Opinião: Jeep Commander e os sinais de mudanças no mercado brasileiro
Boa procura inicial pelo modelo consolida evoluções no perfil do consumidor
Em que pese o “fator novidade”, chamou a atenção um comunicado da Jeep emitido nesta semana.
De acordo com a empresa, já foram registrados mais de 7 mil pedidos pelo recém-lançado Commander entre os dias 26 de agosto e 10 de setembro, uma marca, sem dúvida, impressionante.
Claro que o SUV encontra-se em regime de pré-venda, a qual seguirá até 7 outubro, e resta saber qual volume desses pedidos vão se converter em vendas efetivas.
Isso não afasta, entretanto, um enorme feito do SUV 7 lugares produzido em Goiana (PE).
Considerando que, no mês passado, o Jeep Renegade somou 6.710 emplacamentos e o Jeep Compass 6.819 unidades vendidas, a demanda pelo Commander mostra-se extremamente elevada, em especial falando de um veículo que parte de R$ 199.990.
Essa procura inicial que a novidade da Jeep alcançou deixa claro algumas movimentações interessantes sobre o perfil de consumo e as novas escolhas do público brasileiro ao adquirir um automóvel.
Em primeiro lugar, fica claro que uma boa parcela dos consumidores passou a valorizar produtos sofisticados e com nível superior de tecnologia, mudando profundamente o estigma de que apenas carros baratos e pouco equipados encontravam espaço na preferência do público.
Outro ponto que a novidade deixa claro é a atenção cada vez maior que os brasileiros estão dedicando a um habitáculo com bom nível construtivo e de acabamento de maneira geral, ponto em que a marca norte-americana trabalhou com afinco em seu mais recente SUV nacional.
Considerando o espectro de preço em que o Commander atua, alcançando até R$ 279.990 na opção topo de linha Overland, com motor 2.0 turbodiesel e tração 4x4, notamos uma evolução no poder de compra dos interessados em adquirir um automóvel 0 km, algo realçado pela ampla procura por SUVs de maneira geral.
O robusto nível de emplacamentos que outros modelos recém-chegados ao mercado estão registrando, como é o caso do Toyota Corolla Cross, SUV com preços entre R$ 146.590 e R$ 192.690, corrobora com as ideias propostas até aqui.
SUVs: procura recorde
Não por acaso, como destacou a Anfavea em sua coletiva de imprensa mais recente, pela primeira vez na história do mercado automotivo brasileiro os SUVs superaram os emplacamentos de hatches, incluindo modelos de entrada, e sedãs.
Os utilitários esportivos responderam por quase metade das vendas de automóveis no mês passado, resultado que, de fato, consolida uma guinada relevante nas escolhas dos brasileiros.
Por mais que os resultados recentes de entidades como o Latin NCAP estejam gerando polêmicas, é fato que o trabalho da entidade colaborou imensamente para incutir entre os brasileiros a importância de valorizar automóveis que ofereçam um conjunto estrutural e técnico voltado à segurança dos passageiros.
Com isso, também cresce entre o público local a demanda por carros com mais equipamentos de segurança ativa e passiva, geralmente vistos em produtos com preços superiores. Diante dos resultados de colisão bastante reveladores, os brasileiros mostram-se dispostos a gastar mais, porém estacionar na garagem um veículo mais seguro.
Por fim, outro equipamento que está se tornando quase obrigatório nos modelos mais recentes é uma boa central multimídia, provando que os brasileiros valorizam muito a conectividade em seus automóveis e também podem gastar mais com soluções avançadas, como é o caso das recentes plataformas de telemática oferecidas por marcas como Chevrolet (OnStar), Ford (FordPass Connect), Hyundai (Bluelink), bem como Fiat e Jeep dentro do portfólio da Stellantis.
Cenário animador
Em resumo, ao que nos parece, a espantosa aceitação de um veículo ainda caro para a realidade brasileira, como é o caso do Jeep Commander, demonstra que o mercado brasileiro caminha a passos largos para tornar-se mais maduro.
Certamente esse movimento vai abrir perspectivas interessantes para que as marcas invistam em produtos cada vez melhores, inclusive com produção nacional.
Um cenário animador levando em conta o que poderemos encontrar em um futuro próximo.