Ora 03 Skin: hatch elétrico com cara de Mini ainda precisa de ajustes
Além da autonomia relativamente baixa, rival do BYD Dolphin mostra que tem que evoluir em alguns aspectos
A expectativa era grande quando conseguimos colocar as mãos no Ora 03 Skin (R$ 150.000), hatch elétrico rival do BYD Dolphin, que já avaliamos na versão Plus (R$ 178.900), a mais potente. Mas também existe a convencional, que tem quase o mesmo preço do modelo desta versão mais em conta do GWM e vende mais que o dobro do concorrente (1.618 unidades em abril, ante 672 do Ora 03).
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No dia a dia com o Ora 03 Skin Copacabana foi ficando cada vez mais claro porque o BYD está bem na frente do rival nas vendas. Logo de cara, estranhei a autonomia relativamente baixa (232 km, de acordo com dados do Inmetro). Depois, fui me decepcionando com outros pontos do carro, como os comandos confusos no volante de dois raios e o botão de partida, que fica bem escondido na parte esquerda inferior do painel, quando deveria estar pulsando bem na frente do motorista.
Não resta dúvida que o visual do Ora 03 Skin tem seu charme. Chama atenção a cara de Mini, mas com uma frente que até lembra do lendário Porsche 356, dependendo do ângulo em que se vê o carro. A traseira com a faixa de LED no vidro traseiro (sem limpador) foi uma aposta ousada e que acabou agradando.
Interior precisa ter ergonomia melhorada
O espaço interno e o nível de acabamento também são dois outros quesitos em que não há do que reclamar no Ora 03 Skin, embora tenha alguns deslizes, como o porta-malas apertado, de apenas 228 litros. No banco traseiro não há apoio de braço e apenas uma entrada USB convencional para carregar o celular. Além disso, achei que as letras e números da central multimídia são muito pequenos, o que dificulta a visualização, além de não ter a temperatura externa.
Mas dando uma olhada na lista de equipamentos do Ora 03 na comparação com o o Dolphin mais simples, o modelo da GWM tem muito mais assistências ao condutor como itens de série, como alertas de colisão, ponto cego, fadiga e trafego cruzado, por exemplo. No caso da câmera de ré, um recurso interessante é que aparece até a distância, em centímetros, que o para-choque traseiro está do objeto ou da parede.
Porém, há quem não goste de tanto alerta com sinais sonoros "buzinando" no ouvido o tempo todo. Há como desativá-los na central multimídia, mas não uma memória que mantenha o ajuste mesmo depois de desligar e ligar o carro novamente. Será preciso regular tudo de novo. De qualquer forma, outro recurso que o Ora 03 Skin tem que o BYD Dophin EV não tem é o recolhimento elétrico dos retrovisores.
Apesar do Ora 03 Skin ser bem mais potente que o Dolphin EV (171 cv ante 95 cv), a diferença de tempo de 0 a 100 km/h entre ambos é pequena (8,5 s do GWM e 10,9 s do BYD) e a máxima é a mesma (160 km/h). A vantagem do Dolphin é o rodar mais confortável, ajudado pelas rodas de aro 16 com pneus de perfil mais alto (195/60R ante 215/50R 19 do Ora 03). E o acréscimo de 60 km de autonomia, que chega ao total de 291 km no Dolphin, conforme o Inmetro.
Em obstáculos, como valetas e lombadas, a suspensão do Ora 03 acaba causando solavancos. E o sistema de regeneração de energia não parece ser dos mais eficientes. Dirigindo com todo cuidado, no modo Eco Plus e com o pé mais leve possível, em descidas, não consegui ver nenhum acréscimo de autonomia. Pelo menos foi possível guiar com o chamado "one pedal", quando se usa apenas o acelerador, sem precisar pisar no freio.
Veredicto
Não resta dúvida de que o Ora 03 Skin é um hatch elétrico estiloso e com boa relação entre custo e benefício, mas os problemas de ergonomia, além dos solavancos da suspensão e a baixa autonomia acabam prejudicando o carro no cômputo geral.