Lifan planeja ter fábrica no Brasil
Montadora chinesa pretente se instalar em definitivo no País, mas antes quer melhorar sua imagem e serviços de pós-venda
A divisão brasileira da Lifan Motors traçou uma meta que muito se assemelha a da Nissan no mercado nacional, nas devidas proporções, onde pretende ser a primeira marca japonesa em qualidade, a frente de Toyota e Honda. “Queremos ser a montadora chinesa com os melhores índices de qualidade e satisfação no Brasil”, contou Jair Leite, diretor comercial da Lifan no País.
E o plano não vem do Brasil. Melhorias em qualidade foi o tema principal da 3º Convenção Global de Distribuidores Lifan Motors, realizada em Jiuzhai, na China. “Sem melhorias em qualidade não há perspectiva”, aposta Yin Mingshaw, CEO e fundador da Lifan, que existe desde 1992.
Mesmo “jovem”, a empresa já tem um número expressivo de vendas - em 2013 vendeu 360 mil carros – e mantém atualmente 21 fábricas em oito países (incluindo plantas de motocicletas, caminhões e automóveis) e mais de 10 mil funcionários.
Veja mais: Conheça o Lifan 530, o "Voyage chinês"
Mas como toda empresa chinesa que cresceu rapidamente nos últimos anos, a Lifan ainda encontra barreiras para ganhar a confiança de mercados fora da China, que são mais exigentes por conta de questões culturais. Na China, a indústria de carros é relativamente nova, por isso é preciso correr contra o tempo. Questões de marketing e pós-venda estão sendo consideradas somente agora.
Dong Yang, presidente da associação de fabricantes de veículos da China, a “Anfavea” chinesa, também participou da convenção e admitiu que os fabricantes chineses ainda falham na área de qualidade e isso deve ser revertido para o país ganhar posição de destaque no segmento automobilístico mundial. “É preciso mudar e rapidamente, não podemos mais ignorar essas questões. O mundo está de olho da China”, contou.
Para melhorar, a Lifan não está poupando dinheiro na área de desenvolvimento. Em 2013, a marca inaugurou um dos maiores centros de pesquisa automotiva da China, em Chonqing, onde há diversos laboratórios de testes com os mais modernos recursos. As tecnologias presentes no novo centro também compõe o arsenal de montadoras tradicionais, como BMW e Toyota. No Brasil, por exemplo, não há nada parecido com a estrutura recém-lançada na China. Além disso, a marca vem contratando profissionais que atuaram em outras empresas, para acertar a fórmula de negócios que tanto agrada o Ocidente. No entanto, ainda há muito a fazer.
Os carros da Lifan, assim como os de outras marcas chinesas, estão melhorando a cada nova geração. As tão polêmicas cópias de modelos ocidentais estão caindo em desuso, embora ainda haja certa “inspiração” de outras marcas em determinados componentes de alguns modelos – ainda copiam-se faróis, grades, paineis... O compacto 320, que se orgulhava de ser o “clone” do Mini Cooper, por exemplo, foi retirado de diversos mercados após virar motivo de chacota, e na nova linha (que não vem para o Brasil) seu visual foi reformulado para ganhar um aspecto mais original. Sinal de que os chineses aprenderam com as críticas.
Expansão mundial
Pode até parecer engraçado, mas o chineses não gostam de carros de marcas chinesas. Eles preferem modelos estrangeiros ao da indústria local e os alemães parecem ser os preferidos. Por isso, a Lifan busca crescer no exterior. O Brasil, por exemplo, é o terceiro maior mercado externo da marca, atrás de Rússia e Etiópia, com quase 2 mil carros vendidos em 2013
Os carros da Lifan que vem para o mercado brasileiro são produzidos atualmente (em regime CKD) no Uruguai, cuja planta ainda opera longe de seu limite anual de 20 mil unidades – a linha atual produz cerca de 6.000 unidades do jipinho X60. Com o lançamento de dois novos produtos em julho – o sedã 530 e o utilitário Foison – a fábrica chegará próximo de seu limite operacional. E aí que o Brasil entra na jogada.
“O Brasil é um mercado enorme, não podemos negar e temos interesse em participar dele”, contou Mingshaw ao AUTOO. No entanto, ainda não é o momento certo de erguemos uma fábrica no país, pois temos compromissos com o governo do Uruguai, que nos cedeu incentivos para produção, e também precisamos melhorar nossa imagem com o brasileiro, que foi arranhada na administração do Grupo Effa”, revela.
O Grupo Effa, do Uruguai, foi o responsável por trazer a Lifan a América Latina, no entanto, não deu a devida importância ao pós-venda e deixou muitos clientes desamparados. Foram tantos problemas, que os chineses foram obrigados a assumir a operação, com todos seus ativos e passivos. E a mudança fez bem a montadora, que desde então começou a crescer e aparecer.
“Durante a Copa do Mundo teremos a chance de conhecer melhor os brasileiros. A partir daí poderemos tomar novas decisões em relação a esse mercado”, contou Mingshaw, que se declarou fã do futebol brasileiro.