Nissan assume o controle da Mitsubishi

Afogada em escândalo de emissões, a Mitsubishi será ajudada pela Nissan a recuperar a credibilidade
Nissan Titan Crew Cab

Nissan Titan Crew Cab | Imagem: Divulgação

A Nissan e a Mitsubishi anunciaram nesta quinta-feira (12) um acordo no qual a Nissan investirá US$ 2,2 bilhões para adquirir 34% das ações e o consequente controle acionário da Mitsubishi Motors. O contrato deverá ser assinado no próximo dia 25 e permitirá que a Nissan aponte quatro diretores para o conselho administrativo da Mitsubishi, sendo que um deles pode até se tornar presidente da empresa. A união entre as duas fabricantes precisa ser efetivada no prazo de um ano.

Segundo o CEO da Nissan, o brasileiro Carlos Ghosn, a aliança com a Mitsubishi será semelhante com a qual a marca possui com a Renault e cobrirá as áreas de compras, uso de plataformas comuns, produção em conjunto, desenvolvimento de tecnologias e politicas em comum de redução de custos.

Para a Nissan, o acordo com a Mitsubishi permitirá com que ela consiga mais penetração no mercado do Sudeste asiático, local onde ela não conseguiu uma boa tração nas vendas. Já o desenvolvimento de novos veículos deverá ser compartilhado, não havendo pesquisas paralelas. “Por que gastar duas vezes? O desenvolvimento pode ser feito e compartilhado”, explicou Ghosn.

Escândalo

A Mitsubishi vive uma crise depois que reconheceu fraudar alguns testes de emissões, um caso semelhante ao “dieselgate” da Volkswagen. A marca japonesa reconheceu que adulterou alguns números de consumo de seus modelos subcompactos vendidos no Japão. A empresa também reconheceu que outros nove modelos, incluindo SUVs, também podem não ter sido “testados de maneira adequada” no que diz respeito a consumo e emissões.

Especialistas acreditam que a Mitsubishi terá que pagar cerca de US$ 1 bilhão para os consumidores dos modelos afetados para compensar os gastos extras com combustível e taxas locais.

Com isso, o preço das ações da Mitsubishi despencaram 43% desde o dia 19 de abril, o que criou um cenário favorável para a negociação por parte da Nissan, que atualmente é a segunda maior montadora no Japão em volume de vendas.

Não é a primeira vez que a Mitsubishi se vê em um escândalo de grandes proporções. Há 15 anos a empresa admitiu que vinha ocultando sistematicamente por mais de 20 anos algumas queixas de consumidores sobre problemas com seus veículos. Isso gerou uma grave crise na Mitsubishi Motors e ela precisou ser socorrida por outras empresas do conglomerado japonês em 2004. Desde então, a marca fez um esforço para resgatar a marca e focar suas atividades em carros elétricos e em sua linha de SUVs e crossovers.