Hyundai Azera, o sedã que flutua
Retocado, o sedã que ajudou a Hyundai a virar marca desejada esbanja conforto, mas está longe de ser acessível como o primeiro modelo
Apesar do avanço implacável dos SUVs, os sedãs ainda estão entre os carros mais desejados no mundo, sobretudo os de médio porte. Não, não estamos falando de Corollas e Civics e sim dos verdadeiros médios que no Brasil são considerados modelos de luxo.
Seja nos Estados Unidos ou na Europa, ele é o automóvel da classe média por assim dizer. Mas há sedãs e sedãs. Para o europeu existe uma receita assim como os americanos preferem outros ingredientes. O maior exemplo dessa disparidade chama-se Passat. O famoso carro da Volkswagen é de um jeito nos EUA e de outro no resto do mundo.
No caso da Hyundai, o Azera, seu ‘sedã médio’, a receita é única e privilegia o público norte-americano.
Status no Brasil
O que isso significa? Um automóvel mais voltado para o conforto que desempenho. Basta ver o revestimento do volante, com detalhes laqueados no topo, o famoso ‘black piano’ – outras rivais optam por couro com costuras ‘esportivas’.
Desde o começo do ano, o Azera passou a ser ‘new’: a Hyundai aplicou algumas alterações visuais nos faróis, para-choques e lanternas, um retoque bem discreto, assim como ocorreu com o nacional HB20.
Na essência, é o mesmo carro, ou seja, longe do sucesso da primeira geração. Na época, o Azera era um carro de design apenas razoável, mas com um preço imbatível que o fazia brigar frente a frente com o Fusion, que por ser mexicano já era mais barato.
Esse período acabou dando ao Azera um status no Brasil que sepultou até mesmo o futuro do seu irmão mais ousado e moderno, o Sonata, cuja carreira aqui foi curta.
Mimos por todos os lados
O problema é que agora o Azera é bem mais caro: custa R$ 157.990 em versão única. É bem mais que o novo Passat, que começará a ser vendido em janeiro, por exemplo. Por esse valor, você leva um sedã extremamente silencioso e, como dissemos, muito confortável.
Há aquecimento nos bancos e volante, ar-condicionado de duas zonas, ajustes elétricos dos bancos com memória e botões instalados nas portas como um Mercedez-Benz. O espaço é generoso e a sensação de amplidão é reforçada pelo teto solar panorâmico. A Hyundai equipa o modelo até com persianas retráteis típicas de carros maiores.
Flutuando pelas ruas
O Azera roda pelo sofrido asfalto brasileiro com galhardia: parece que flutua num piso perfeito tamanha maciez da suspensão. Os ruídos ficam longe de você e mal dá para escutar o motorzão 3.0 V6 lá fora.
A parte mecânica é apenas ok. O propulsor Lamba II, com 250 cv de potência e 28,8 kgfm de torque, leva o Azera a acelerar de 0 a 100 km/h em 8,7 segundos. São 2 segundos a mais que o Passat com seu motor 2.0 turbo de 211 cv.
A transmissão automática de 6 velocidades talvez explique parte desse ‘gap’ já que privilegia as trocas suaves, mas o peso de quase 1,6 tonelada contribui para esse desempenho modesto.
Já vi isso no HB20
E não estranhe se você tiver uma sensação de ‘deja vú’ no Azera: o interior lembra o de outros Hyundai mais baratos como o HB20. A estratégia é comum hoje em várias marcas, mas incomoda ver o mesmo volante num compacto, num SUV e num modelo de luxo, por exemplo. No caso da Hyundai, isso significa olhar para a central multimídia ou no desenho acinturado do console central.
Como um bom sofá
Pela faixa de preço que concorre, o Azera merecia alguns sistemas mais avançados como o ACC, o Lane Assist e um Park Assist (ele só traz sensores e câmera de ré), mas isso não deve ocorrer tão cedo. Em compensação, você se acostuma com as mordomias do freio elétrico, da partida por botão ou da chave com sensor de presença, além das outras já citadas e logo começa a achar que está num mundo à parte do trânsito e do stress das grandes cidades. E o Azera passa a ser como um bom sofá, que te aconchega e do qual você não vai querer sair tão cedo.