Grand Livina: minivan anabolizada

Nascida de um modelo compacto, a Nissan ganhou musculatura para oferecer espaço para sete passageiros

Nissan Grand Livina | Imagem: Nissan

Já viu aquela história de lutador de boxe que ganha massa muscular para subir de categoria? A Nissan fez a mesma coisa com a Grand Livina, a versão de sete lugares da minivan Livina. Embora sua plataforma seja de um compacto, ela esticou daqui, esticou dali e conseguiu que o modelo conseguisse enfrentar a Zafira, da Chevrolet.

Não é um recurso exclusivo dos japoneses – a Fiat fez o mesmo com o sedã médio Linea, que deriva do Punto, considerado um compacto. A vantagem é que o veículo acaba sendo mais leve e de construção mais barata e, portanto, mais acessível para o consumidor.

Claro que há restrições e elas aparecem geralmente em duas dimensões, a largura e o entre-eixos, onde é mais difícil mexer. Para acomodar mais duas pessoas (crianças, para sermos exatos), a Nissan esticou a Grand Livina em 24 cm na traseira, por isso a diferença mais visível nas ruas é a terceira janela mais longe e não triangular, como na Livina.

Já em relação à Zafira, a Nissan é 5 cm mais estreita e 10 cm menor entre os dois eixos. Parece pouca coisa, mas influencia. Três pessoas vão um tanto apertadas na fileira central, mas a marca japonesa conseguiu distribuir muito bem o espaço longitudinal e o resultado é que as pernas dos ocupantes ficam folgadas em relação à fileira da frente.

Típico japonês

Não dá para negar que a Nissan estudou a primeira geração do Fit quando pensou na Livina. A mesma racionalidade está presente no seu ambiente. Linhas simples, posição de dirigir elevada, mas sem a altura de uma minivan francesa, por exemplo, e instrumentos funcionais, mas sem apelo estético. Até os três mostradores divididos em círculos ela apresenta.

Mas a Grand Livina é maior que o Honda e não estamos falando apenas de assentos. O espaço da cabine é mais amplo e a Nissan teve o bom senso de optar por um motor e câmbio eficientes – o 1.8 16V, de 125 cv e 1,75 kgfm de torque que é usado também no Tiida e a transmissão manual de seis marchas, bem escalonada.

Com eles e a suspensão simples, mas bem ajustada, a Grand Livina é um carro gostoso de dirigir na cidade e cumpre bem o papel na estrada. Dá para rodar em ruas de bairros muitas vezes apenas com a 3ª marcha e seu bom torque. Outra característica dela é a rigidez da construção: quase não se ouve movimento dos paineis a bordo, coisa rara em compactos. Até o acabamento que não chega a ser atraente, ao menos, passa um cuidado superior a tantos modelos cheios de plástico de qualidade duvidosa.

Terceira fileira

Mas e os dois passageiros do “fundão”? Como dissemos, viajam apertados afinal não há muito milagre nesse sentido. Até modelos maiores acabam restringindo o conforto de quem vai no lugar onde fica o porta-malas. O acesso na Grand Livina é facilitado por um apoio de pé na entrada e os bancos do meio podem deslizar para a frente para facilitar a passagem. Se não quiser usá-los, basta puxar uma tira gigante e o banco duplo deitará para frente, abrindo espaço para a bagagem. Para oferecer um pouco mais de porta-objetos, os assentos podem acomodar pequenos itens dentro deles, mas seu travamento foi difícil no veículo testado.

Economia de itens

A versão avaliada foi a 1.8 manual, mais acessível de todas, mas pouco valorizada pela Nissan. Isso porque a montadora acabou retirando equipamentos importantes desse modelo que não justificam a redução de preço. O ar-condicionado digital ficou para a versão SL, assim como os espelhos de cortesia do passageiro, bancos de couro, travamento das portas em movimento, rádio com MP3 e conexão para iPod, faróis de neblina, rack de teto, alarme, airbag do passageiro e ABS com EBD, entre outros itens menores. A diferença de preço entre elas não chega a R$ 6 400.

Vale a pena gastar um pouco mais

A Grand Livina é um carro prático para o dia-a-dia. Traz bom espaço interno, desempenho e consumo adequados, uma certa dose de versatilidade e praticidade por um preço um pouco menor que a concorrência. A versão de entrada, no entanto, ficaria melhor se custasse por volta de R$ 52 mil. Com o valor atual (de R$ 55 490) é melhor financiar um pouco mais e levar a SL. Há mais itens de conforto e, sobretudo, de segurança que hoje não podem ser mais dispensados num carro nessa faixa de preço.

 

Ficha técnica

Nissan Grand Livina 2010 SL 1.8 16V flex automático 4p
Categoria Familiar compacto
Motor 4 cilindros, 1798 cm³
Potência 125 cv a 5200 rpm (gasolina)
Torque 17,5 kgfm a 4800 rpm
Dimensões Comprimento 4,42 m, largura 1,69 m, altura 1,585 m, entreeixos 2,6 m
Peso em ordem de marcha 1306 kg
Tanque de combustível 50 litros
Porta-malas 589 litros
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