Kia quer dar volta por cima com mini-Sportage
Marca passará a importar carros do México em 2016 e lançará no Brasil o SUV KX3, o sedã Cerato e o compacto Rio
Quando o governo federal restringiu a importação de veículos em 2011, dizem que o alvo eram as marcas chinesas, que começavam a inundar o mercado com carros baratos e equipados. No entato, quem mais sofreu com o imposto extra foi a coreana Kia.
A marca, parte do grupo Hyundai, terminou aquele ano com mais de 77 mil carros vendidos e a 11ª posição no ranking de vendas do país. De lá para cá, a Kia foi minguando até chegar a apenas um terço do volume de quatro anos atrás.
O grande problema da Kia não está na falta de dinheiro para investir numa fábrica no Brasil, um passo natural para uma montadora bem vista no mercado, mas sim no imbróglio da Asia Motors, montadora que foi absorvida por ela na Coreia e que deixou nosso país sem quitar suas dívidas fiscais com o governo graças ao incentivo recebido para levantar uma fábrica em território nacional que não recebeu um tijolo sequer.
O assunto ainda gera insegurança na matriz da empresa, que reluta em se arriscar a ser cobrada por isso. A solução, no entanto, virá do México, onde a montadora conclui sua primeira fábrica local. É de lá que chegarão novos modelos que darão um novo fôlego a operação brasileira, capitaneada pelo grupo Gandini.
Mini-Sportage
A produção mexicana começará no início de 2016 com o sedã Cerato, que passará a ser importado de lá poucos meses depois. O carro já foi o Kia mais vendido do país, mas hoje, com o preço nas alturas, tem vendas discretas, embora seja bem superior ao modelo anterior.
Em seguida, a fábrica da Kia passará a montar o Rio, um compacto equipado que possui carroceria hatch e sedã. Esse modelo chegou a ser cogitado para o Brasil e até clínicas a marca fez, porém, a alta dos impostos inviabilizou seu lançamento. Agora o momento é favorável já que esse tipo de carro vende bem, basta ver a boa aceitação do Ford Fiesta e do Hyundai HB20, para citar dois exemplos.
O modelo que deverá fazer diferença, entretanto, é o KX3, um SUV compacto da mesma categoria do EcoSport e HR-V e que tem semelhanças visuais com o Sportage. Ele passará a ser produzido até o final do ano que vem.
Cota dobrada
A esperança da Kia reside no fato de os carros mexicanos terem isenção de imposto de importação. São menos 35% na conta, que podem compensar os 30 pontos percentuais de IPI que os importados pagam. “Com isso, poderemos distribuir melhor esse custo a mais entre os modelos vindos do México, Uruguai e Coreia, e assim conseguir oferecer preços mais competitivos”, explica um executivo da marca.
Por aderir ao Inovar-Auto como importadora, a Kia pode vender 4,8 mil carros sem pagar os 30 pontos extras. Caso o esforço da Abeifa, a associação das marcas importadoras, tenha efeito, a ideia é que essa cota dobre em 2017. Todas essas mudanças podem fazer com que a Kia volte a vender bem no Brasil, talvez não como ocorreu em 2011, mas numa condição mais equilibrada perante os concorrentes. Clientes que gostam da Kia não faltarão.