Novo Civic já faz estragos nas vendas do Corolla
No primeiro mês de vendas, 10ª geração do sedã da Honda emplaca 2,8 mil unidades e vê rival cair 20% nas vendas
É uma espécie de gangorra: quando um muda o outro sofre e vice-versa. Basta Corolla e Civic chegarem com novidades para vermos as vendas migrarem de um lado para o outro. A exceção foi na 9ª geração do Civic, que não agradou de cara e precisou de um certo esforço para ficar mais atraente.
Mas agora, com a 10ª geração e sua ousadia visual, a tradição da “gangorra” parece estar de volta. Basta reparar nos emplacamentos de setembro, o primeiro em que o Civic 10 participou com força. Enquanto o Corolla despencou 20% nas vendas (4,8 mil unidades em setembro contra 6 mil em agosto) o Civic vendeu 2.820 unidades no mês passado, alta de 373% - é verdade, ampliada pela redução das vendas da geração anterior nos últimos meses.
Em números absolutos é como se 1.200 clientes potenciais do Corolla tivessem decidido comprar o Civic em setembro – além de outros mil clientes que escolheram o Honda. Claro que apenas a montadora pode saber de onde vieram os novos donos do sedã, mas a visão do gráfico de vendas é clara: o Civic já afetou o interesse pelo rival tradicional.
Dilema na produção
A Honda só não colhe mais frutos no mercado porque vive um dilema: sua fábrica de Sumaré trabalha no limite há muito tempo e nem mesmo a ajuda da pequena unidade argentina da montadora consegue resolver essa equação entre oferta e demanda.
Em outras palavras, a cúpula da empresa precisa priorizar um ou outro modelo dependendo da procura. Foi o caso do HR-V, jipinho líder do mercado. Quando chegou, em 2015, foi preciso deixar de produzir outros modelos como o Fit, City e o próprio Civic para dar conta da demanda.
Agora a “vítima” é justamente o HR-V que pela primeira vez no ano emplacou abaixo de 4 mil unidades. A solução capaz de resolver isso fica a exatos 90 km de distância de Sumaré, sede da Honda. É a nova fábrica de Itirapina, que está pronta, mas não produziu sequer um carro desde sua conclusão no ano passado.
Com capacidade semelhante a Sumaré, mas muito mais produtiva, a unidade de Itirapina deveria ter começado a produzir o Fit para aliviar a produção na fábrica atual, porém, com o esfriamento da economia, a Honda optou por não ativá-la. A razão é que a produção não seria viável com uma demanda um pouco maior do que a atual.
Com isso, a Honda está empacada num volume de vendas em torno de 10 mil unidades por mês, suficientes para mantê-la na 8ª posição no ranking de marcas, mas pouco para disputar colocações mais para cima, onde hoje estão Hyundai, Ford, Renault e a Toyota. Nesse aspecto, a rival produtora do Corolla ainda leva vantagem.