Há 20 anos, EcoSport dava início a revolução SUV no Brasil
Modelo compacto da Ford abriu um novo território no mercado, mas sucumbiu à concorrência massiva que surgiu em meados da década passada
Foi em janeiro de 2003 que um carro de formas retangulares e estepe instalado no lado externo do porta-malas causou surpresa no Brasil. Era o EcoSport, uma espécie de mini-Explorer, o conhecido utilitário esportivo da Ford, que fez sucesso na década de 90.
Baseado na mesma plataforma do Fiesta fabricado em Camaçari, na Bahia, o estreante SUV compacto abriu caminho para uma revolução que viria a tornar esse segmento o mais forte no país, desbancando os então imbatíveis hatchbacks.
Curiosamente, o EcoSport, a despeito do sucesso inicial, não provocou nenhuma resposta imediata das concorrentes da Ford. A Chevrolet, por exemplo, tinha acabado de lançar a Meriva, uma minivan compacta que era mais avançada e bem acabada que o SUV.
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Ainda assim, a montadora norte-americana usou uma ‘manobra’ para oferecer algo parecido, o Tracker, uma versão Chevrolet do Suzuki Grand Vitara. Mas o modelo era o que se pode chamar de utilitário esportivo ‘raiz’, com carroceria e chassi separados.
O EcoSport, não. Tratava-se de um SUV estético, com tração dianteira e chassi monobloco como o Fiesta. O modelo devia em qualidade de construção, mas entregava algo que o público esperava, um porte mais agressivo, altura do solo elevada e o ‘charme’ da tampa do porta-malas de abertura lateral.
Primeiros rivais
Duas décadas atrás, no entanto, ainda existia um debate sobre SUVs autênticos, que deveriam entregar tração 4x4 e alguma disposição no off-road. Por isso a Ford foi à luta e desenvolveu uma versão com tração integral, a 4WD, de aceitação razoável.
Foi apenas em 2011 que o EcoSport encontrou um rival de fato, o Duster, da Renault. Assim como o Ford, o carro da marca francesa era um derivado de um modelo de entrada, o Logan, nascido das mãos da Dacia como um substituto para os automóveis do bloco comunista europeu.
Mas o Duster era um SUV imenso, que oferecia um espaço interno digno de modelos médios. Na estreia, o Renault chegou a bater o EcoSport em vendas, um sinal claro que a Ford havia ‘dormido no ponto’ ao não propor uma nova geração de seu então exclusivo veículo após oito anos do lançamento.
A resposta veio em 2012 com a segunda geração, um modelo com ambição global e um design bastante atraente, mas que mantinha o estepe do lado de fora da carroceria – a versão vendida na Europa, ao contrário, embutiu o pneu num compartimento interno.
O novo EcoSport recuperou a liderança do segmento em 2013, mas a vida do SUV da Ford não seria mais a mesma a partir dali. Embora tenha mantido um bom patamar de vendas em 2014, já havia mais concorrentes no mercado como o mexicano Tracker, baseado no Trax vendido nos EUA.
Ocaso do Ecosport e explosão de vendas
Em 2015 veio o golpe mortal para o Ford: a chegada do Jeep Renegade e do Honda HR-V derrubou o EcoSport para o 4º lugar, atrás também do Duster. Nos anos seguintes, mais marcas passaram a disputar esse público como a Peugeot, Nissan e a Hyundai, ampliando drasticamente a participação dos SUVs compactos no Brasil.
Se em 2014, os utilitários esportivos eram apenas o 7º segmento mais vendido, cinco anos depois eles já estavam em 3º lugar, pouco atrás dos sedãs compactos.
Desde 2021, os SUVs como um todo passaram a ser o tipo de veículo mais emplacado, superando com boa margem os hatches.
O EcoSport, que trouxe a receita do “utilitário esportivo urbano”, ficou pelo caminho. No mesmo ano em que os SUVs assumiram a liderança de vendas, a Ford decidiu fechar suas fábricas no Brasil, colocando fim ao pioneiro veículo.
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