Guia do Carro Usado: Honda Civic
Sedã vai deixar de ser fabricado no Brasil, mas conta com boas opções no mercado de usados
A história do Honda Civic se confunde com a de sua montadora. Um dos modelos de maior sucesso da marca no mundo, o carro foi fundamental para a Honda no Brasil, sendo o primeiro modelo fabricado pela empresa no país. Isso vai mudar em breve, já que a décima geração do sedã vai deixar de ter produção brasileira, como antecipamos com exclusividade, e o carro voltará a ser importado, encerrando este capítulo de sua história no Brasil.
Vendido no mercado brasileiro desde 1992, o Civic cresceu em tamanho e importância durante quase toda a sua vida, perdendo o fôlego nesta última geração. Talvez este processo tenha mais a ver com a atual preferência pelos SUVs, que crescem de maneira vertiginosa nos últimos anos, do que por problemas do próprio carro.
Ao longo desses quase 30 anos, o modelo da Honda teve diversas fases no Brasil. Primeiro, como importado, chegou a ser oferecido em diversas carrocerias, que eram equipadas com os motores 1.5 de 92 cv e 1.6 de 125 cv. Em 1995 chegou uma das versões mais cobiçadas de todos os tempos, o Civic VTi hatch. Esportivo, ele utilizava o motor 1.6 VTEC de 160 cv e marcou época.
A partir de 1997, já como nacional, o Civic adotou a carroceria sedã como a oficial, se transformando em sinônimo de sedã médio, ao lado do eterno rival Toyota Corolla. Nessa altura, o modelo estava na sexta geração, sendo que a sétima foi lançada em 2001, mudando completamente o visual, trocando o motor 1.6 pelo 1.7 (de 115 cv ou 130 cv, no caso do VTEC).
E por mais que sempre tenha vendido bem, o Civic viveu seu auge de popularidade, tanto em vendas quanto em crítica, durante a oitava geração, que durou de 2006 a 2012. Também chamado de New Civic, o modelo adotou uma linha mais esportiva com motor 1.8 de 140 cv nas versões convencionais, enquanto que o Si, o esportivo de fato, tinha o 2.0 de 192 cv.
A nona geração, vendida entre 2012 e 2016, ficou mais conservadora, mas corrigiu alguns problemas do modelo anterior, como o pouco espaço do porta-malas. Último suspiro do Civic nacional, a 10ª geração trouxe um visual mais agressivo em 2016, mas nunca conseguiu encostar no rival Corolla, se despedindo de maneira melancólica em 2021.
Pontos fortes
Seja qual for o ano ou geração do Civic, o carro sempre foi conhecido por ser robusto e quase não dar problemas. No modelo de 10ª geração, o último Civic nacional até aqui, não há relatos de falhas crônicas até o momento. Além disso, o amplo espaço interno e do porta-malas do modelo atual são bons pontos positivos do sedã.
Da sétima geração até a nona, o Civic teve assoalho plano na traseira, o que facilita a vida de quem viaja no assento do meio do banco traseiro. No modelo atual, por sua vez, há um túnel central bem elevado.
E por falar na 10ª geração do Civic, ela conta com um bom pacote de equipamentos em quase todas as versões, principalmente na Touring. Esta também é a única equipada com o propulsor 1.5 turbo a gasolina de 173 cv, sempre acoplado ao câmbio automático CVT. Além de ser potente, ele ainda confere um bom índice de consumo, fazendo cerca de 12 km/l na cidade e quase 15 km/l na estrada.
Para quem gosta de um autêntico esportivo, o Civic conta com modelos apimentados em quase todas as gerações. Além dos já citados VTi, dos anos 1990, e do Si nacional, produzido entre 2007 e 2012, houve duas versões Si na carroceria cupê. A primeira chegou em 2015 e tinha motor 2.4 aspirado de 206 cv. Já a segunda veio em 2018 e era equipado com o mesmo motor 1.5 do Civic Touring, mas recalibrado para render 208 cv de potência. Todos os Si foram equipados com o câmbio manual de seis marchas.
Pontos fracos
Como já dito, praticamente não há relatos de problemas no Honda Civic, mas há alguns problemas que podem incomodar. No caso da geração atual, a central multimídia do carro nunca foi uma unanimidade. Ela sempre foi lenta e nem sempre consegue parear de maneira satisfatória com os celulares.
E há versões que nem contam com a central touchscreen. O modelo Sport, que foi o último equipado com câmbio manual, trazia um som convencional e com tela monocromática. Por mais que tivesse conexão Bluetooth, não era uma referência em conectividade, principalmente nos tempos atuais.
Durante alguns anos, a versão EXL, que chegou a ser o modelo mais completo com o motor 2.0, não tinha sensores de estacionamento de série. Então, por mais que a lista de equipamentos agrade em geral, há alguns itens que o carro deve que não faz muito sentido.
A visibilidade também costuma ser alvo de críticas, principalmente a traseira, por conta do estilo cupê da 10º geração.
Qual versão comprar?
O Civic é um carro longevo e que teve diversas fases no Brasil. Portanto, há uma enorme variedade no segmento de usados. No caso da geração atual, vale a pena investir no modelo Touring, por conta do motor 1.5 turbo, ou até mesmo na EXL 2.0, que sempre entregou um bom pacote de equipamentos.
A versão Sport manual pode agradar os entusiastas, mas é preciso ter ciência que esse modelo pode ter uma revenda mais difícil, já que há uma preferência maior pelas versões automáticas. Agora se o objetivo é ter um Civic esportivo, o jeito é partir para os modelos Si, que entregam um tempero a mais e devem se tornar clássicos modernos.
Agora, caso a ideia seja comprar modelos mais antigos do Civic, com mais de cinco anos de uso, o ideal é pensar bem se o negócio compensa e procurar sempre por carros com boa procedência. Afinal, carros mais antigos tendem a apresentar mais problemas, por conta dos desgastes naturais das peças.