Petrobras quer difundir novo combustível no Brasil
Chamado de diesel renovável, ele pode ser obtido até mesmo do óleo de cozinha usado
A Petrobras está empenhada em “defender uma nova forma para a definição dos mandatos dos biocombustíveis no Brasil”, segundo explicou Cláudio Mastella, gerente executivo da empresa, em sua participação na Rio Oil & Gas, maior evento do setor de petróleo e gás na América Latina.
De acordo com Mastella, a proposta da Petrobras é adotar critérios quantitativos de descarbonização da atmosfera que trazem ganhos mais efetivos para o meio ambiente. Com isso, em vez de observar qual tipo de biocombustível está sendo utilizado, permitindo reservas de mercado para combustíveis menos eficientes, seria considerado efetivamente o ganho para o meio ambiente que um determinado combustível traz, explica o executivo.
“Essa mudança permitiria que os combustíveis vendidos ao consumidor final sejam efetivamente menos poluentes em toda a sua cadeia produtiva. A fórmula defendida pela Petrobras já é utilizada na Europa e no estado americano da California, os dois mercados mais exigentes em termos de redução de poluição no mundo”, detalha Mastella.
Uma das vantagens da nova fórmula é que ela abre espaço para adoção de biocombustíveis mais modernos como o “diesel renovável”, que é capaz de reduzir as emissões de gases de efeito estufa em 70% quando comparado ao diesel derivado do petróleo e em 15% quando comparado ao biodiesel éster. O diesel renovável, explica a Petrobras, é um biocombustível moderno, feito com matérias-primas como óleos vegetais, gordura animal e até mesmo óleo de cozinha usado e pode ser misturado ao diesel derivado do petróleo.
A Petrobras concluiu neste ano testes em escala industrial, onde produziu diesel R5 em sua refinaria no Paraná, ou seja, óleo diesel com 5% de parcela renovável e aguarda a autorização do Conselho Nacional de Política Energética para que esta parcela renovável do diesel seja aceita como alternativa para cumprimento do teor obrigatório de biocombustíveis no Brasil, atualmente ocupado exclusivamente pelo biodiesel éster.
Atualmente, somente o biodiesel éster pode ocupar a parcela de biocombustíveis adicionados ao diesel derivado do petróleo para comercialização aos consumidores. A restrição acaba criando uma reserva de mercado para o biodiesel de base éster e dificultando a entrada de biocombustíveis mais modernos na matriz energética brasileira.
Em função de seu processo de produção, o biodiesel éster possui glicerinas e outros componentes que prejudicam a estabilidade do combustível e podem causar entupimentos em filtros, bombas e bicos injetores prejudicando o desempenho de veículos.
Os problemas são agravados com a elevação do teor de biodiesel éster na mistura com óleo diesel mineral. O biodiesel éster ainda possui compostos metálicos que prejudicam o funcionamento dos sistemas de tratamento de gases de combustão presentes nos veículos. Isso contribui para que poluentes como material particulado e óxidos de nitrogênio sejam lançados no ambiente.