Fernando Calmon

Engenheiro e jornalista especializado desde 21 de agosto de 1967, quando produziu e apresentou o programa Grand Prix na TV Tupi (RJ e SP) até 1980

Ibama e Anfavea resolvem impasse sobre carros inacabados em 2021

Se acordo não fosse alcançado, unidades virariam sucata por conta da nova regra de emissões

A exposição é sobre tecnologia na forma mais ampla, em Las Vegas, Nevada (EUA). Alguns fabricantes de veículos estão presentes, embora respondam por uma parcela ínfima dos 2.200 expositores. Trata-se do CES (sigla original em inglês de Salão de Eletrônica para Consumidores) que se realiza de 5 a 8 de janeiro. Este ano, entre os destaques, estão Chevrolet e Mercedes-Benz.

A primeira apresenta a picape grande Silverado EV, um novo produto 100% elétrico, que só estará à venda em meados de 2023 como modelo 2024. Sua arquitetura chamada Ultium é a mesma da submarca Hummer, relançada em 2021 como protótipo de picape de cabine dupla com nada menos de 1.000 cv de potência e três motores elétricos.

Versões mais baratas, de um e dois motores, também estarão na Silverado EV. Manterá a tração 4x4 e um interessante sistema de direção nas quatro rodas que diminui o diâmetro de giro de forma notável. O novo modelo é a resposta às picapes elétricas Ford F150 Lightning, Tesla Cybertruck e Rivian R1T.

O carro-conceito Vision EQXX antecipa o que a Mercedes-Benz espera de um futuro sedã elétrico para viagens longas com 2,8 m de entre-eixos (equivalente ao Classe C) e conforto a bordo. A tela multimídia mede nada menos de 1,21 m de largura. O alcance anunciado é de até 1.000 km com uma única carga na bateria, mas a fabricante não informou que velocidade média o motorista precisa manter. Simulações digitais indicam um consumo de energia surpreendentemente baixo de menos de 10 km/kWh.

Tração e motor traseiros, potência de 150 kW (204 cv) e torque não revelado. A nova bateria de 900 V e 100 kWh do EQXX é compacta e pesa apenas 495 kg. O próprio carro (1.750 kg) usa materiais leves e sustentáveis.

Autocontrole de velocidade na Europa

A legislação de segurança ativa na União Europeia (EU) será a mais rigorosa do mundo. A partir de julho próximo, começarão novas exigências de forma escalonada, até 2024, quando nenhum veículo poderá ser vendido sem itens como Frenagem Automática de Emergência, Assistente de Permanência na Faixa de Rolagem e Reconhecimento de Estado de Sonolência e Distração. Estes itens já são oferecidos de série ou opcionalmente até em modelos compactos europeus. No entanto, haverá uma novidade que interfere na forma do motorista dirigir e se chama ISA, sigla em inglês para Assistência Inteligente de Velocidade.

Existe mais de um sistema ISA, porém o ponto de partida é a câmera interna que lê as placas de velocidade máxima na via e acende um alerta no quadro de instrumentos. A proposta inicial era de cortar momentaneamente a potência do motor até a velocidade se adequar à permitida. Se o motorista exercesse uma leve pressão no acelerador, a potência se restabeleceria imediatamente. Alguns teóricos acham que isso poderia diminuir as mortes nas estradas em até 20%, sem evidências respaldadas em fatos ou testes, além do simples voluntarismo. Faz parte da mentalidade anticarro já bastante conhecida.

Contudo, a ISA não será implantada desta forma na Europa. Prevaleceu o bom senso e o que se tornará obrigatório é um sinal sonoro com a duração de no máximo cinco segundos, se o carro ultrapassar a velocidade permitida. Mas, por lei, o motorista poderá desligar o sistema. Diferente, portanto, do aviso de cintos de segurança que continua a soar até motorista e ocupantes os afivelarem.

A regulamentação europeia obriga que as fabricantes de veículos registrem dados anônimos sobre como a ISA está sendo usada ​​e se os motoristas preferiram desligá-la. Em 2026, deve ser possível ver, com base em dados do mundo real, se este sistema é mesmo eficaz.

ALTA RODA

RESOLVIDO o imbróglio sobre carros inacabados no final de 2021 por falta de componentes, basicamente semicondutores, além de atrasos logísticos. Eles não poderiam ser vendidos, se fabricados a partir de 1º de janeiro último, em razão dos prazos do programa de emissões Proconve PL7. Acabou, entretanto, prevalecendo um acordo sensato entre Ibama e Anfavea. Aquelas unidades poderão ser completadas até 31 de março e comercializadas até 30 de junho de 2022. 

PROCONVE PL7 vai além de limitar, já em 2022, teores de gases de escapamento por meio de catalisador com carga maior de platina, paládio e ródio. Desde 1997 as emissões evaporativas com o carro parado são controladas e, a partir de 2023, também o que evapora quando o veículo é abastecido. Obriga a modificações no tanque de combustível, no tubo onde se encaixam os bicos das bombas dos postos e no cânister (filtro de carvão ativado). PL7 evaporativo será implantado em etapas: 20% das vendas em 2023, 60% em 2024 e 100% em 2025.

REFLETINDO as dificuldades de produção de veículos novos em 2021, o mercado de carros seminovos e usados teve um ano considerado muito bom, segundo a Fenauto, federação de lojistas multimarcas de todo o País. No total foram comercializados 15,1 milhões de unidades, entre veículos leves e pesados: 17,8% a mais que em 2020 e volume 3,5% superior a 2019, ano de pré-pandemia de Covid.

Chevrolet Silverado EV RST 2024
Chevrolet Silverado EV RST 2024
Imagem: Divulgação

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