O que esperar do novo Honda WR-V
Baseado em grande parte no Fit, modelo promete atender às demandas de um público específico de consumidor
Atender a quem “procura a primeira experiência SUV” ou casais recém-casados que contam com uma vida mais ativa e querem um modelo mais robusto. São várias as explicações que motivaram a Honda a criar seu Winsome Runabout Vehicle, o nome por extenso da sigla WR-V. “Além disso, em nossas pesquisas, notamos que muitos consumidores queriam um SUV menor que o HR-V. Um modelo mais prático para o uso nas cidades, mas ao mesmo tempo espaçoso”, explica Luiz Kuramoto, líder geral do projeto WR-V no Brasil.
Segundo Kuramoto – e aí reside algo para orgulhar a todos – a concepção e execução do projeto do WR-V coube a equipe de engenheiros e designers brasileiros da Honda trabalhando em Sumaré (SP), o que destaca o alto nível dos profissionais e a excelência da engenharia nacional. O WR-V mais para frente, inclusive, será exportado ou fabricado em outros mercados.
A grosso modo, o WR-V está mais para um Fit robusto do que um novo produto propriamente dito. Quem olha as laterais do modelo e sobretudo o interior vai notar que eles são praticamente idênticos aos do monovolume. Por falar no interior, a Honda vai enfatizar o aspecto “winsome” do WR-V, ou seja, o lado “alegre” do modelo, com o trabalho na padronagem dos tecidos para o habitáculo. Os clientes poderão optar entre duas opções para o revestimento, com a combinação preto e prata ou preto e laranja. O painel de demais áreas da cabine conta com elementos na cor prata.
Um atributo interessante do WR-V é que ele mantém o prático sistema de rebatimento de bancos que consagrou o Fit como um dos carros mais versáteis do mercado. Graças a ele, é possível operar de forma muito fácil e rápida os bancos dianteiros e traseiros, possibilitando acomodar bicicletas e até pranchas de surfe dentro do carro de uma forma simples.
Pequeno gigante
Durante a apresentação prévia do modelo para a imprensa especializada nacional, a Honda destacou que o projeto do WR-V foi concebido partindo da premissa “Little Giant”, ou seja, pequeno no tamanho e grande na versatilidade. Sem dúvida, dois atributos que já conhecemos do Fit.
Por falar no monovolume, o WR-V traz algumas alterações estruturais até que significativas em relação ao Fit, a começar pelo entre-eixos. Com exatos 2.555 mm de distância, o WR-V conta com um entre-eixos 25 mm maior do que o Fit. As bitolas dianteira e traseira também são maiores do que no Fit e atingem 1.497 mm na dianteira e 1.490 mm na traseira, um crescimento de 15 mm e 18 mm, respectivamente, em relação ao Fit. É com esses atributos que a Honda espera justificar a classificação do WR-V como um produto novo dentro da gama. Já a altura em relação ao solo, algo valorizado nos SUVs, a medida para o WR-V fica em exatos 20,7 cm. O Fit, por sua vez, conta com um vão de 14,5 cm.
Já onde os olhos não enxergam, o WR-V traz evoluções interessantes em relação ao irmão do qual deriva a plataforma. A Honda mexeu bem na suspensão original do Fit, tornando-a mais robusta para a aplicação no WR-V. A barra estabilizadora dianteira, por exemplo, passou de 3 mm para 6 mm. As buchas também são mais robustas, bem como a travessa de suspensão. No eixo de torção traseiro, a barra central da peça é a mesma utilizada no HR-V, um sinal de que a Honda queria mesmo entregar um produto mais parrudo e não apenas mais um “aventureiro”, como um Toyota Etios Cross ou um Renault Sandero Stepway, ao qual estamos acostumados a encontrar no mercado.
Claro que a principal novidade do WR-V fica mesmo por conta da dianteira exclusiva. Preferências à parte, alguns assinantes do canal do AUTOO não gostaram do visual do modelo, que inegavelmente ficou mais robusto e com cara de utilitário esportivo. Já na parte traseira, a solução adotada pela Honda foi mudar a posição das lanternas para criar um visual diferenciado do WR-V em relação ao Fit. Ao invés do formato vertical do conjunto de iluminação traseiro, a Honda acomodou as lentes de uma maneira horizontal, com o intuito também de destacar a sensação de largura da carroceria do WR-V.
Pelo menos até o momento a Honda não declarou sua estratégia comercial para o WR-V, que ficará mesmo para o lançamento oficial do produto em março. O preço também será conhecido no mesmo mês, contudo não é segredo para ninguém que os valores não deverão ultrapassar os cobrados pelo HR-V.
Nicho entre o Fit e o HR-V
Considerando que o HR-V LX manual parte da casa de R$ 80.000 e o Fit de entrada começa a atuar no intervalo de R$ 60.000, é plausível que o espectro de valores do WR-V vá de R$ 70.000 a R$ 80.000, R$ 82.000 - ele terá duas versões no lançamento, como apuramos. A conta torna-se mais lógica quando olhamos para o mercado e encontramos o Ford EcoSport SE 1.6 automático por R$ 77.650. Concordamos ou não, vale destacar que a Honda irá posicionar o WR-V como um SUV compacto.
Mas, pelo menos nesse primeiro contato, será que o Honda WR-V vale a pena? Ao que pudemos constatar em nosso primeiro encontro com o WR-V, fica claro que ele será uma alternativa interessante ao Fit para aqueles que de vez em quando enfrentam trechos não pavimentados e precisam de um carro mais apto a encarar essas situações, como uma estrada de chão batido que leva ao sítio, por exemplo. O ponto interessante da estratégia adotada pela Honda é que por mais que alguns classifiquem o WR-V como um “Fit aventureiro”, o que de fato deverá ocorrer, o modelo entrega um conjunto mecânico mais forte do que o presente no Fit, portanto a novidade mostra-se muito mais do que uma simples adaptação.
Resta saber se, nessa lógica, a diferença de preço para o Fit não será muito gritante. De qualquer forma, sabendo a boa reputação da Honda no mercado brasileiro e a julgar pelo sucesso de seus modelos por aqui, com o HR-V liderando o segmento dos SUVs compactos há dois anos, não é exagero dizer que o WR-V chegará com um bom respaldo às lojas. Vamos ver, em março, como ele se sai em nossa avaliação.