Por que o câmbio automático não ''vingou'' em Sandero e Logan?
Apesar da preferência cada vez maior do público por esse tipo de transmissão, opção CVT da dupla não fez sucesso
É fato que em qualquer segmento o câmbio automático tornou-se algo indispensável para que um automóvel faça sucesso e tenha uma boa procura no mercado brasileiro.
Apesar de a Renault ainda apresentar em sua loja online as versões automáticas CVT para Sandero e Logan, diversos sites especializados antecipam que trata-se apenas de unidades em estoque. Ao que tudo indica, o Sandero permanecerá com as opções mais acessíveis utilizando os motores 1.0 e 1.6 associados ao câmbio manual de 5 marchas, mesmo caminho que será adotado para o Logan. A diferença é que, no caso do sedã, a opção CVT seguirá oferecida apenas para os consumidores PcD que realizam a compra com isenção.
É, de fato, difícil entender os motivos pelos quais o câmbio CVT não “vingou” na dupla do ponto de vista comercial, uma vez que a transmissão era bastante aguardada para os dois modelos e sempre foi vista como um diferencial importante. O câmbio CVT substituiu a caixa automatizada Easy’R, tipo de transmissão com baixa aceitação no Brasil, e foi lançada há pouco mais de um ano em conjunto com o extenso facelift para os dois compactos.
Nosso palpite, inclusive como abordamos em outro texto recente aqui no Autoo, é que a baixa procura pelas versões automáticas de Sandero e Logan escancara uma mudança no perfil de compra dos brasileiros: mesmo entre os hatches e sedãs de entrada, o público está em busca de produtos que entreguem mais tecnologia, eficiência e nível de equipamentos superior.
Um bom exemplo é o Chevrolet Onix, que lidera não só as vendas entre os hatches compactos como tornou-se pela sexta vez o veículo mais comercializado no Brasil. Desde suas versões de entrada, o modelo conta com 6 airbags e os controles de tração e estabilidade, portanto um cuidado extra com a segurança. Além de um custo-benefício extremamente competitivo, o Onix pode receber um sofisticado pacote de tecnologia que entrega até assistente de estacionamento, alerta de pontos cegos e Wi-Fi embarcado em seu catálogo topo de linha. O Hyundai HB20, não por acaso o vice-líder em vendas, segue uma postura muito parecida em seu leque de versões. A favor dos dois também está a presença de eficientes motores sobrealimentados.
Claro que a Renault já está preparada para essa mudança no perfil de compra dos brasileiros - e de seus clientes nos diversos mercados onde Logan e Sandero são comercializados - e preparou evoluções importantes para a dupla em sua nova geração, apresentada na Europa no ano passado. Começando por uma nova plataforma, algo que por si só já transmite mais sofisticação ao projeto dos novos Logan, Stepway e Sandero, o trio ganhou um design bem mais aprimorado, além de um interior revisto com nível de acabamento melhor e vai ganhar um reforço na lista de equipamentos.
Por mais que demore ainda cerca de um a dois anos, provavelmente esses aprimoramentos também vão chegar aos três modelos produzidos no Brasil, o que dará uma nova vida ao trio em seus respectivos segmentos. Até lá, ao que tudo indica, Sandero e Logan deverão atender em grande parte consumidores mais racionais que desejam gastar entre R$ 60 mil a R$ 70 mil em um hatch ou sedã de entrada.