Nova S10 tira o pé da lama

Picape perdeu jeitão de utilitário e agora virou um sedã com caçamba

Nova S10: mudança levou 16 anos para ocorrer, mas valeu a pena | Imagem: Divulgação

O anúncio da nova S10 que irá ao ar no domingo, dia 26, tem todos aqueles clichês da vida no campo: o fazendeiro de traços marcantes com braços fortes e queimados do sol, a família numerosa (haja fertilidade!), a caçamba carregada de grãos e a S10, claro, mostrando sua valentia em terrenos enlameados e até cutucando a concorrência ao desatolar uma velha Ford F-4000.

E, embora, a GM revele que 45% dos compradores desse tipo de veículo estejam em cidades com menos de 500 mil habitantes, a verdade é que a cena não difere muito dos anúncios de utilitários esportivos em trilhas, montanhas e florestas. O consumidor gosta dessas imagens, mas no fundo quer distância de poeira, suor, desconforto e barulho. Caso contrário, não só a nova S10 como a pioneira Hilux e outras rivais como Amarok, L200 e Frontier não teriam ficado cada vez mais próximas dos carros de passeio.

É um caminho sem volta comprovado pelo AUTOO ao dirigir a picape da Chevrolet. Dá para dizer com segurança que a S10 agora chega a ser mais confortável e moderna que um Astra, por exemplo.

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GPS na plantação

Quer saber o que a picape tem para oferecer? Transmissão automática com opção sequencial? Tem. Câmera de ré? Sim. GPS integrado no painel? Também. Bluetooth? Claro. Ajuste elétrico do banco? O motorista, sim. Ar digital? Sem dúvida. Comandos satélites no volante? Essa é fácil. E não pára aí. De porta-trecos aos bancos de couro e direção hidráulica de série, a S10 está tão fácil de dirigir que nem parece um utilitário. Está mais para um sedã que trocou o porta-malas pela caçamba.

Claro que a GM enfatizou os avanços do perfil de trabalho da picape. Ela é bem mais potente que a anterior com motor a diesel – 180 cv contra 140 cv – e oferece muito torque (o que interessa). São 45 quilos, 10 a mais que a antiga S10. Também equipou o veículo com tração 4x4 com acionamento eletrônico que funciona até 120 km/h e instalou vários sistemas de segurança como controle de tração e estabilidade para torná-la segura.

A capacidade de carga cresceu de forma significativa. Agora ela carrega 1,2 tonelada na cabine dupla e 1,3 tonelada na cabine simples. Para agradar os consumidores da versão flex, o torque do motor foi melhorado para cerca de 24 kgfm e com ganho no consumo. E, para não espantar os clientes que possam estar receosos quanto à confiabilidade da picape, estendeu a garantia para três anos, a exemplo de seus concorrentes.

Upgrade na tabela de preços

Tudo isso porque a nova S10 ficou mais cara. Bem mais cara. A versão cabine simples de entrada com motor flex custava R$ 51 mil e agora passou para R$ 58,9 mil, aumento de 15%. Se antes a S10 Executive a diesel e 4x4 saía por R$ 103 mil agora a S10 LTZ 4x4 – a mais completa da gama – custa R$ 135 mil (veja todos os preços da picape).

E não é uma questão de custo-benefício já que não há nem como comparar o conteúdo da antiga com o da nova. Quem comprar a S10 2012 levará muito mais em qualquer versão, mas a verdade é que a picape mudou de público. Abandonou os que buscavam um modelo acessível e robusto e virou opção de gente mais abonada, que procura esse “familiar rural”.

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Silêncio a bordo

Seja com motor flex ou diesel, a nova picape está infinitamente mais silenciosa. O trabalho de redução de ruídos foi primoroso a ponto de enganar o motorista se o veículo estiver ligado. O espaço interno cresceu, mas esperávamos mais tanto assim que, após o test-drive, conferimos as medidas da cabine da nova e da velha S10. A largura do cockpit, por exemplo, cresceu 4 cm na frente mas é praticamente o mesmo atrás. O espaço vertical, esse sim, melhorou, de 3 a 5 cm, e as pernas dos ocupantes também não ficam tão espremidas e encolhidas. A posição do motorista agora é 8 cm mais alta em relação a anterior.

Em resumo, a GM se preocupou mais em melhorar o conforto no banco traseiro, mas a cabine da nova S10 é, em geral, um pouco menor que o da Amarok, da VW, outra picape que tivemos oportunidade de medir.

Se até aqui o avanço é discreto, basta “olhar para frente” para notar que a S10 não tem nada a ver com a primeira geração. O volante grande e desajeitado deu um lugar a um item menor e com formas ergonômicas e controles satélites nas versões mais caras. O painel de instrumentos bebeu na fonte do Camaro e traz no centro uma tela com computador de bordo. Já o console central é dividido pelo rádio em cima e o sistema de climatização embaixo. Na parte superior, é possível instalar um kit multimídia com GPS e câmera de ré, e na parte inferior, há opção de ar-condicionado digital que possui um lay-out circular, original e bastante intuitivo.

O acabamento usa materiais agradáveis ao toque e detalhes cromados de bom gosto. Há várias tomadas de 12V, entradas para diversos tipos de mídia e muitos, muitos porta-objetos. Uma boa sacada, por exemplo, é um compartimento abaixo do assento traseiro, útil para guardar algum objeto pequeno já que não há espaço no fundo da cabine.

Dirigimos um exemplar flex com câmbio manual e outro a diesel com transmissão automática e esta última deixou uma impressão muito boa. O câmbio de seis marchas tem trocas suaves que trabalham bem com o motor com alto torque. Já a versão flex dá conta do recado, mas sem empolgar. A manopla do câmbio treme a ponto de lembrar a antiga S10 diesel, mas as trocas de marchas são bem superiores enquanto o pedal da embreagem é longo demais.

A direção hidráulica é um tanto pesada, porém, manobrar a S10 é uma tarefa tranqüila. Quem migrar da antiga picape para a nova também se espantará com a suspensão, bem mais firme e confortável. Em curvas, o modelo da Chevrolet mostrou equilíbrio acima da média e o excesso de torque foi devidamente domado pelo controle de tração.

Sem sujar as botas

Apesar da longa demora pela nova geração, a Chevrolet está numa posição favorável para manter a liderança no segmento. A S10 é superior em muitos aspectos a Hilux, sua principal rival, até por uma questão de timing – a Toyota já tem oito anos no mercado. Outras concorrentes como a Amarok, L200 e Frontier podem até ganhar em ou outro aspecto, porém, não têm força para incomodar em certos nichos como o das versões flex.

Com a chegada da nova Ranger em maio, o segmento de picapes médias só contará com modelos dessa fase mais confortável e urbana, afinal na era do agronegócio nem é preciso mais sujar tanto as botas para administrar a fazenda.

 
 
Nova S10: mudança levou 16 anos para ocorrer, mas valeu a pena Nova S10: mudança levou 16 anos para ocorrer, mas valeu a pena
Nova Chevrolet S10 Nova Chevrolet S10
Versão flex ganhou motor mais eficiente Versão flex ganhou motor mais eficiente
O painel de instrumentos se inspirou no do Camaro O painel de instrumentos se inspirou no do Camaro
Comandos dos vidros e travas Comandos dos vidros e travas
Versão 4x2 da nova S10 Versão 4x2 da nova S10
Ar-condicionado digital tem layout original Ar-condicionado digital tem layout original
Cintos de três pontos no banco traseiro Cintos de três pontos no banco traseiro
Painel com iluminação de LED, segundo GM Painel com iluminação de LED, segundo GM
Painel da versão LTZ Painel da versão LTZ
Comandos satélites no volante Comandos satélites no volante
Rack do teto Rack do teto
Botão do acionamento da tração 4x4 Botão do acionamento da tração 4x4
Conexão por Bluetooth é opção da LTZ Conexão por Bluetooth é opção da LTZ
Estribo e protetor das portas Estribo e protetor das portas
 
 

Ficha técnica

Chevrolet S10 2012 Cabine Dupla LTZ 2.8 16V 4p automático seq. 4x4 diesel
Categoria Picape média
Vendas acumuladas neste ano 26.642 unidades
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