Mercedes-Benz Classe X: era para ser um sucesso, virou uma ''novela''
Mercedes-Benz anuncia decisão de não produzir mais a picape na Argentina
Apesar de ser um produto com grandes chances de sucesso aqui no Brasil – país que é um ávido consumidor de picapes médias em especial nas versões topo de linha – a estreia da Mercedes-Benz Classe X em nosso país acabou tornando-se uma novela.
Após relatarmos que a parceria entre a Daimler, conglomerado alemão que administra a Mercedes-Benz, e a aliança Renault-Nissan-Mitsubishi apresenta sinais de desgaste, uma medida bem radical foi anunciada pela Daimler na última sexta-feira (26): em um comunicado relativo ao seu balanço operacional do primeiro trimestre do ano, o grupo revelou que não vai mais produzir a Classe X na Argentina.
Em seu material divulgado para a imprensa, a Daimler limita-se a dizer que “após revisar o modelo de negócio e em alinhamento com o parceiro colaborativo, foi decidido que a Mercedes-Benz não vai mais produzir a Classe X na Argentina”. Com isso, a Classe X seguirá produzida, pelo menos por enquanto, apenas na Espanha para abastecer os mercados onde hoje a picape já é oferecida.
O anúncio deverá fazer a aliança Renault-Nissan-Mitsubishi se mexer rapidamente a partir de agora uma vez que a fábrica da empresa em Santa Isabel, após receber um investimento de US$ 600 milhões, foi toda preparada com a intenção de produzir a Frontier para a Nissan (já vendida aqui no Brasil oriunda do país vizinho), a Alaskan para a Renault, bem como a Classe X para a Mercedes-Benz. A notícia é impactante para a aliança franco-japonesa uma vez que a Classe X deveria responder por cerca de 60% do volume de produção da nova fábrica.
A Mercedes-Benz, como apurado por algumas fontes internacionais, não está muito satisfeita com os números de venda da Classe X e alega que está perdendo dinheiro com o modelo, o que sinaliza que a marca alemã sequer deverá se preocupar com uma nova geração para a picape.
A difícil situação econômica pela qual passa a Argentina também pesou na decisão de não produzir a Classe X por lá, acrescenta a Mercedes-Benz.
De acordo com o gerente de comunicação corporativa da Nissan na Argentina, Marcelo Klappenbach, a companhia irá “ajustar a produção e os custos de Santa Isabel” considerando a nova realidade imposta pela decisão da Mercedes-Benz, explicou para o Argentina Autoblog. “Esperamos encerrar o primeiro ano de produção com mais de 10 mil unidades fabricadas da Nissan Frontier e a decisão da Daimler é uma oportunidade para buscarmos novos mercados para a exportação de nossa picape”, acrescentou o executivo da Nissan. Problemas na negociação entre as empresas também foram uma constante na iniciativa para produzir a Classe X na região, como relata o site argentino.
O Autoo entrou em contato com o grupo Daimler aqui no Brasil por meio da assessoria da Mercedes-Benz para saber mais detalhes sobre o assunto e verificar se a decisão da marca afetará a comercialização da Classe X em nosso país. A empresa nos emitiu a seguinte resposta: "após analisar o acordo comercial e, em alinhamento com o parceiro de cooperação, decidiu-se não produzir a picape Classe X na Argentina, que teria sua produção destinada aos mercados argentino e brasileiro. Atualmente, na América Latina, a Classe X está disponível somente no Chile, que tem seu mercado abastecido pela produção do modelo em Barcelona. Quanto ao mercado brasileiro ainda não temos uma definição".
Vale a pena lembrar que o projeto da Classe X sempre contemplou a venda da picape média em mercados de grande relevância para esse tipo de veículo, como é o caso do Brasil. Uma alternativa para a Mercedes-Benz por aqui seria importar a Classe X apenas em versões mais caras provenientes da Espanha. O preço maior ajudaria a controlar a demanda pelo modelo, uma vez que o fluxo de unidades importadas dificilmente será equivalente ao volume que a marca poderia disponibilizar em nosso país caso a Classe X fosse fabricada na Argentina. Além disso, se a produção da picape ficar limitada apenas a uma fábrica na Europa, será necessário calcular bem o volume de produção que ela será capaz de entregar. Vamos aguardar para saber qual será a estratégia da Mercedes envolvendo a picape, produto que tem muitas credenciais para cair no gosto dos clientes do segmento.