Otimista com o Brasil, Renault deseja manter trajetória de crescimento

Entrevistamos Ricardo Gondo, presidente da Renault do Brasil, que comenta sobre a boa fase da fabricante no país
Mais sofisticados, novos Logan, Sandero e Stepway 2020 vão colaborar para aumentar as vendas da Renault no país

Mais sofisticados, novos Logan, Sandero e Stepway 2020 vão colaborar para aumentar as vendas da Renault no país | Imagem: Divulgação

Com a gama Sandero, Logan e Stepway bem mais competitiva graças à chegada de recursos como o câmbio automático CVT, os controles de tração e estabilidade e uma série de outras melhorias que a Renault promoveu, a marca segue firme com sua meta de crescer ano a ano no país e alcançar uma participação de mercado na casa de 10% por volta de 2022. Durante o lançamento da linha 2020 da família de compactos, o Autoo participou de uma coletiva com o novo presidente da Renault do Brasil, Ricardo Gondo, o qual apresentou mais detalhes sobre a estratégia da marca e comentou sobre a chegada de novos produtos ao Brasil. Confira alguns destaques da entrevista:

Qual o cenário que o senhor desenha para 2019? Como poderá terminar o ano em termos de vendas de uma maneira geral e para a Renault de forma específica?

Ricardo Gondo: hoje nós trabalhamos com um cenário de crescimento de mercado de 10%, acreditamos que vamos atingir até o fim deste ano algo em torno de 2,7 milhões de carros vendidos. No primeiro semestre registramos um crescimento de mercado de 10,5% em relação à 2018 e acreditamos que o segundo semestre vai manter esse ritmo de crescimento. O mercado de vendas diretas cresceu muito nos últimos anos no Brasil e a Renault acompanhou esse crescimento. Hoje o peso das vendas diretas na Renault é praticamente o mesmo que notamos no mercado, em torno de 47%. É importante também destacar que, com nossos lançamentos mais recentes, no caso Captur e Kwid, nosso foco foi aumentar as vendas da marca em especial no showroom, nas concessionárias. Hoje 95% das vendas do Kwid são para clientes que compram o carro direto no showroom da rede. Nossa estratégia com o lançamento do Kwid foi buscar o cliente particular, o cliente de conquista como se fala. Isso permitiu à marca continuar crescendo no Brasil, com recorde de participação de mercado em 2018, atingindo 8,7%.

Qual será a estratégia com os novos Sandero, Logan e Stepway?

Ricardo Gondo: a gente tem muita informação na indústria, nós temos nossa carteira de clientes, a gente sabe quem eles são, quantos desses clientes estão no momento de troca do carro, quantos a gente pode fidelizar e quantos nós vamos conquistar. O nosso objetivo com os novos Sandero, Logan e Stepway a partir da linha 2020 é aumentar as nossas vendas no showroom e essa é uma estratégia compartilhada com nossa rede de concessionários. Vender o Sandero anterior vai ser muito diferente de vender o novo Sandero a partir de agora, a gente vai atender outra clientela uma vez que colocamos muito mais equipamentos no modelo, o que exige uma formação muito boa dos vendedores.

Como a linha de compactos vai impactar nos resultados da Renault a partir de agora?

Ricardo Gondo: neste ano, fechamos o primeiro semestre com 9,1% de participação de mercado. Desde 2010, a Renault está ganhando participação de mercado ano a ano. O mercado brasileiro cresce 10% e a Renault deve crescer 20% em 2019.

Com a perspectiva da marca de atingir 10% de participação de mercado em 2022, a tendência é que a Renault consiga se consolidar em quarto lugar no mercado brasileiro? Novos investimentos estão previstos para o Brasil?

Ricardo Gondo: a meta da Renault nunca foi ser a quarta, quinta ou terceira marca. Nós temos um objetivo de crescimento no mercado brasileiro. É claro que nós temos nossa gama de produtos atual, nossa gama de produtos já definida para os próximos anos e também já começamos a ver nossa gama produtos muito lá para frente. Tudo isso está ligado ao nosso crescimento de participação de mercado e não ao ranking. Dizer para você que nós vamos permanecer a quarta, quinta ou sexta marca eu não sei porque nós não sabemos qual é o objetivo dos outros. Nosso objetivo é claro: a gente quer continuar crescendo ano a ano como fazemos desde 2010. Nosso objetivo é ter 10% de mercado até 2022. Isso abre portas para mais investimentos, mas vale a pena destacar que a Renault termina neste ano seu ciclo de investimentos mais recente no Brasil, que somou de R$ 3,2 bilhões. Os investimentos vão continuar. Se a gente quer continuar crescendo em participação, o segredo da nossa indústria é ter produtos. Temos que ter o bom produto no bom momento, o produto atrativo e com bons equipamentos para atender cada segmento do mercado.

Nós observamos recentemente na Índia o lançamento do Triber. O modelo é interessante para o Brasil, em especial porque hoje não temos muita oferta de carros 7 lugares abaixo de R$ 100.000? E sobre o Arkana, ele pode ser nacionalizado?

Ricardo Gondo: nossa linha de produtos futura para o Brasil nós estamos discutindo agora, mas isso reflete como é bom contarmos com uma gama global que atende mercados diferentes. Hoje eu não posso te dizer nada sobre Triber ou Arkana.

E a picape média Alaskan?

Ricardo Gondo: o mercado de picapes no Brasil é um mercado importante, grande, e esse é um ponto. O segundo ponto é que temos marcas com muita tradição nesse mercado. Então, o que a gente considera é que quando vamos entrar em um segmento ou fazer os investimentos necessários para isso, nós temos que entrar para ganhar. Não faz sentido apenas lançar um novo modelo por lançar, ele tem que ser um bom produto, muito bem posicionado, em que possamos lutar para ganhar espaço. A gente não acha que hoje o Alaskan, devido às condições econômicas e de câmbio na Argentina, teria condições de chegar ao mercado de uma forma competitiva aqui no Brasil.

Então a picape não será mais produzida na Argentina?

Ricardo Gondo: a decisão é que a produção hoje na Argentina está congelada. A possibilidade de produção está suspensa uma vez que hoje não seríamos competitivos para vender a Alaskan no Brasil.

Com o acordo entre o Brasil e a União Europeia, o que pode mudar para a Renault nos próximos anos e o que a indústria precisa fazer para se preparar para a abertura de mercado?

Ricardo Gondo: eu acho que no curto prazo a mudança é pequena. A experiência mostra que para esse tipo de acordo tornar-se efetivo ele demora de dois a três anos. Agora cada país da União Europeia precisa validar o acordo no seu parlamento, assim como cada país do Mercosul precisa validar o documento no seu congresso e tudo isso demora. Além disso, nos primeiros sete anos haverá uma cota de entrada de 50 mil carros para o Mercosul, sendo, desse total, 32 mil para o Brasil. O imposto de importação, nesse cenário, seria reduzido pela metade aqui no Brasil, saindo dos atuais 35% para 17,5%. Com isso, levando em conta o volume de importação, o impacto é pequeno inicialmente. A partir daí a alíquota será reduzida pouco a pouco, entre o oitavo e o décimo quinto anos. O que é importante para nós é termos as regras claras, uma vez que nossa indústria vive de investimentos super elevados e ciclos de produtos longos, então tudo isso a partir de agora será estudado para definirmos os produtos que a gente poderia oferecer aqui no Brasil.

A Renault achou o acordo favorável?

Ricardo Gondo: eu acho que é um bom acordo para o Brasil. É importante para o Brasil ter essa abertura. Para a empresa, nós estamos avaliando os impactos, mas a gente vê de forma positiva.

Voltando para os produtos, recentemente notamos algumas unidades do novo Duster rodando em testes no Brasil. Podemos esperar o lançamento dele no Brasil para o ano que vem? A Oroch também receberá os mesmos aprimomentos esperados para o Duster?

Ricardo Gondo: eu acho que ainda é cedo para falarmos do Duster, mas é claro que estamos sempre trabalhando com novos produtos, estamos testando, avaliando, enfim, então é comum todos notarem alguns flagras dessas unidades. Sobre a Oroch, quando lançamos a picape nós focamos muito em uma clientela urbana, com o uso voltado ao lazer. Desde o início de 2018 estamos buscando agora uma clientela diferente, que é uma clientela de trabalho. Isso já estava planificado. Quando falamos de picapes a gente tem uma ideia de que o ciclo de produto é semelhante ao de um carro de passeio, mas não é. O ciclo de produto de uma van, assim como de uma picape ou de um carro de passeio são completamente diferentes. Em um veículo de passeio você precisa inovar muito mais, você precisa fazer mudanças em um espaço mais curto porque o consumidor te exige mais. A picape, menos, principalmente as picapes que têm foco para trabalho. Então a Oroch vai continuar, ela atende muito bem à expectativa de vendas que a gente tem para a picape.

Para finalizar, como surgiu a ideia do Logan com suspensão elevada?

Ricardo Gondo: surgiu dentro da Renault porque quando a gente começou a trabalhar no projeto para colocar a caixa automática CVT ela tem dimensões e um posicionamento dentro do veículo que é diferente da caixa manual. O carro precisou ficar naturalmente um pouco mais alto e, no fim, achamos que ele ficou interessante em especial se levarmos em conta a tendência do mercado em que os clientes optam cada vez mais por SUVs. Com isso, a gente pensou, será que não podemos oferecer esse carro com a suspensão elevada? A gente achou que ficou uma boa solução conectada com uma tendência do mercado.

Acima Ricardo Gondo, atual presidente da Renault do Brasil
Acima Ricardo Gondo, atual presidente da Renault do Brasil
Imagem: Divulgação

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Acima Ricardo Gondo, atual presidente da Renault do Brasil

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