Para Honda, serviços e tecnologia serão tão relevantes no futuro quanto vender carros
Empresa detalha seus planos de transformação de seus negócios para o longo prazo
A Honda realizou uma importante coletiva de imprensa nesta semana onde apresentou algumas diretrizes que vão nortear a estratégia de atuação da fabricante nos próximos anos, bem como os planos para a eletrificação do portfólio da marca.
Entre seus anúncios, destaca-se uma das metas da companhia de mudar o “foco do negócio de vendas não recorrentes de hardware (produto) para negócios recorrentes nos quais a Honda continua a oferecer vários serviços e valor a seus clientes após a venda por meio de produtos Honda que combinam hardware e software”.
Assim como outras gigantes do setor, entre elas o Grupo Volkswagen e a Stellantis, a Honda também espera se posicionar de forma competitiva em uma tendência que parece ser o futuro para o negócio das fabricantes: incrementar o faturamento com tecnologias e serviços embarcados que os passageiros poderão consumir diretamente em seus automóveis, sobretudo modelos autônomos, já com um olhar no longo prazo.
Segundo a Honda, a perspectiva para os próximos 10 anos é alocar aproximadamente 5 trilhões de ienes (R$ 185 bilhões) na área de eletrificação e tecnologias de software para acelerar ainda mais a eletrificação de seus automóveis, incluindo despesas de pesquisa e desenvolvimento e demais investimentos.
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A Honda também anunciou que prepara a estreia de 30 novos veículos totalmente elétricos para diferentes mercados até 2030, data em que a empresa espera alcançar 2 milhões de unidades de modelos não poluentes produzidas ao ano em escala global.
Para mercados como o japonês, a Honda destaca que entre esses produtos inéditos figuram modelos de porte reduzido e até mesmo veículos de uso pessoal.
Carbono neutra
Atualmente, a Honda é a maior fabricante de motores no mundo, com vendas anuais de aproximadamente 30 milhões de unidades englobando desde produtos de força até propulsores para motocicletas, automóveis, motores de popa e aeronaves.
A empresa almeja se tornar neutra em carbono até 2050 e acredita que, para tanto, é “necessária uma abordagem multifacetada e multidimensional, não apenas a substituição de motores por baterias”.
Entre as abordagens citadas pela companhia, a Honda cita a “utilização de baterias intercambiáveis e hidrogênio, bem como a eletrificação de automóveis, oferecendo uma variedade de soluções para todos os seus produtos de mobilidade de acordo com a utilização dos clientes em vários países e regiões”.
Enquanto a eletrificação plena ainda vai demandar um bom tempo para ocorrer, a Honda anunciou, em paralelo, algumas medidas para o seu portfólio de modelos.
Uma delas é a redução do número total de variações de versões e graus de opções para modelos globais, o que já foi cortado para menos da metade do total observado em 2018. A Honda ainda quer ir além e busca reduzir em mais um terço a quantidade de versões para seus modelos até 2025.
Outra meta relevante do ponto de vista corporativo reside na redução do custo associado à produção mundial de automóveis em 10% nos próximos anos.
Baterias
Segundo a Honda, as projeções da empresa sinalizam para uma “popularização” dos carros 100% elétricos a partir da segunda metade desta década, sendo que, como noticiado, a Honda espera introduzir, por meio de sua parceria com a GM, elétricos bem mais acessíveis por volta de 2027, “com custo e alcance tão competitivos quanto os veículos movidos a gasolina”, detalha a fabricante japonesa.
Esses modelos elétricos mais baratos concebidos pelas duas empresas serão oferecidos inicialmente na América do Norte.
Considerando que, atualmente, por volta da metade do preço de um carro elétrico fica por conta do custo das baterias, uma evolução profunda do componente é mais do que necessária.
Para tanto, a Honda também vai acelerar a pesquisa e desenvolvimento independente de baterias de próxima geração, no caso as de estado sólido.
A empresa decidiu construir uma linha de demonstração da tecnologia, com o objetivo de torná-la operacional em 2024. A Honda espera que suas baterias de nova geração possam ser aplicadas em seus modelos a partir de 2025.
Por fim, a Honda declarou que, ao lado de seus esforços em direção à neutralidade de carbono e eletrificação, a empresa não deixará de atender quem busca modelos ligados à “alegria de dirigir”.
A fabricante antecipou que apresentará globalmente dois modelos esportivos, um “especializado” e outro topo de linha, “que incorporarão a mentalidade esportiva universal e as características distintivas da Honda”.