Nissan March entra para o clube dos supereconômicos
Hatch ganha motor 1.0 de 3 cilindros e pode economizar até R$ 900 reais por ano em relação aos populares com motores antigos
Quando os carros populares, com motores de 1.000 cm³, surgiram na década de 1990, economia era o seu forte. O Uno Mille, primeiro deles, fazia cerca de 12 km com um litro de gasolina, mesmo com carburador em vez de injeção eletrônica. O desempenho, no entanto, era desesperador - para chegar a 100 km/h levava uma eternidade: 20 segundos.
O tempo passou, os motores 1.0 ganharam recursos para saltar de parcos 48 cv para até 80 cv, viraram flex, o desempenho melhorou, mas o preço foi um consumo mais alto que nada combinava com a imagem original. Isso até o surgimento dos motores 1.0 de 3 cilindros há alguns anos.
Primeiro foi a Kia, depois a Hyundai, mas sem grandes arroubos de performance. Bastou a Volkswagen entrar no jogo e, em seguida, a Ford para que uma revolução surgisse. A bordo dos novos up! e Ka, os motores modernos derrubaram o mito de que não se pode ter economia e desempenho ao mesmo tempo.
Agora é a vez da Nissan entrar para o time dos supereconômicos. O novo motor 1.0 de 3 cilindros japonês começou a ser fabricado no Brasil e é tão eficiente que até o grandão Versa passará a ter uma versão popular - sedãs não costumam combinar com motores de baixa cilindrada.
Mas a estreia veio a bordo do March, o primeiro hatch popular japonês do mercado. O modelo foi nacionalizado no ano passado e agora ganhou o novo motor e, com isso, viu seus números de consumo quase se igualarem aos do up! e do Ka.
Mais suave e silencioso
A Nissan, no entanto, não quis entrar para a briga do título de carro mais econômico do Brasil. O motor HR10, derivado do 1.2 produzido na Europa, segue a receita do 1.0 3 cilindros moderno: tem bloco e cabeçote de alumínio (mais leve), comando variável de válvulas de admissão e sistema de partida a frio sem necessidade de tanquinho de gasolina.
Os dados de desempenho são uniformes, seja com etanol ou gasolina: 77 cv e 10 kg de torque. Ele é mais potente que o propulsor anterior, com 4 cilindros e bloco de ferro fundido. São três a cavalos a mais, porém, um desempenho relativamente inferior em aceleração. “A Nissan priorizou a economia e o prazer de dirigir”, explicou um executivo da marca ao AUTOO.
De fato, o March 1.0 3 cilindros tem uma aceleração progressiva sem se destacar nas retomadas, como acontece com o up! e o Ka. O que impressiona mesmo é o silêncio a bordo. Motores com 3 cilindros são, por natureza, ‘desequilibrados’ – enquanto um pistão está na parte inferior, os outros dois estão no topo e vice-versa. Portanto, o segredo de usá-lo é saber compensar essa vibração e abafar o ruído metálico, outra característica comum a eles. Nesse aspecto, o trabalho da marca japonesa foi primoroso: mal se percebe que o March tem um motor desse tipo.
Outro ponto alto é, obviamente, o consumo baixo. Durante o test-drive, o computador de bordo acusava médias de 16 km por litro – houve quem conseguisse chegar a 20 km por litro com uma tocada extremamente delicada.
A melhor notícia a respeito dessa nova geração de motores modernos é mesmo poder enxergar a economia que eles proporcionam. Não se trata de uma diferença marginal, eles são claramente mais eficientes.
Um proprietário de um March 1.0 que rode 2 mil km por mês, sendo 60% na cidade, pode chegar a gastar cerca de R$ 900 a menos por ano que o dono de um Palio Atractive 1.0, o popular com pior consumo medido pelo Inmetro. Equivale a rodar mais 340 km por mês. É muita coisa (veja quadro acima).
Não é à toa que outras marcas correm para ter seus motores 1.0 de 3 cilindros, GM e Fiat entre elas. Afinal, com eles dá para chamar os populares de carros verdadeiramente econômicos, mas sem perder preciosos segundos para chegar a 100 km/h.
Ficha técnica
Vendas acumuladas neste ano | 3.232 unidades |
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