebocar 400 kg. É fato que, aqui no Brasil, acaba sendo muito mais preponderante a capacidade de carga na caçamba do que o reboque em si, contudo, como cada consumidor tem suas necessidades específicas, vale ponderar esse aspecto.
O que também deve ser levado em conta é o consumo no caso da Toro Ultra, que pode alcançar médias de 10,1 km/l na cidade e 12,6 km/l na estrada, algo a ser considerado dependendo do local onde o veículo será mais utilizado, os preços dos combustíveis e as distâncias percorridas nos deslocamentos.
Mesmo consideravelmente mais barata, a Toro Ultra não deve em nada em termos de equipamentos para a Maverick Lariat FX4. Em ambas você vai encontrar o alerta de colisão com frenagem autônoma de emergência, farol alto com comutação automática e central multimídia completa (8” na Maverick e 10” na Toro Ultra).
O modelo da Fiat também conta com o assistente de permanência em faixa, item ausente na Maverick.
Outro ponto que vale ser mencionado, é o fato de que, enquanto a Toro Ultra traz de série o prático sistema de fechamento rígido na caçamba, a Maverick não oferece nenhuma proteção de série para os itens colocados no compartimento de cargas. A Ford, entretanto, oferece como acessórios tanto a capota marítima assim como a capota rígida, que pode contar com fechamento manual ou acionamento elétrico. Todas, porém, exigem um gasto adicional.
Conclusão
No universo das picapes, existe quem está em busca de um modelo muito mais capaz de rebocar itens como um barco, por exemplo, do que transportar objetos muito pesados na caçamba. Além disso, há quem poderá dar preferência para a propulsão turbo a gasolina em busca de melhor desempenho.
Nos dois casos acima, de fato a Maverick conseguirá encontrar seu espaço no mercado para atender esse nicho específico de consumidores.
Fora isso, como foi possível constatar até aqui, a Fiat Toro segue como uma alternativa mais completa – e até racional – ao considerarmos o custo benefício e os diferenciais técnicos dos dois modelos. Em termos de tamanho, as picapes também são equivalentes, com a Toro Ultra atingindo 4,94 m de comprimento e 2,98 m de entre-eixos e a Maverick chegando aos 5,07 e 3,07 m, respectivamente.
Infelizmente, segundo a Ford explicou ao AUTOO, não está nos planos, ao menos no momento, a importação da Maverick híbrida ao Brasil, configuração de entrada da picape que obteve muito sucesso nos EUA desde sua apresentação. Com foco no baixo consumo e eficiência, a Maverick Hybrid talvez poderia reunir as condições para mexer muito mais com o segmento.