Nova Montana 2022: como a Chevrolet pretende desafiar a Fiat Toro
Novidade será produzida em São Caetano do Sul (SP) com a mesma base do Tracker
Só falta a GM confirmar, mas lendo nas entrelinhas fica claro pelo recente anúncio da fabricante que a futura picape para complementar a gama Chevrolet no Brasil será mesmo a sucessora da Montana.
Migrando para a mesma plataforma GEM (Global Emerging Markets) presente nas novas gerações de Tracker e Onix, a arquitetura mais sofisticada fará com que a Montana dê um salto em sua proposta, tornando-se maior e enfrentando outras concorrentes.
Considerando a citação de Carlos Zarlenga, presidente da GM América do Sul, de que a nova picape “vai estrear um conceito completamente inovador para a marca no segmento de veículos utilitários”, torna-se praticamente certo que a nova Montana (o nome deverá ser preservado) será uma rival para a Fiat Toro, Renault Duster Oroch e, quem sabe, as futuras representantes de Ford e Volkswagen no segmento, no caso a Maverick e Tarok, respectivamente.
É fato que o sucesso comercial que a Fiat Toro conquistou no Brasil certamente motivou diversas marcas a estudarem com profundidade sua entrada na nova categoria. Mais espaçosas em relação às picapes compactas atuais, como a VW Saveiro, e com um rodar mais confortável se comparadas às picapes médias (Toyota Hilux, etc.) por conta da construção monobloco, modelos como a Toro parecem combinar o melhor dos dois mundos, além de conseguir transportar até 1 tonelada dependendo da configuração.
Enquanto a Fiat Strada se consolidou como a referência em picape compacta e praticamente ignorou nos últimos anos a presença de rivais como a VW Saveiro e a própria Chevrolet Montana, é natural que a marca norte-americana olhasse com mais atenção para uma nova — e mais lucrativa — categoria.
Produzida em São Caetano do Sul (SP) ao lado do Tracker, possivelmente a plataforma GEM poderá ganhar reforços estruturais em sua aplicação para a nova Montana, sobretudo por conta da proposta utilitária de uma picape e o compromisso que um veículo desse tipo precisa ter com transporte de cargas mais pesadas.
De acordo com rumores mais recentes, em termos de design é possível que a nova Montana adote um visual dianteiro mais alinhado com modelos norte-americanos recentes da Chevrolet, como é o caso do Trailblazer. Por conta disso, o designer Kleber Silva utilizou o SUV vendido por lá como base para as projeções da nova Montana. Considerando a proximidade entre o projeto da picape com o Tracker, seria correto afirmar que a nova Montana poderá antecipar muitos elementos visuais que estarão presentes em um futuro facelift de meio-ciclo do Tracker nacional.
Partindo para a mecânica, merece atenção o fato de que dificilmente a nova Montana deverá oferecer tração integral, recurso bastante valorizado em picapes de maior porte. Pensada para modelos mais acessíveis, a plataforma GEM a princípio contempla apenas motores instalados na transversal e tração dianteira.
Vale citar que a Fiat Toro conta com tração integral em seus catálogos com motor 2.0 turbodiesel. É cogitado pela imprensa especializada norte-americana que a Ford Maverick, por sua vez, poderá equacionar melhor essa questão ao adotar apenas tração dianteira e suspensão traseira semi-independente para os catálogos de entrada. As versões mais caras, por sua vez, passam a receber tração integral e suspensão independente nas quatro rodas. Das representantes que já estão no mercado, somente a Renault Duster Oroch conta apenas com tração dianteira, fato que ajuda a explicar sua participação de mercado mais restrita.
Outro ponto a ser considerado sobre a nova Montana 2022 é que tanto a Toro quanto a Duster Oroch contam com suspensão independente nas quatro rodas, inclusive com estrutura multibraço sustentando as rodas traseiras. O Chevrolet Tracker nacional conta com uma suspensão mais convencional, com eixo de torção traseiro, a qual também deverá ser aplicada na nova Montana.
Com isso, fica em aberto uma questão: será que a GM poderá desenvolver uma picape compacta-média mais simplificada (sem opção de tração integral e com um conjunto de suspensão convencional), porém mais barata? Com isso, a Chevrolet poderia segmentar a nova Montana de olho em um público mais urbano, em que a questão da ausência de tração integral não seria algo preponderante.
Também vale a pena inferir sobre quais serão as opções de motores que poderão figurar sob o capô da nova Montana. Hoje em dia o propulsor mais moderno que a GM fabrica no Brasil é exatamente o tricilíndrico com as opções 1.0 e 1.2 que estão presentes na linha Tracker. Pela lógica, o 1.2 turbo seria o mais adequado a uma picape por conta dos números generosos de potência (133 cv) e torque (21,4 kgfm), ampliando assim a capacidade de carga do futuro modelo. Como são números ainda distantes dos 185 cv e 27,5 kgfm que o novo 1.3 turbo presente na Toro 2022 é capaz de entregar, talvez a GM possa ter nos planos a importação de um motor mais forte para aplicar na nova Montana. O 1.4 turbo presente no Cruze seria um candidato natural. Além de produzido na Argentina, seus 153 cv e 24,5 kgfm certamente poderiam conferir ótimo desempenho para a novidade da Chevrolet. Já preparado para operar com gasolina ou etanol, a GM tem as condições de aperfeiçoar o 1.4 turbo atual para torná-lo ainda mais eficiente.
Indo um pouco além da mecânica, podemos esperar um alto nível de tecnologia nos catálogos superiores da nova Montana. Como o Tracker Premier entrega hoje em dia, recursos como o alerta de colisão com frenagem autônoma, assistente de estacionamento, alerta de pontos cegos, entre outros, também deverão figurar na picape.
Considerando que a produção da Montana atual em São Caetano do Sul já encerrou com a linha 2021 do modelo e a GM prepara a introdução da nova geração da picape em sua fábrica no Grande ABC, não seria surpresa se o lançamento da nova Montana 2022 ocorrer até mesmo nos últimos meses deste ano. A conferir.
Tudo leva a crer, pelo que analisamos até aqui, que a movimentação da Chevrolet em subir a Montana de patamar está no caminho certo tanto do ponto de vista empresarial, mas também para realçar a concorrência no segmento de picapes compactas-médias, categoria que deverá crescer substancialmente no curto prazo. A aposta da marca deverá recair para o custo-benefício, como ocorre hoje em dia com o Tracker entre os SUVs compactos. Sem dúvida será uma novidade interessante para esquentar a temperatura do segmento, que hoje está bem morna com a Toro praticamente reinando sozinha na categoria. A vida mansa da picape da Fiat, entretanto, deverá ficar mais agitada em breve. Vamos acompanhar de perto!