Novo Focus Sedan? Não, Focus Fastback
Mais uma vez, a Ford tenta transformar sedã num adversário real para o Corolla e Civic, mas tarefa continua difícil
Não é de hoje que a Ford tenta emplacar o Focus Sedan. Embora a versão de três volumes do seu carro mais vendido no mundo tenha inúmeras qualidades, trata-se de um segmento complicado, onde os japoneses Corolla e Civic praticamente dominam, com um ou outro modelo surgindo como terceira opção.
Agora, na primeira reestilização da geração III do Focus, a Ford decidiu relançar o modelo com o sobrenome ‘Fastback’, em alusão ao tipo de carroceria imortalizado pelo esportivo Mustang. Na prática, é apenas marketing puro – o Focus não mudou a ponto de merecer essa caracterização.
Ele é ainda um sedã que, graças ao facelift já mostrado no hatchback, está agora mais agradável aos mais diversos paladares. Nesse sentido, pode-se dizer que o carro está até mais careta que o anterior, cuja frente invocada e as rodas escuras metiam mais medo. Na linha 2016, o ‘Fastback’ é um sedã elegante, mais requintado e previsível. Mas será que isso é o suficiente para tirá-lo de um incômodo 5º lugar nas vendas?
Bom na teoria
Na ponta do lápis, o Focus é um carro bem superior em vários sentidos aos seus rivais. Tem o motor mais potente da categoria, com 178 cv extraídos de um 2.0 com injeção direta, mas não turbo. Traz uma transmissão de dupla embreagem e seis marchas e suspensão traseira multibraço, mais eficiente e moderna. Também carrega consigo alguns recursos desejados como frenagem automática de emergência, park assist com vários modos, partida elétrica por botão e central multimídia Sync 2, inventada pela Microsoft.
Mas tudo isso tem um preço e para tê-lo você gasta ao menos R$ 90 mil. Nesse patamar já é possível ‘namorar’ modelos como os SUVs completos e também carros alemães, como o Audi A3 Sedan, cuja mecânica é bem mais aprimorada.
Já quando confrontado com seus rivais mais importantes, o Focus Fastback ganha em quase todos os quesitos: além dos já mencionados, tem controle de estabilidade, ar de duas zonas e até faróis de xenônio, opcionais, é claro.
A questão é que esse público não está preso a conceitos técnicos apenas. A imagem consagrada desses modelos japoneses não está atrelada apenas em tecnologia e sim na confiança e transparência de Toyota e Honda. São carros bons de dirigir, com alguns itens elogiáveis, porém, raramente eles são precursores de tendências.
Ou seja, não é pela modernidade que o Focus pode ser mais revelante e sim pela experiência dos clientes. Nesse sentido, o carro da Ford ainda deve.
Câmbio não é tudo isso
Dirigir o Focus sempre foi uma tarefa agradável, sobretudo na primeira geração, de 1999. A suspensão bem calibrada, a direção com respostas diretas e o motor potente estão lá, mas a transmissão de dupla embreagem, assim como em outros veículos da marca, deixa a desejar.
Ela rouba parte do prazer de dirigir ao não entregar exatamente o que esperamos, bem diferente do câmbio similar vendido pela Volkswagen e que equipa carros como o Golf e o Jetta TSI.
Não é só. O fato de continuar lançando o Focus em descompasso com o resto do mundo também pesa contra a Ford. A atual geração, por exemplo, já tem cinco anos de mercado e deve ganhar uma sucessora por volta de 2017. Mesmo quem comprou a geração III há pouco tempo já viu seu carro ficar desatualizado rapidamente – não é à toa que a Ford está oferecendo o novo modelo com 15% de desconto para os clientes das linhas 2014 e 2015.