Ford prepara renovação de gama e pode oferecer até oito novidades no Brasil
Hoje com um portfólio enxuto, marca norte-americana prepara uma investida em novos produtos
Pelo menos aqui no Brasil, desde o ano passado a Ford está promovendo uma profunda reestruturação de seus negócios no país. A fábrica em São Bernardo do Campo (SP) foi fechada, a produção de caminhões cessou e o foco da empresa no Brasil vai refletir as diretrizes da marca já em voga nos EUA, ou seja, uma atenção completa para SUVs e picapes daqui em diante. Além de atender a uma demanda crescente do público por esses veículos, a estratégia também colabora para a saúde financeira da companhia. Maiores e mais caros em relação aos hatches e sedans, os SUVs e picapes permitem margens de lucro mais generosas.
É fato que todas essas mudanças resultaram em um profundo enxugamento no portfólio da Ford hoje à venda no Brasil. Somando os modelos nacionais e importados, temos no catálogo da marca apenas cinco famílias de produtos, no caso as linhas Ka, EcoSport, Edge, Ranger e Mustang.
Mas uma vez com o novo rumo definido, a Ford deverá se reerguer no país, solidificando sua gama de modelos com um leque de produtos bem maior. Estimamos, pelas nossas contas, ao menos oito novidades para o país nos próximos dois a três anos, cronograma que pode sofrer alterações pontuais devido aos impactos da pandemia causada pelo novo coronavírus.
Nossa lista de estreias começa por um modelo que já poderia até mesmo estar no mercado se não fosse a Covid-19. Estamos falando do Territory, SUV de médio porte que chegará ao Brasil importado da China. Posicionado acima do EcoSport em termos de preço, caberá ao Territory mirar as versões de entrada do Jeep Compass, portanto com valores na casa de R$ 120 mil.
A Ford já confirmou que o Territory oferecerá um bom pacote de equipamentos, com destaque para o assistente de estacionamento, controle de velocidade de cruzeiro adaptativo, sistema de câmeras 360º, carregamento sem fio para celular, central multimídia e painel de instrumentos ambos com telas de 10”. O SUV também vai contar com um sistema de comunicação em tempo real com modem embarcado conectado que permite ao motorista travar, destravar, dar partida, localizar e obter informações de telemetria do carro remotamente. O Territory deverá chegar ao Brasil com motor 1.5 turbo flex.
Depois do Territory, nossa lista de novidades da Ford para o Brasil avança até chegar ao Escape híbrido, modelo também chamado de Kuga em alguns mercados. A Ford ainda se mostra reticente sobre a importação do SUV ao Brasil, porém seu lançamento recente na Argentina é um bom sinal de que a empresa deve oferecê-lo também em nosso país. A categoria de SUVs com propulsão eletrificada tem hoje no Brasil o Toyota RAV4 como um excelente representante e ganhará ainda mais espaço com a estreia de modelos como o Compass 4xe, este sim já confirmado para o país. Logo, ao possuir em sua gama internacional um representante moderno e tão eficiente quanto seus rivais diretos, é natural considerar que a Ford ofereça o Escape Hybrid no Brasil.
Ainda no universo dos SUVs, outro importante complemento na gama Ford será o Bronco Sport. Ele compartilha a mesma plataforma monobloco do Escape, porém terá um apelo bem mais robusto e ligado ao irmão off-road Bronco. O Bronco Sport contará com tração integral, motores turbo e um estilo mais “bruto” tanto no visual externo como na cabine, portanto bem diferente de Territory e Escape Hybrid, que devem focar em um público urbano e que prefere ficar com as quatro rodas no asfalto. A estreia do Bronco Sport já deveria ter ocorrido nos EUA, porém a Covid-19 reprogramou todo o lançamento do SUV. A produção do México (outro ponto que favorece sua importação) deverá começar em setembro deste ano, sendo que o lançamento aqui no Brasil pode ficar mesmo para 2021.
Da mesma fábrica da Ford em Hermosillo, no México, outra importante novidade da marca com todas as chances de chegar ao Brasil é a picape compacta-média Maverick. Com porte e posicionamento de mercado alinhados ao da Fiat Toro, será uma resposta interessante da marca norte-americana ao produto de bastante sucesso da Fiat por aqui. A estreia da Maverick no Brasil, contudo, deverá ficar para 2022.
Entre os modelos de nicho, o elétrico Mustang Mach-E está com a “importação ao Brasil considerada certa”, como relatou o nosso colunista Fernando Calmon no fim do ano passado. A novidade “terá uma gama de cinco opções lançadas em etapas, com tração nas rodas traseiras ou integral, potências entre 258 e 465 cv, alcance de 370 a 480 km e preços de US$ 44.000 a 60.000 (R$ 180.000 a 250.000, conversão direta)”, noticiou Calmon à época. Como o Mach-E ainda precisa chegar às concessionárias norte-americanas, teremos vários meses pela frente até ele desembarcar por aqui. Talvez alguma data de 2022 em diante seja uma boa aposta.
Até aqui já elencamos cinco novidades da Ford previstas para o mercado brasileiro no médio prazo. Partindo para modelos de maior volume de vendas, a próxima geração da picape média Ranger deve começar a ser produzida na Argentina dentro de um ano e meio, trazendo excelentes aprimoramentos e um conjunto bem mais sofisticado, incluindo até uma variante híbrida. A estreia no Brasil ocorrerá logo após o início da fabricação no país vizinho.
Por fim, chegou a hora de abordarmos projetos vitais para a Ford no Brasil. O primeiro deles diz respeito à nova geração do EcoSport, modelo que criou o segmento de SUVs compactos no início dos anos 2000 e atualmente é produzido na Bahia. Segundo rumores, o EcoSport completamente atualizado deve ser revelado já em 2021. A Ford de fato precisa correr para atualizar o modelo uma vez que a categoria tornou-se bem mais competitiva a partir da introdução de modelos como o Volkswagen T-Cross, Chevrolet Tracker 2021 e, mais recentemente, o Nivus, também produzido pela marca alemã.
A tendência é que o EcoSport contemple em sua renovação total um porte ligeiramente maior para a carroceria, bem como ganhos na qualidade de acabamento, nível de equipamentos e tecnologia de propulsão.
Isso tudo abre margem para que a Ford possa trabalhar em um SUV menor do que a nova geração do EcoSport ou promover uma revolução no projeto do Ka, transformando-o de um hatch para um crossover compacto. Como o Autoo apurou, a Ford deixa claro que essa uma linha de raciocínio muito plausível para o futuro do Ka nacional. A Volkswagen também pode ir por um caminho muito parecido com o da Ford e criar um crossover pequeno em paralelo ao projeto do sucessor do Gol.
De qualquer forma, a Ford ainda precisa resolver algumas questões de planejamento estratégico em sua unidade de Camaçari (BA) para viabilizar os projetos dos novos EcoSport e Ka, sendo que a próxima geração do compacto deve estrear somente em 2022. Vamos acompanhar todos os detalhes e noticiaremos aqui no Autoo os próximos passos da Ford. Fique ligado (a)!