J5 ainda não está à altura dos rivais

Sedã médio da JAC deixa a desejar em conforto e desempenho, itens cruciais nesse segmento

JAC J5: chineses precisam de mais bagagem para concorrer entre os sedãs médios | Imagem: AUTOO

A matriz da JAC na China deve ver Sergio Habib como um semi-deus. O empresário brasileiro caiu dos céus para a montadora ao trazer todo seu expertise para seus produtos, criados sem grande referência do Ocidente. Bem mais coerentes que seus rivais locais, os veículos da marca chinesa têm identidade visual própria e boas sacadas, mas deixam transparecer a falta de experiência de seus projetistas, como por exemplo, instalar uma suspensão traseira independente num compacto barato, caso do J3.

É algo ótimo para o cliente, mas impensável entre as montadoras instaladas no Brasil devido ao custo elevado. A falta de padrão na montagem também é outro deslize comum nos produtos feitos lá. Parte desses problemas foi resolvida com a intervenção da SHC, a holding de Habib que é parceira da JAC. As mudanças implementadas por eles, inclusive, já estão sendo usadas no próprio mercado chinês.

É algo promissor, mas que não esconde o fato que alguns modelos da marca ainda deixem a desejar. É o caso do J5, o sedã médio que a JAC lançou no Brasil há alguns meses.

O modelo é o mais bem resolvido esteticamente na linha. Chega a ser confundido com um Volkswagen além de ter um porte até mais avantajado que carros mais caros. Mas é o motorista que perceberá as limitações dele. Por dentro nem mesmo a plástica promovida pela SHC conseguiu sanar as deficiências do sedã, que é barulhento e carece de alguns refinamentos em sua construção. O console, que recebeu um acabamento do tipo “Black piano”, envernizado, deu um aspecto melhor ao painel, mas nada que o faça parecer adequado ao que se espera desse tipo de carro.

Faltam também equipamentos comuns à categoria como piloto automático, sistema multimídia, comandos satélites no volante e o principal, a opção de transmissão automática, a mais adquirida pelos consumidores. Em compensação, há alguns itens esperados como o ar-condicionado digital e faróis com regulagem de altura, por exemplo.

 
 
JAC J5 2013 JAC J5 2013
JAC J5 2013 JAC J5 2013
JAC J5 2013 JAC J5 2013
JAC J5 2013 JAC J5 2013
JAC J5 2013 JAC J5 2013
O porta-malas tem bom tamanho para a categoria: 460 litros O porta-malas tem bom tamanho para a categoria: 460 litros
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Motor de compacto

Se o J3 se destaca no seu nicho por ter um motor mais avançado e outros refinamentos raros entre seus concorrentes, o J5 peca justamente por utilizar um propulsor fraco. O motor 1.5 a gasolina oferece apenas 125 cv de potência. É mais do que tem o Jetta 2.0 8V, mas parece que o chinês tem menos. Nas retomadas ou com o carro mais carregado, é nítida a dificuldade em acelerar.

Dirigir o J5 na cidade também não é uma experiência das mais agradáveis. Apesar da suspensão independente nas quatro rodas, o sedã bate duro em algumas oscilações no asfalto e o isolamento acústico mal filtra esse sofrimento.

Outros concorrentes

Se no visual o J5 dá a entender que briga com a “série A” dos sedãs médios, na verdade ele participa de outro “campeonato” onde hoje estão o Honda City, o Fiat Linea e o Kia Cerato. O Linea se dá melhor em potência e numa rede numerosa, mas peca pela falta de apelo. Já o coreano e o japonês se destacam pelo conjunto confiável, pela opção de transmissão automática e também em razão da fabricação cuidadosa.

Contra eles, o modelo chinês ganha em espaço e até design, mas ainda é uma incógnita em matéria de confiança da marca. Esse aspecto, no entanto, só virá com o tempo, mas seria bom a JAC corrigir logo certas fraquezas do modelo (até que simples de resolver) para que o J5 deixe ser apenas uma cara bonita.