Logan e Sandero devem subir de nível na próxima geração nacional
Seguindo nova orientação da Renault, modelos devem aprimorar receita por aqui
A Renault fez questão de apontar em sua estratégia para os próximos cinco anos que vai realizar uma guinada no desenvolvimento de novos modelos, focando em produtos que lhe permitam obter margens de lucro mais favoráveis, colaborando também para a saúde financeira da companhia. Nas entrelinhas, fica claro que a marca não vai abandonar segmentos onde hoje atua, mas certamente irá aprimorar alguns modelos para que eles possam trazer o novo patamar de retorno financeiro que a fabricante espera.
Na semana passada, uma boa parte dessa nova estratégia ficou clara, em especial envolvendo mercados emergentes como é nosso caso. De maneira bastante discreta, a Renault apresentou na Turquia o Taliant, modelo que nada mais é do que um Dacia Logan de nova geração com visual retrabalhado e que também deverá trazer aprimoramentos na parte interna e no nível de equipamentos.
É fato que há um bom tempo a Renault não esconde o desejo de tornar-se “menos Dacia” em alguns mercados e soluções como o Taliant parecem ser a resposta para essa questão. Ao preservar a estrutura e o projeto criados por sua divisão de baixo custo, mas conferindo a identidade visual Renault, a marca francesa consegue a tão desejada economia nos custos de desenvolvimento aliada com a imagem de produtos sofisticados que a Renault preserva em alguns mercados. Quem viveu os áureos tempos da Renault por aqui lembra de veículos diferenciados como era o caso da minivan Scénic.
Se comparado ao novo Logan, é justo dizer que o Taliant entrega um visual mais interessante graças aos aprimoramentos com a chancela da Renault na dianteira e na traseira do sedã. Indo bem mais além do que apenas mudar os logotipos da Dacia, a nova estratégia da Renault pode surtir um bom efeito em mercados como o brasileiro, onde a beleza das formas é um atributo muito valorizado.
Pegando carona na estreia do Taliant e estudando os pontos onde a Renault mais alterou no design do sedã em relação ao novo Dacia Logan, o designer Kleber Silva imaginou como seria um “Taliant hatch” para substituir o Sandero aqui no Brasil.
Agora construídos sobre a plataforma modular mais moderna da Aliança Renault-Nissan (CMF), a terceira geração dos compactos criados pela Dacia tornou-se bem mais segura, oferecendo 6 airbags de série e os controles de tração e estabilidade na Europa. Os novos Sandero, Logan e Stepway poderão oferecer até mesmo recursos avançados como o alerta de colisão com frenagem autônoma de emergência e a aplicação do conjunto propulsor híbrido E-Tech ao trio não é algo descartado para ocorrer em um futuro próximo.
Tudo isso certamente foi pensado pelo Grupo Renault para que a marca francesa, na hora de conceber uma alternativa como o Taliant, tivesse à disposição um bom leque de soluções para incorporar mais recursos aos modelos derivados da Dacia e com isso praticar preços mais caros, obviamente entregando nível de equipamentos condizente com os novos valores.
É fato que ainda vai demorar para a renovação do Logan e do Sandero ocorrer aqui no Brasil. A dupla, assim como o sucessor do Stepway, deverá ser atualizada apenas em um futuro ciclo de investimentos que a marca vai anunciar futuramente. O pacote de mais de R$ 1 bilhão que a empresa vai alocar em seu centro produtivo no Paraná até 2022 não contempla a nova geração do trio. Renovados por aqui em 2019, os atuais Logan, Sandero e Stepway ainda têm um longo caminho a percorrer por aqui.
É cedo para dizer se a Renault chegaria ao ponto de alterar o nome do Logan no país, até pelo fato de que o sedã já está muito bem estabelecido no mercado, mas é praticamente certo que a renovação do sedã compacto deverá trilhar os caminhos do Taliant. Talvez, caso a Renault queira reforçar seu novo posicionamento de marca, a adoção do nome pensado para o sedã na Turquia surgiria como uma possibilidade. O Sandero e o Stepway também devem acompanhar o sedã nesse processo de subida de nível.
Até que chegue o momento da renovação de Logan e Sandero aqui no Brasil, a Renault já deverá ter nacionalizado seu motor 1.3 turbo com injeção direta, o qual poderia contar com uma variante 1.0 para aprimorar ainda mais a competitividade dos compactos aqui no Brasil. Considerando que a marca de fato tenha como meta tornar o Logan, o Sandero e o Stepway mais sofisticados por aqui, fazendo com que eles deixem de concentrar a maior parte de suas vendas nos catálogos de entrada (1.0 aspirado) e contem com versões mais caras verdadeiramente competitivas, certamente avanços na parte mecânica serão indispensáveis no momento de renovação do trio por aqui. Vamos acompanhar de perto!