Nem todo carro chinês brilha: picapes Shark e Hunter começaram mal no Brasil

Modelos da BYD e JAC ainda têm tempo para virar o jogo, mas início fraco de vendas pode ser indício que há segmentos difíceis de quebrar tradição
JAC Hunter 2025

JAC Hunter 2025 | Imagem: Divulgação

As montadoras chinesas transformaram 2024 no ano da virada no mundo, com sua presença sendo ampliada imensamente em vários mercados, incluindo o Brasil.

A BYD é, de longe, a fabricante que mais impressionou e também abalou as fundações onde marcas tradicionais antes permaneciam sem serem ameaçadas.

Por aqui, as vendas de modelos como os SUVs Song, Tiggo e H6 além dos elétricos Dolphin deram o tom do que vem por aí.

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Mas mesmo com tantos veículos surpreendendo, as marcas chinesas nem sempre acertam. O segmento de picapes médias parece ser uma última fortaleza das fabricantes tradicionais.

Um sinal disso foi a decisão da GWM de postergar o lançamento da picape híbrida Poer, antes anunciada como seu primeiro produto nacional, feito em Iracemápolis (SP).

Agora a Great Wall, como também é conhecida, vai priorizar os SUVS, um território já explorado e com demanda maior.

GWM Poer
GWM Poer Imagem: Divulgação

Tubarão sem dentes

Sua rival BYD, por outro lado, arriscou entrar na categoria e com uma picape híbrida e cheia de tecnologia, a Shark.

Com preço beirando R$ 400 mil, a picape que une um motor 1.5 a gasolina com dois elétricos foi lançada em outubro e até aqui é raridade nas ruas.

No mês de lançamento foram 143 emplacamentos enquanto em novembro, apenas 49. Neste mês, ela tinha outros 121 veículos vendidos, o que somando dá meras 313 unidades.

É um desempenho bem fraco se pensarmos que o sedã híbrido King tem feito alguma sombra para o nacional Corolla.

BYD Shark
BYD Shark Imagem: Divulgação

De volta ao diesel

A JAC Motors, por sua vez, fez o caminho inverso. Depois de tentar emplacar uma picape média eletrificada, a representação da marca chinesa no Brasil colocou nas (poucas) lojas a Hunter, um modelo a diesel.

Após atrasos, o modelo estreou oficialmente em dezembro e tinha somente 22 unidades emplacadas neste mês embora tenha um preço até atraente (R$ 240 mil).

Uma versão elétrica é prometida para o início de 2025, mas deve vender menos ainda.

Dá para virar o jogo?

Em se tratando de chineses, melhor não duvidar de reviravoltas. Basta lembrar que após a estreia no Brasil em 2009, seguiram-se anos de vendas discretas e produtos descartáveis.

Nos últimos anos, mais maduras, as marcas do país começaram uma ofensiva que parece não ter fim. Talvez leve tempo para que isso ocorra entre as picapes médias, mas melhor Toyota e cia não “dormirem sobre os louros da vitória”.

Ricardo Meier

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