Os 40 anos do VW Gol, o carro mais vendido do Brasil - parte 2
Na segunda parte do especial sobre o o famoso carro da Volks, falamos sobre o Gol 'bolinha', cuja geração recebeu dois facelifts em sua carreira
Se a primeira geração do Gol foi um marco na história da Volkswagen no Brasil, a segunda geração tinha tudo para repetir tal sucesso. Para baratear o custo de produção, a marca reaproveitou a plataforma da primeira geração, com algumas modificações.
A plataforma ganhava cerca de 11 cm de entre-eixos – em relação a primeira geração – e o conjunto mecânico seria o mesmo da geração anterior, por conta de redução de custos. Fora isso, a carroceria e o design eram totalmente novos. Agora o Gol tinha uma carroceria arredondada – e bem mais amigável – mas que ainda abrigava o motor longitudinal.
Por conta do design mais redondo, a segunda geração do Gol foi carinhosamente apelidada de “Gol bolinha”, ou “Gol bola”. A dianteira era curta e contava com os faróis em formato de cápsula, e agora o para-choque se integrava ao restante do desenho do carro.
A boa visibilidade ainda era um dos seus trunfos, com suas janelas grandes, e poucos vincos na carroceria, que ajudavam a compor um design limpo e agradável. A traseira ganhava lanternas em formato mais vertical, e a placa agora estava alocada no para-choque.
Já no interior, o Gol passou a contar com mais espaço interno e um novo desenho para o painel. Os motores – 1.0, 1.6 e 1.8 – recebiam injeção monoponto digital e sensor de oxigênio – o que trazia mais tecnologia, mas não significava exatamente mais potência. O 1.0 continuava com 50 cv, o 1.6 atingia 76 cv e o 1.8 possuía 91 cv e 14,3 kgfm de torque.
A versão GTi utilizava o motor 2.0 com injeção multiponto com 109 cv e 17 kgfm de torque. Ele substituía o GTS e o “i” vinha grafado em maiúsculo. A família Gol perdia o sedã – Voyage – mas continuava com a Parati e a Saveiro no portfólio, recebendo as mesmas alterações visuais e de mecânica.
Em 1996, o Gol GTI ganhava o primeiro motor com quatro válvulas por cilindro, fazendo com que o propulsor 2.0 passasse a entregar 145 cv e 18,4 kgfm de torque. Esse motor era a princípio importado da Alemanha, e permitia que o Gol GTI atingisse a marca dos 206 km/h e acelerasse de 0 a 100 km/h em 8,8 segundos.
Foi com o Gol GTI que a Volkswagen também trouxe os freios a disco nas quatro rodas – com direito a ABS. Já no interior, o Gol GTI trazia revestimento de couro preto ou preto e vermelho para os bancos, volante e cintos de segurança. Uma versão mais “mansa” seria apresentada depois, com a inscrição TSi.
Fim da Autolatina
Com o fim do acordo entre a Ford e a Volkswagen – a Autolatina – a montadora alermã precisou correr para substituir os motores de origem Ford na linha Gol. A solução encontrada foi criar o AT-1000, que estreou em 1997 na versão Plus, com 54,4 cv e 8,3 kgfm de torque.
E por conta de novas normas de emissão de poluentes, a Volkswagen passou a adotar a injeção multiponto nos motores 1.6 e 1.8 – com um leve aumento de potência. Ainda em 1997, a Volks passou a oferecer o motor 1.0 com duplo comando e 16 válvulas, o que fez com que o modelo passasse a ter 69 cv e 9,3 kgfm de torque.
Pouco tempo depois das alterações na mecânica, o Gol passava a contar com uma carroceria de 4 portas e também airbags nas versões mais caras. No final de 1997, o Gol ganhava a versão GLS que contava com o motor 2.0 que rendia 111 cv e ainda recebia itens como computador de bordo, freios ABS e quadro de instrumentos com fundo branco.
O primeiro facelift
Assim como na primeira geração, a segunda geração do Gol recebeu retoques de estilo de meia vida em 2000. Com eles, a linha Gol recebia novos faróis – maiores e mais retangulares – além de novos para-choques.
O interior também recebia mudanças, com destaque para o desenho mais retilíneo do painel, e novos revestimentos internos. A Volkswagen chamava esse facelift de “3ª geração”, mas na verdade era um facelift na segunda geração apresentada em 1994.
O design no geral era moderno e deixava o modelo em pé de igualdade com os rivais da época. O restante da linha – Parati e Saveiro – também recebeu as mesmas modificações no visual tanto interno quanto externo.
1.0 Turbo
Muito antes da febre dos motores de 3 cilindros com turbo, a Volkswagen apresentou no começo dos anos 2000 o primeiro 1.0 com 16 válvulas e turbo. Isso se deu ao fato de o governo estar diminuindo os impostos sobre carros com motores abaixo de 1.0. Foi assim que surgiu o primeiro Gol Turbo.
A marca decidiu aproveitar o motor AT, e o reformulou fazendo com que ele entregasse 112 cv e 15,8 kgfm de torque – o que fazia dele o primeiro motor turbo nacional, e um dos mais potentes da sua época.
Com esse motor, o Gol fazia o 0 a 100 km/h em 9,8 segundos e atingia a velocidade máxima de 190 km/h – ficando no mesmo patamar do motor 2.0 da versão GTI. Esse motor foi utilizado tanto no Gol quanto na perua Parati, superando praticamente toda a concorrência em termos de dinâmica e desempenho.
O primeiro flex
Tendo em vista que o preço do etanol ficava cada vez mais competitivo, a Volkswagen decidiu sair na frente e lançar seu primeiro motor flex equipando o Gol e que aceitava etanol e gasolina em qualquer proporção.
Chamada de Gol TotalFlex, a versão utilizava o motor 1.6 que possuía 97 cv com gasolina e 14,1 kgfm de torque e 99 cv com etanol e 14,4 kgfm de torque. Dentre as alterações técnicas, a marca adicionou o sistema de partida a frio para o etanol, bem como colocou um novo coletor de admissão, bicos injetores, válvulas, velas e bomba de combustível.
Além do Gol, a Saveiro e Parati também receberam o novo motor flexível. O restante da gama de motores – o 1.0 e o 1.8 – também aderiu à tecnologia flex, mas apenas em 2005. Nessa leva, os motores 1.0 de 16v e o 2.0 eram descontinuados.
O segundo facelift
Ainda seguindo os passos da primeira geração, a segunda geração do Gol ganhou um novo facelift – um pouco mais pesado – em meados de 2006, que foi erroneamente chamado de Geração 4.
A carroceria ainda era a mesma apresentada em 1999, mas agora com um design dianteiro e traseiro mais moderno, pegando algumas referências de outros modelos, como o Polo e o recém apresentado Fox.
A dianteira do Gol recebia novos faróis, que ficavam levemente maiores se comparados aos do modelo apresentado no começo dos anos 2000, e ele ainda contava com um “V” que ligava a grade ao para-choque – fazendo uma alusão ao “V” da Volkswagen.
A traseira recebia novas lanternas, com uma protuberância redonda – que não combinou muito bem com o restante da carroceria – e um novo interior, que se tornou mais simples e perdia refinamento e itens de série, para não canibalizar as vendas do Fox e do Polo.
O restante da linha também recebeu as mesmas modificações, o que deixou a gama mais simples e robusta até a chegada da definitiva terceira geração.