Opinião: novo 208 pode marcar um recomeço para a Peugeot no Brasil
Modelo será produzido na Argentina e estreia na região em 2020
No fim da década de 1990, a Peugeot fez sucesso aqui no Brasil com a estreia do 206, um modelo bem diferenciado à época, estabelecendo um nível de design e acabamamento interno raramente vistos entre os hatches compactos nacionais.
Os anos foram passando e uma falta de investimento do conglomerado francês aqui no Brasil acabou tirando o hatch compacto de sintonia com o mercado europeu. Enquanto a Europa contava com um 207 todo renovado, por aqui tivemos uma adaptação baseada no 206 que não caiu no gosto popular e tirou o brilho do modelo. Só bem mais tarde, em março de 2013, a Peugeot lançou a primeira geração do 208 e voltou a atuar de forma mais competitiva na categoria.
Entre as grandes empresas automotivas globais, a região da América do Sul está ganhando cada vez mais relevância em termos de crescimento de venda, portanto reúne mercados com elevado potencial e que valem a pena receber uma atenção cada vez maior. A Volkswagen, por exemplo, revela que a nossa região é a que mais cresce para a marca no mundo, respondendo atualmente por cerca de 8% das vendas globais da fabricante alemã. Ao longo dos últimos anos, a VW terá investido no país cerca de R$ 7 bilhões para promover uma ampla renovação de sua gama por aqui. A Fiat Chrysler e a GM/Chevrolet também vão pelo mesmo caminho.
Com isso, é natural que a Peugeot Citroën passe a olhar com mais atenção para os países da América do Sul, locais onde a relação de veículos per capita ainda está bem distante de mercados maduros, logo com grandes oportunidades de crescimento para as marcas.
No caso da Peugeot, sua ofensiva regional vai começar em 2020 com a estreia da nova geração do 208. Fabricado na Argentina, país que recebeu um forte investimento na fábrica de El Palomar para receber a plataforma mais moderna do conglomerado francês para automóveis compactos, o novo 208 reunirá todas as condições para moldar uma nova imagem da Peugeot Citroën junto ao público de Brasil, Argentina e demais países vizinhos.
É importante destacarmos também a ênfase recente da Peugeot Citroën para renovar a percepção dos consumidores locais envolvendo seu pós-venda. Antes um ponto onde as marcas deixavam muito a desejar aqui no Brasil, agora elas começam a registrar respostas melhores de seus clientes envolvendo o trabalho da rede de concessionárias. Um excelente sinal de que o grupo estará melhor posicionado na medida em que modelos mais recentes estão previstos para chegar ao mercado.
Voltando à segunda geração do Peugeot 208, o modelo vai permitir aos sul-americanos um contato renovado com as raízes da marca. O hatch trará aos brasileiros e argentinos o toque francês que tanto diferencia seus veículos, em especial no que diz respeito ao design, quase sempre um ponto marcante dos modelos, e o acabamento interno com soluções arrojadas e inovadoras, diferenciando os carros franceses dos demais concorrentes nos segmentos onde atuam. Um bom exemplo é o Peugeot 3008 entre os SUVs médios.
Claro que a Peugeot ainda não entra em detalhes sobre a nova geração do 208 fabricada na Argentina, mas fortes rumores vindos do país vizinho sinalizam que a versão topo de linha do modelo finalmente vai estrear por aqui a configuração com turbo e injeção direta do motor 1.2 tricilíndrico. Muito premiada, essa variante, que deverá se tornar bicombustível para o Brasil, é cotada para entregar potência na casa de 130 cv e torque possivelmente superando os 20 kgfm dependendo da calibração que a Peugeot decidir adotar para o propulsor, priorizando consumo ou desempenho ou um balanço mais satisfatório entre os dois.
As versões mais acessíveis do novo 208 destinado ao Brasil e região deverão trazer o 1.2 aspirado sob o capô bem como o 1.6 16V. Essas duas opções podem contar com opção de caixa manual, sendo que o 1.2 turbo, até por ser a configuração mais cara, deverá contar apenas com a transmissão automática de 6 marchas.
Como já notamos hoje no Volkswagen Polo – e veremos futuramente nas novas gerações de Chevrolet Onix, Hyundai HB20, entre outros – os hatches compactos cresceram consideravelmente em relação aos seus antecessores, sendo hoje modelos muito mais versáteis ao oferecerem cabines mais espaçosas para cinco pessoas e porta-malas que atendem com tranquilidade as necessidades de um casal, com volume na casa dos 300 litros de capacidade de carga.
Se os hatches médios foram engolidos pelos SUVs nos últimos anos, coube aos hatches compactos premium de certa forma evoluir para ocupar esse vazio. A nova geração do Peugeot 208 será um bom exemplo do alto nível que esses modelos alcançaram e, se o grupo mantiver o foco em recuperar sua boa relação com seus clientes, as marcas francesas terão todas as condições para retormar mais destaque no cenário local.