GNV vale a pena? Conheça prós e contras do combustível mais barato do país
Gás Natural Veicular pode ser um grande aliado na economia, mas é preciso se atentar a alguns detalhes
O GNV, sigla de Gás Natural Veicular, é o combustível mais barato da atualidade. De acordo com os dados da Agência Nacional do Petróleo (ANP), o metro cúbico do gás tem preço médio de R$ 4,30. Como comparação, a gasolina comum tem preço médio de R$ 6,74, enquanto que a aditivada custa R$ 6,90. O etanol tem valor médio de R$ 5,39, e o diesel de R$ 5,36, no comum, e de R$ 5,44, no S-10.
Por conta dessa diferença de valor, e como o preço dos combustíveis não para de subir, o GNV voltou a chamar a atenção dos motoristas. Ele andava meio esquecido, já que a popularização dos carros flex nos últimos 18 anos ofuscou o gás natural. No entanto, por seguir sendo mais em conta que as demais opções, há quem tenha interesse em converter o carro para poder queimar o GNV.
Caso esteja planejando fazer a conversão em seu veículo, veja a seguir algumas características do GNV, quanto custa, em média, o procedimento e para qual perfil de motorista ele é mais indicado.
Modificações necessárias
Para entender melhor tudo que precisa ser modificado no veículo, o AUTOO entrevistou o engenheiro mecânico Alexandre Ribeiro. “O kit GNV consiste, basicamente, em deixar o motor mais robusto para o sistema. É adicionado uma central eletrônica de controle de injeção do GNV. Um redutor de pressão, um filtro, e um sensor de pressão, fluxo e temperatura do combustível também é necessário. Por último, mangueiras de gás e água, novos bicos injetores resistentes à pressão e o cilindro de armazenamento do GNV completam o kit”, explica o especialista.
Como é possível ver, a conversão exige uma longa instalação de componentes. Por isso, seu preço é relativamente alto. De acordo com Alexandre, o valor varia de acordo com o modelo e ano de fabricação, mas custa em média entre R$ 3 mil e R$ 7 mil.
É por conta do valor de instalação que nem sempre a conversão para o GNV é recomendada. Claro que cada proprietário é livre para decidir o que é o melhor para o seu carro, mas Alexandre ressalta que o mais indicado é fazer a conversão apenas caso seja necessário rodar por grandes distâncias diariamente. “Por exemplo, taxistas e motoristas de aplicativo. Isso porque quanto maior a quilometragem rodada pelo veículo, menor será o tempo de retorno de investimento”, disse.
Segundo cálculos da 99, plataforma de mobilidade que iniciou um projeto piloto de aluguel do kit de conversão GNV para carros de motoristas parceiros, a instalação pode gerar, dependendo do modelo do veículo, uma economia mensal de cerca de R$ 1,5 mil em média, para quem utiliza o carro com alta frequência.
Com gás natural, na cidade de São Paulo, cada quilômetro rodado custa em média R$ 0,32 para o motorista (considerando média de preço R$ 4,25 por m³ de GNV). Já com a gasolina esse preço sobe para R$ 0,66 o quilômetro rodado (considerando a média de preço de R$ 6,64 por litro).
Cuidados
Além do aspecto financeiro, há outros cuidados necessários na hora de realizar a conversão para o GNV. Afinal, o barato pode sair caro. “Primeiramente, verifique se o cilindro de armazenamento possui o selo de qualidade do Inmetro e se a oficina que fará o serviço é homologada pelo órgão. Afinal, é o Inmetro quem faz todos os testes necessários para validação do sistema. Fuja de componentes usados, pois adquiri-los ou fazer ‘gambiarras’ na instalação pode causar graves acidentes”, alerta Alexandre.
Após ser feita a conversão, é necessário realizar revisões periódicas no carro, tanto a preventiva, como em qualquer modelo, quanto a do sistema GNV. O engenheiro mecânico diz que é preciso fazer ao menos uma vez ao ano a reverificação do sistema do GNV, e sempre em uma unidade credenciada do Inmetro.
Danos no motor
Uma dúvida frequente é se o GNV, por ser um gás, pode danificar o motor do carro. E por mais que a conversão seja segura e a tecnologia tenha avançado bastante a cada geração do kit, sempre há riscos. “Por se tratar de um sistema estranho ao projeto do carro, já que os componentes não foram dimensionados para a pressão de trabalho do GNV, o uso no longo prazo pode, sim, causar danos no motor”, conta Alexandre.
Segundo o engenheiro, podem surgir trincas no cabeçote, já que há o aumento da pressão no motor, e até mesmo o travamento das válvulas, pois o gás não consegue realizar a mesma lubrificação que o combustível líquido. “Por isso é recomendado que o motorista use o veículo no sistema original, com gasolina ou etanol, por pelo menos 5 km por dia, e que ele siga as orientações do instalador do kit GNV”, finaliza o especialista.
Barato e mais econômico, o gás natural tem suas vantagens. Porém, é necessário analisar se o custo de instalação é compatível com o seu uso com o carro, já que é preciso realizar uma grande modificação no veículo e existe o risco de alguns problemas surgirem ao longo dos anos.