McLaren se junta às 'marcas fantasmas' no Brasil

Marca de esportivos britânica ganhou loja em São Paulo, mas vendas devem ser evento mensal como ocorre com Ferrari, Lamborghini e Maserati
McLaren Senna

McLaren Senna | Imagem: Divulgação

Um dos maiores mercados automobilísticos do mundo, o Brasil já chegou a vender mais de 3,6 milhões de veículos em 2012, auge na história. Mas em se tratando do segmento de “super luxo”, nosso país é insignificante.

As razões são diversas mas o câmbio instável e os altos impostos cobrados estão entre os principais, sem falar na imagem um tanto negativa que persiste sobre quem roda pelas ruas e estradas a bordo de um automóvel que custa na casa dos sete dígitos em muitos casos.

Por isso surpreende ver que a marca britância McLaren, surgida graças ao sucesso da equipe de Fórmula 1, tenha resolvido topar abrir uma loja no Brasil. Capitaneada pelo grupo Eurobike, especializado em marcas de luxo, a loja pioneira foi aberta nesta terça-feira na região da Vila Olímpia, na Zona Sul de São Paulo.

Apesar da pompa, trata-se de mais um estabelecimento que deverá viver às moscas assim como suas concorrentes como a Ferrari, Maserati e Lamborghini. Com preços absurdamente caros e restrições de importação, essas representações acabam dependendo de vendas pontuais e qualquer oscilação no humor da economia são motivo para fecharem discretamente, quase como “fantasmas” do setor.

É o que ocorreu com a Aston Martin recentemente. A marca inglesa cuja imagem está ligada ao personagem James Bond, o famoso espião 007, desistiu de tentar emplacar modelos no país em abril de 2017, algo parecido com o que ocorreu com outra montadora britânica de luxo, a Bentley. Outras marcas como Rolls Royce, embora constem como ativas, não vendem um único exemplar há vários meses.

Ou seja, não há milagre que banque uma loja, funcionários e toda uma estrutura sem que ao menos um carro seja vendido.

Preço no Brasil inclui arrecadar uma McLaren em impostos

No caso dos superesportivos como os vendidos pela McLaren, a situação não chega a ser muito melhor. Pegue-se o exemplo da icônica Ferrari: este ano apenas seis unidades foram vendidas até abril, situação bem melhor que a da Lamborghini, com três emplacamentos até o momento. A Maserati teve mais sorte, com 12 carros vendidos, porém, sete deles foram o Levante, SUV que só por isso conseguiu fugir do lugar comum de outros segmentos.

Apesar disso, a Eurobike está otimista e acredita que venderá entre 20 e 24 unidades este ano. Os preços vão de cerca de R$ 2 milhões a R$ 3 milhões, dependendo da personalização, mas o modelo McLaren Senna, com 800 cv de potência e capaz de ir de 0 a 100 km/h em 2,8 segundos, deve custar mais de R$ 8 milhões e apenas duas unidades virão para cá, ambas já vendidas.

Se comprar um carro como esse é um bom negócio só o tempo dirá, mas não há dúvida que não só a fabricante e sua representante como também o governo brasileiro ficarão bastante felizes em ver um cidadão pagar aqui o triplo do valor de um McLaren na Europa.

Ricardo Meier

Comenta o mercado de vendas de automóveis e tendências sustentáveis