Ford Territory e CAOA Chery Tiggo 7: analisamos os SUVs médios com projetos que nasceram na China
Modelos, ao lado do JAC T60, são os únicos representantes entre os SUVs médios com projetos concebidos na China
Nos últimos anos, a indústria automotiva chinesa e suas marcas locais estão dando sinais sólidos de sua evolução. Ao realizar parcerias com gigantes globais do setor, os chineses souberam adquirir know-how e tornaram-se até mesmo um berço de projetos globais relevantes. A inédita plataforma GEM, que serve como base para a nova geração do Chevrolet Onix e seus derivados, é um bom exemplo e foi desenvolvida pela General Motors ao lado de seus aliados chineses da SAIC. A Geely, por sua vez, administra a sueca Volvo e revelou há poucos dias o seu primeiro modelo baseado em uma plataforma projetada pela marca europeia.
Uma das provas de que a indústria automotiva da potência asiática está alinhada com o nível de excelência global das demais montadoras, é que a Ford sentiu-se confiante para importar da China o Territory ao Brasil, uma forma de se posicionar entre os SUVs médios enquanto reorganiza sua gama no país. Com o movimento, a empresa norte-americana tornou-se a primeira multinacional do setor instalada no Brasil a importar um produto completamente montado da China.
Mas o Territory não será o único modelo com projeto chinês a atuar no cada vez mais competitivo segmento de SUVs médios, que conta com o Jeep Compass na dianteira em vendas com enorme folga entre os concorrentes.
Apresentado ao público brasileiro no fim de 2018 e efetivamente lançado e produzido no Brasil desde o começo de 2019, o Tiggo 7 é a aposta da CAOA Chery para o segmento e conta com porte muito próximo ao do Ford Territory. Ainda entre os chineses, temos também no Brasil o JAC T60 posicionado entre os SUVs médios, porém seu porte fica um pouco abaixo das dimensões de Territory e Tiggo 7.
Desenvolvido pela Ford com a JMC na China, podemos dizer que uma das premissas do Territory é cativar seus potenciais clientes pelo espaço interno, algo que ficou comprovado em nossa avaliação do modelo.
O Territory, em especial na versão topo de linha Titanium, traz um robusto pacote de itens de série, com destaque para o seu pacote de assistentes de condução composto por alerta de colisão com frenagem autônoma de emergência, monitoramento de pontos cegos, alerta de mudança involuntária de faixa, assistente de estacionamento e câmera 360º, apenas para mencionar os principais recursos. O representante da Ford, contudo, cobra caro por todo o pacote de tecnologia, desembarcando no país por R$ 187.900 na versão Titanium citada.
A partir da linha 2021, o Tiggo 7 será vendido apenas na versão mais completa TXS custando R$ 117.990, portanto exatos R$ 69.910 a menos do que o Territory completo.
Apesar de um hatch compacto separar os dois modelos em termos de valor, o Tiggo 7 TXS só fica devendo mesmo em relação ao Territory Titanium um pacote equivalente de assistentes de condução mais sofisticados, porém a câmera 360º é um item de série no representante da CAOA Chery. O SUV montado no Brasil ainda oferece, assim como o Territory, o revestimento interno de couro, teto solar panorâmico, rodas de liga leve aro 18”, banco do motorista com ajuste elétrico, sensor de estacionamento dianteiro e traseiro, entre outros.
Vale a pena destacar que o Territory também conta com uma versão mais próxima em relação ao Tiggo 7 TXS. A opção de entrada do Ford, chamada SEL e tabelada em R$ 165.900, basicamente não traz os assistentes de condução presentes no Territory Titanium. Mesmo assim, estamos falando de uma diferença de R$ 47.910 entre os SUVs de Ford e CAOA Chery.
Em fevereiro deste ano, o modelo da CAOA Chery passou a contar com uma nova central multimídia com tela de 9” e suporte aos sistemas Apple CarPlay e Android Auto. O aparelho presente no Territory oferece uma tela ligeiramente maior (10,1”) e ainda permite o espelhamento de smartphones da marca da maça sem o uso de cabo, uma conveniência interessante.
O Territory vai além nas dimensões, com 4,58 m de comprimento, 1,93 m de largura e 2,71 m de entre-eixos. Mesmo assim, o Tiggo 7 consegue entregar uma cabine bem próxima à do Territory e tão confortável quanto. Apesar do porte mais comedido, com 4,50 m de comprimento, 1,83 m de largura e 2,67 m de entre-eixos, o SUV médio da CAOA Chery contempla um porta-malas superior, no caso de 414 litros contra 348 litros do Territory.
Outra semelhança entre os dois SUVs médios projetados na China fica por conta do deslocamento de seus motores. Territory e Tiggo 7 contam com motores 1.5 turbo, sendo que o Ford oferece injeção direta, mas só o modelo da CAOA Chery é bicombustível. Nos dois temos potência máxima de 150 cv, com o Territory alcançando 22,9 kgfm de torque e o Tiggo 7 ficando em 21,4 kgfm seja com etanol ou gasolina.
Mesmo com o Ford apostando em um câmbio automático CVT para conseguir aprimorar sua eficiência, o Tiggo 7 com sua transmissão de dupla embreagem e 6 marchas mostra-se ligeiramente mais econômico. Segundo os dados oficiais, o Territory registra parciais de 9,2 km/l na cidade e 10 km/l na estrada com gasolina, valores que sobem para 9,7 e 10,9 km/l, respectivamente, para o Tiggo 7 nas mesmas condições.
Com o suporte dos respectivos times locais de engenharia da Ford e da CAOA Chery, os projetos de Territory e Tiggo 7 foram aperfeiçoados para agradar ao máximo as peculiaridades do consumidor brasileiro, seja em detalhes de acabamento como no bom acerto dinâmico dos dois SUVs. Bem estruturadas no Brasil, as duas fabricantes fizeram trabalhos elogiáveis.
Em nosso exercício de comparar os dois SUVs médios concebidos na China e hoje comercializados no Brasil, notamos que o Tiggo 7 traz um custo-benefício bem mais competitivo de maneira geral, sendo que a dupla em si mostra-se plenamente capaz de encarar quaisquer outros rivais em condições de igualdade. Um ganho enorme para apimentar ainda mais a concorrência no segmento.