Há 40 anos, Fiat Uno revolucionou a forma de se projetar e fabricar carros

Modelo emblemático também no mercado brasileiro instituiu as técnicas que servem de base até hoje no desenvolvimento dos veículos modernos
Fiat Uno no lançamento em 1983 na cidade de Cabo Canaveral, nos EUA

Fiat Uno no lançamento em 1983 na cidade de Cabo Canaveral, nos EUA | Imagem: Divulgação

Em 19 de janeiro de 1983 a Fiat realizou o lançamento global do Uno, modelo que também viria a ganhar enorme relevância no mercado brasileiro. 

O palco para a estreia global foi a cidade de Cabo Canaveral, nos EUA, cenário ligado à conquista espacial e que ajudava a transparecer a tecnologia e o legado que o Uno viria a deixar na história automotiva. 

O Uno nasceu do maior investimento que a Fiat havia realizado até então no desenvolvimento de um automóvel, consumindo 1 trilhão de Liras. 

Entre os ineditismos de seu projeto, o Uno foi o primeiro automóvel da marca italiana em que os times de engenharia e design substituíram as antigas mesas de desenho por estações computadorizadas com a tecnologia CAD (sigla para Computer Aided Design, ou desenho assistido por computador). 

O salto na tecnologia, destaca a Fiat, permitia precisão e margens de tolerância reduzidas a zero, atributos que não eram alcançados em projetos manuais. 

Também coube ao Uno inaugurar uma linha de montagem no formato mais próximo ao das fábricas atuais, com o uso extensivo de robôs. 

Na época a Comau, empresa especializada em automação hoje parte da Stellantis, já operava desde 1978 o Robogate, sistema de produção e montagem de carroceria capaz de efetuar pontos precisos de soldagem para cada peça do veículo. 

Porém, foram graças aos investimentos no projeto do Uno que o Robogate ganhou em qualidade e uniformidade graças a uma automação muito maior da linha de montagem. 

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Já em 1985, o Uno foi o primeiro modelo da Fiat a contar com o motor FIRE, acrônimo para Fully Integrated Robotized Engine

Em comparação com o motor anterior utilizado em todos os veículos Fiat, o novo FIRE era mais compacto e leve (apenas 69 kg), mais simples na sua filosofia de design (com 95 componentes a menos), mais moderno (passando de um sistema de hastes e balancins para um cabeçote com comando de válvulas), mais confiáveis e fáceis de montar”, explica a marca. 

Detalhe do Fiat Uno em sua versão de entrada na Europa
Detalhe do Fiat Uno em sua versão de entrada na Europa
Imagem: Divulgação

Por fim, entre os feitos do Uno, a Fiat destaca que coube ao hatch inaugurar o conceito do “design funcional”. O compacto, por exemplo, inovou ao oferecer uma carroceria com para-brisa mais inclinado para a frente, como se tivesse uma forma de “volume único”, detalha a Fiat. 

Além disso, a maior inclinação do capô uniu a janela lateral e o próprio capô. O vidro traseiro ficou totalmente nivelado enquanto, pela primeira vez, a calha de chuva acima da porta foi eliminada. Graças aos robôs de fábrica, a soldagem do teto com a lateral ocorreu por meio dos famosos “suspensórios”. 

Tudo isso permitiu maior acessibilidade e facilidade na entrada e saída do veículo. Além disso, bastou alguns centímetros para elevar o assento do motorista, permitindo um controle e manobrabilidade inigualáveis”, relembra a montadora italiana. 

O Fiat Uno é um arquétipo que foi copiado por muitos concorrentes e abriu caminho para que eles apresentassem seus produtos. No entanto, a Fiat continuaria a ser a líder absoluta neste segmento, tanto que uma versão turbo de injeção eletrônica abriria caminho para hatchbacks compactos e esportivos”, conclui Roberto Giolito, responsável pela Stellantis Heritage. 

Material de divulgação do Fiat Uno em 1983 durante sua estreia global
Material de divulgação do Fiat Uno em 1983 durante sua estreia global
Imagem: Divulgação

César Tizo

O "Guru dos Carros", César Tizo se juntou ao time este ano e está à frente dos portais AUTOO e MOTOO. É o expert em aconselhar a compra de automóveis