Opinião: com novos motores, Peugeot 208 pode virar o jogo no Brasil
Com o advento da Stellantis, Peugeot e Citroën poderão ter acesso aos propulsores mais modernos da antiga FCA
Que a nova geração do Peugeot 208 traz um design diferenciado e mais arrojado em relação aos rivais, além de ótimo acabamento interno e uma dinâmica excelente, isso ninguém questiona. Mas por que as vendas do hatch compacto produzido na Argentina até o momento não decolaram no Brasil?
Em nosso primeiro contato com o Peugeot 208 totalmente renovado ficou claro como a sua construção sobre uma das plataformas mais modernas do até então Grupo PSA, agora Stellantis, conferiu um rodar equilibrado ao modelo, com ótima dose de conforto na cidade e muita competência na hora de vencer as curvas de uma estrada sinuosa.
Todo esse potencial que o novo 208 é capaz de entregar em termos dinâmicos é nítido quando aceleramos sua opção 100% elétrica, com torque em abundância e respostas bem mais envolventes. A grande questão é que, se já foi suficiente em outras épocas, o motor 1.6 16V flex, hoje a única opção térmica oferecida para o 208, não é mais capaz de convencer como uma escolha acertada para o modelo em especial levando em conta a concorrência.
O Peugeot 208 quer se posicionar na fatia “premium” do segmento de hatches compactos, porém a situação para o modelo torna-se complicada quando encontramos modelos como o VW Polo e o Hyundai HB20 oferecendo as opções de modernos motores 1.0 com turbo e injeção direta, que superam com facilidade em termos de eficiência o 1.6 16V aspirado presente no modelo francês.
O 208 topo de linha até se sobressai em relação a muitos concorrentes nos quesitos eletrônica embarcada e assistentes de condução, porém torna-se até uma certa incoerência um automóvel capaz de entregar tantos avanços tecnológicos derrapar justamente na questão do conjunto mecânico. É fato que um consumidor disposto a gastar mais de R$ 95 mil em um hatch 0 km certamente deseja que seu carro seja, ao menos, um dos mais eficientes da categoria.
Agora a boa notícia é que a fusão entre Fiat Chrysler e o Grupo PSA pode resultar em uma medida interessante para o novo Peugeot 208 no Brasil.
Segundo apontou o colunista Fernando Calmon em seu texto mais recente, é possível que a Stellantis abra as portas para que os novos motores GSE turbo com injeção direta que a Fiat vai produzir em Betim (MG) também possam ser utilizados por Peugeot e Citroën, uma vez que todas as marcas agora integram o mesmo conglomerado.
A família GSE vai contar com propulsores de 1 e 1,3 litro, que ainda serão beneficiados com a versão mais recente da tecnologia MultiAir, a qual pode variar não só o tempo, bem como o curso de abertura de válvulas, elevando ainda mais o patamar de eficiência desses motores.
Olhando para o curto prazo, um eventual Peugeot 208 1.0 turbo com potência na casa de 120 cv e torque próximo aos 20 kgfm deixaria o hatch muito mais interessante, favorecendo sua competitvidade em uma escala geométrica. Torcemos para que isso possa se tornar realidade em breve.
Em 2020, o Peugeot 208 conseguiu ultrapassar a barreira de 1.000 emplacamentos/mês apenas a partir de novembro. Ainda é um número muito distante dos 3.802 VW Polo que chegaram às ruas no mês em questão ou até dos 2.567 Toyota Yaris emplacados no período. Apenas como comparação, em novembro do ano passado o Hyundai HB20 foi a escolha de 9.465 consumidores, enquanto o Chevrolet Onix registrou 14.292 unidades vendidas.