Nissan mostra sua gama de elétricos e híbridos no Brasil

Além do Leaf, marca traz X-Trail híbrido e Note para testes no país
Gama de elétricos e híbridos da Nissan

Gama de elétricos e híbridos da Nissan | Imagem: Divulgação

A quantidade de pessoas que morrem todos os anos em acidentes de carro no mundo alcançou um número acachapante: em 2018 foram 1,25 milhão e, desse montante, 80% a 90% teve como principal fator a falha humana. Além disso, as megalópoles também enfrentam dois grandes problemas: o aumento dos engarrafamentos e da emissão de poluentes. Com esse cenário trágico sob mira, a Nissan segue investindo em mobilidade sustentável e quer oferecer carros com diferentes tecnologias de eletrificação para diminuir os danos causados ao meio ambiente.

Como ainda há muitas dúvidas sobre qual a melhor opção (entre veículos 100% elétricos, híbridos, híbridos plug-in, etc), a marca dá opções e esclarece quais podem ser as escolhas certas para o consumidor. Além de mostrar o Leaf (elétrico mais vendido do mundo no ano passado) a marca japonesa apresentou para a imprensa especializada brasileira o X-Trail híbrido, o LV200 SOFC e o Note e-Power. Abaixo desmistificamos cada uma dessas tecnologias:

Leaf: 100% elétrico

O Leaf, que já está disponível no Brasil em pré-venda, custa R$ 178.400 e vem com motor 100% elétrico que entrega 149 cv e 32,6 kgfm de torque, com bateria de 40 kWh. De acordo com a Nissan, a autonomia chega a 241 quilômetros e é possível recarregar até 80% da bateria em apenas 40 minutos quando acoplado a um carregador de alta tensão. O hatch tem três anos de garantia total e oito anos de garantia para a bateria. E aqui começamos a esclarecer a diferença entre os tipos de eletrificação: em um carro 100% elétrico a fonte de energia deve vir por meio da rede elétrica.

Outra opção de utilização do Leaf, em casas preparadas para tal situação, é como fonte de energia para a residência em casos de "apagão" ou até mesmo para economizar na conta de luz. Claro que só poderá ser usado o excedente de bateria. O sistema vehicle-to-grid permite o carregamento reverso, como se fosse um gerador.

“A eletrificação é um dos pilares da visão da mobilidade inteligente da Nissan. Por isso, temos um portfólio global inovador com diferentes soluções de tecnologias eficientes, o que inclui o Nissan Leaf. No Brasil, temos o compromisso de contribuir para o desenvolvimento da mobilidade elétrica. E, além de estarmos realizando a pré-venda do Leaf, que chega efetivamente este ano ao mercado nacional, estamos desenvolvendo parcerias estratégicas com instituições e empresas para garantir o ciclo completo do veículo de emissão zero no país”, disse Marco Silva, presidente da Nissan do Brasil.

X-Trail: híbrido convencional

Assim como o Ford Fusion e Toyota Prius, o utilitário esportivo X-Trail é um híbrido convencional, ou seja, utiliza tanto um motor elétrico quanto um 2.0 16V a combustão para movimentar as rodas. Trabalhando em conjunto, os dois motores entregam 142 cv e 19,8 kgfm de torque, sendo que 40 cv e 16,3 kgfm de torque são provenientes do motor elétrico. De acordo com aferição da marca, o X-Trail consegue alcançar o consumo de 19,6 km/l na estrada.

Esses sistema pode ter o funcionamento dos dois motores de forma independente, principalmente em baixa velocidade, quando funciona apenas a propulsão elétrica. Dependendo do nível da bateria ou da demanda de aceleração, o motor elétrico entra em cena tanto para dar mais potência quanto para recarregar a bateria, que também pode ser abastecida com a frenagem regenerativa. Modelo bem interessante, o X-Trail Hybrid ainda não tem previsão de estreia para o Brasil. 

LV200: SOFC

SOFC significa Solid Oxid Fuel Cel, que, em português, pode ser traduzido como o sistema que utiliza célula de combustível para movimentar o veículo. O Brasil foi o primeiro país a receber a van LV200, equipada com o sistema, para testes e pode ser que essa seja a melhor forma de eletrificação para os brasileiros. A tecnologia mescla etanol, hidrogênio e eletricidade. Apesar de utilizar etanol, não há combustão, pois o álcool entra no sistema apenas para, através de uma reação química, produzir hidrogênio, que por sua vez servirá para abastecer a célula de combustível, gerando eletricidade para a bateria que despeja toda a potência e torque que o motor elétrico necessita para girar as rodas.

A grande vantagem do SOFC é não necessitar da rede elétrica para ser carregado, alcançando autonomia de mais de 600 quilômetros (segundo a Nissan). O ciclo SOFC é considerado limpo, pois o resultado de sua utilização é zero emissões, uma vez que utiliza a cana-de-açúcar como matéria-prima e devolve para a natureza apenas água (H2O)

Note e-Power: um híbrido distinto

Diferentemente do X-Trail, que utiliza o motor à combustão também para dar movimento ao carro, o híbrido e-Power (denominação da Nissan) utiliza o propulsor à gasolina apenas para gerar energia para o motor elétrico. Alimentando um gerador que está presente no sistema apenas para dar carga à bateria, o sistema e-Power foi desenvolvido tomando como base o projeto do Leaf. O carro apresentado com essa tecnologia no Brasil foi o Note, que ainda está em testes e tem o volante do lado direito (chamado de mão inglesa) e provavelmente não virá para o Brasil, tendo apenas a missão de apresentar outro tipo de eletrificação. Apesar disso, o hatch foi o carro mais vendido do Japão em 2018, sendo a versão e-Power responsável por 70% das unidades emplacadas.

A Nissan tem como meta a comercialização de 1 milhão de carros eletrificados por ano, em todo o mundo, até 2022. O diretor de marketing da Nissan do Brasil, Humberto Gómez, acredita que é possível que essa tecnologia chegue em menos de 10 anos ao país e fez um paralelo com a ciência: "o código genético demorou 12 anos para ser descoberto. O carro elétrico já é uma realidade, basta trabalharmos com a conscientização do consumidor."

Vinicius Montoia

Formado pela PUC-SP em jornalismo, Vinicius já atua no setor automobilístico desde 2013. É criador do canal Narração Esportiva do Youtube, projeto que conta a história dos maiores narradores esportivos do país