Novos híbridos flex que vêm por aí prejudicarão as vendas dos 100% elétricos?
Investimentos das fabricantes no Brasil já superaram ao todo os R$ 100 bilhões, com foco na hibridização
Com a iminência da aprovação do programa Mover (Mobilidade Verde e Inovação) na Câmara dos Deputados, o que deverá acontecer até meados deste mês de junho, o Brasil dará um passo importante para modernização da indústria automobilística no país, que deverá´se tornar mais eficiente a mais amiga do meio ambiente.
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Vale lembrar que o novo regime automotivo prevê R$ 19,3 bilhões de créditos financeiros entre 2024 e 2028, que poderão ser usados pelas empresas para abater impostos federais em contrapartida a investimentos em pesquisa e desenvolvimento (P&D) e projetos de produção. Até agora, as fabricantes instaladas no país já anunciaram mais de R$ 100 bilhões que serão usados, entre outros fins, para fabricação de novos modelos, a maioria híbridos flex.
Um recente estudo da consultoria da Bright Consulting aponta que os híbridos vão dominar o mercado brasieliro até 2030, correspondendo por 48,5% de todas as vendas e veículos leves daqui a seis anos. Além disso, ultimamente, estamos tendo uma série de notícias nada favoráveis aos carros 100% elétricos, entre o ritmo lento da instalação de carregadores, alto custo de recarga rápida, bem como a mudança de planos de grandes marcas quando o assunto são os chamados BEVs (Battery Electric Vehicles).
BYD lidera vendas de elétricos no Brasil
Hoje em dia, no Brasil, a maior vendedora de carros elétricos é a chinesa BYD, cuja fábrica em Camaçari (BA) deverá começar a produzir até março de 2025. Ainda não foi anunciado qual será o primeiro modelo que sairá da linha de montagem, mas pelo o que já fez a concorrente GWM, que elegeu o SUV híbrido Haval H6 para estrear a produção, a BYD tende mais a optar pelo utiltário esportivo médio híbrido Song Plus.
O carro elétrico mais vendido do mercado brasileiro hoje é o BYD Dolphin Mini, seguido de perto pelo Dolphin. Ambos somam, em média, em torno de 3 mil unidades vendidas por mês. Mas isso é menos de 1/3 do que vende o Volkswagen Polo, o hatch número um em vendas do segmento atualmente.
Levando em conta que os demais elétricos têm vendido volumes bem mais baixos e que não justificam serem produzidos no mercado brasileiro, a oferta de 100% elétricos tende a cair, entre outros fatores, porque está em vigor um aumento das alíquotas de imposto para híbridos e elétricos importados que vai chegar a 35% em julho de 2026.
Hibridização da frota é um caminho sem volta
Não é para menos que, ainda conforme o estudo da Bright Consulting, os elétricos vão ficar ficarão apenas com 9,8%,enquanto os veículos com motores a combustão totalizarão 41,7%. Aliás, antes tidos como vilões, esses motores deve voltar à pauta das fabricantes, principalmente depois que a Toyota disse que haverá uma nova geração deles, que podem funcionar com combustíveis sintéticos, neutos em carbono, incluindo hidrogênio e biocombustível, como o etanol.
Há também a questão da falta de infraestrutura para os carros 100% elétricos no Brasil, que tem dimensões continentais, com várias diferenças, inclusive de renda, na grande maioria das vezes nada compatíveis com os altos preços dos carros elétricos. Com grande oferta de energia limpa que o país dispõe, o que se chama de mobilidade sustentável no mercado brasileiro também deve estar associada ás questões sociais e econômicas e não apenas ambientais.
Com o fim dos incentivos fiscais aos elétricos nos maiores países do mundo, a demanda pelos BEVs tem caído em nível global. Fabricantes vão mudando de planos e se voltando mais aos híbridos; Por toda vocação do Brasil mais voltada os híbridos flex, eles devem representar uma ameaça aos elétricos no país, que deverão se resumir apenas a um nicho de mercado para uma elite disposta a pagar por modelos de alta tecnologia.
Dos elétricos, a tendência é que sobrem apenas os mais sofisticados, com autonomias cada vez maiores, mas com preços proibitivos. O cenário da eletrificação no mercado brasileiro vai ficando cada vez mais claro e tudo indica que a hibridização é que será o verdadeiro caminho sem volta.
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