Honda com mais um sedã no Brasil?
Registro no INPI revela que montadora decidiu patentear o sedã Crider, primo do City, no país, dando indícios de uma possível mudança em sua estratégia
Uma breve análise nos emplacamentos de 2018 revela um fato incômodo para a Honda. A rival Toyota vende 31% mais sedãs no Brasil que ela e o mais grave, com apenas um modelo, o Corolla, contra dois produtos, Civic e City – só há pouco tempo ela ganhou mais um veículo, o Yaris, ainda em subida nas vendas.
Não bastasse o custo de ter dois modelos diferentes em produção, a Honda também fatura muito menos do que a Toyota nesse segmento, algo como metade da receita que sua rival consegue apenas com o Corolla, um produto de ticket médio bem mais alto.
Por isso não é de estranhar que a Honda tenha decidido registrar a patente de um novo modelo de sedã no Brasil, como mostra a publicação mais recente do INPI, instituto que controla esse assunto por aqui.
Trata-se do Crider, um modelo baseado no City mas criado originalmente para a China e lançado a partir de 2013. Por essa razão, o sedã é grande, até maior que o Civic em alguns aspectos, além de ter um design mais opulento.
Mas qual seria a lógica de lançar um concorrente interno para o Civic? Aí é que pode estar o segredo: o Crider pode ser o novo City com uma proposta diferente da atual.
Pouco por muito dinheiro
É fato que o City é um sedã que não teve a aceitação no Brasil que se esperava. Embora seja compacto, ele custa muito, entre R$ 75 mil e R$ 85 mil – a versão DX manual é ignorada nas lojas. É verdade que hoje ele tem concorrentes mais próximos como o Virtus e o Yaris, mas a baixa procura – em agosto foram somente 1.200 unidades – pode denunciar que o consumidor não parece disposto a levar um carro que nem ESP traz como opcional.
Por outro lado, o próprio Civic tem sofrido com uma demanda baixa mesmo sendo mais atual que o Corolla. Em vez de repetir o sucesso da 8ª geração, o conhecido “New Civic”, que rompeu com o design apático de sedãs, o atual sedã, embora muito ousado, não conseguiu cativar aquele cliente que flutua entre a Toyota e a Honda.
Nesse cenário, um sedã de design mais clássico, dimensões mais generosas e um conteúdo melhor – com direito a painel digital no cluster e tela flutuante na central multimídia – pode ser a resposta para enfrentar não só seus rivais diretos mas também parte da clientela do Corolla.
Como utiliza a mesma plataforma do City, o Crider não significa uma custosa adaptação. A grande questão é saber qual será o futuro desse segmento de mercado, que passou a sofrer também com o crescimento dos SUVs compactos, para variar.