Na esteira da Kombi, velho Uno dá adeus com série Grazie Mille
Fiat venderá apenas 2 mil unidades da série especial de despedida do modelo. Preço sugerido é de R$ 31.200
Acabou. Após 29 anos de mercado e milhões de unidades vendidas, o velho Uno se despede com a série especial Grazie Mille. Lançado pela Fiat em 1984 como um projeto cheio de inovações, o Uno substituiu o tímido 147 e sofreu em seus primeiros anos de Brasil.
Comparado a uma botinha ortopédica, o Uno foi um injustiçado: enquanto seus rivais tinham projeto antiquado, o Fiat esbanjava espaço interno, aerodinâmica refinada e soluções práticas. Mas pecava pelo motor ruidoso e pelo câmbio desconfortável. Também o prejudicava a imagem de fragilidade dos veículos da marca italiana, na época, há apenas sete anos no Brasil.
Tudo mudou em 1990. Oportunista, a Fiat aproveitou uma mudança na legislação direcionada a alavancar o nacional Gurgel para lançar o Mille, o primeiro carro popular de volume. A estratégia pegou a concorrência de calças arriadas.
De uma hora para outra, a Fiat passou de coadjuvante a protagonista no mercado. Surpreendidas, Volks, Ford e Chevrolet levaram anos para estancar a sangria provocada pelo Mille. Desde então, a Fiat pouco a pouco chegou à liderança de mercado no País, mesmo sem ter o mesmo apoio financeiro e técnico que suas rivais recebem das respectivas matrizes.
Condenado várias vezes
A carreira do Uno teve várias mortes anunciadas. Seja porque o carro havia ficado ultrapassado, seja porque o Palio iria assumir seu papel ou, então, porque o novo Uno chegava para dar o merecido descanso o carrinho da década de 80. Mas foi mesmo a exigência de airbags e ABS que decretou o fim do modelo, assim como de outros contemporâneos como a Kombi e o Gol G4.
Ainda assim, o Mille chegou à 2013 exibindo virtudes, apesar das rugas. Mas seria inviável adaptá-lo para receber os itens de segurança, ainda mais que hoje ele não representa mais que um terço das vendas da marca “Uno”. Para o seu lugar, a Fiat lançará em 2014 uma versão simples do Palio Fire, que nasceu em 1996 para isso e só concretizará sua missão 18 anos depois.
Grazie Mille
A Fiat esperou até o pronunciamento do Contran para decretar ou não a morte do Mille. Como o órgão repeliu as tentativas de adiar a entrada em vigor da resolução dos airbags e ABS, o Mille dá adeus no apagar das luzes de 2013.
Seguindo a mesma estratégia da Kombi, a Fiat também premiará uma parcela de seus clientes como uma série de despedida, a Grazie Mille. Serão apenas 2 mil unidades fabricadas com preço sugerido de R$ 31.200, acima da tabela das versões normais, mas não tanto quanto a Last Edition, da Kombi, que é mais cara que o Golf VII.
O Grazie Mille traz vários itens especiais, dentre eles tecido com bordado Grazie Mille, rádio com CD/MP3, viva voz Bluetooth e entrada USB, subwoofer, nova grafia do quadro de instrumentos, pedaleiras esportivas e placa com numeração do carro no painel.
Por fora, o Grazie Mille se diferencia pelos faróis com máscara negra, rodas de liga leve aro 13 polegadas, adesivos e frisos laterais, além de uma nova cor em tom verde. O modelo traz de série ar-condicionado, direção hidráulica, vidros e travas elétricos, desembaçador e comando interno dos retrovisores.
Curiosamente, no comunicado, a Fiat não diz textualmente que o Mille será descontinuado, quem sabe uma forma de evitar o sofrimento pela perda.