Ford pode surpreender com o sucessor para o Ka no Brasil
Presidente da empresa para a região comentou sobre o futuro da gama de compactos
Durante o tradicional encontro de fim de ano da Ford com a imprensa especializada brasileira, o presidente da companhia para a América do Sul, Lyle Watters, conversou rapidamente com os jornalistas presentes para esclarecer alguns pontos importantes sobre as atividades da empresa em nosso país.
Segundo Watters, que trabalha para tornar os negócios da Ford por aqui mais ágeis e sustentáveis do ponto de vista administrativo, as perspectivas para 2020 são boas em especial graças às reduções na taxa de juros, a inflação controlada e em níveis baixos bem como o crescimento na confiança dos consumidores. De acordo com o executivo, com a esperada recuperação do PIB a previsão da Ford é que a indústria automotiva cresça entre 9% e 10% no ano que vem. A fabricante ainda prevê uma recuperação gradual das vendas no varejo e a persistência da alta participação das vendas diretas, acreditando que a disponibilidade de crédito deve contribuir para a criação de um ambiente melhor de negócios.
Questionado pelos jornalistas, Watters revelou que espera um desfecho “o quanto antes possível” para a fábrica de São Bernardo do Campo (SP). O local até então abrigava a sede da montadora no país, que passará a ocupar um prédio na capital paulista. O presidente da Ford América do Sul não entrou em detalhes sobre a negociação com o grupo CAOA, atualmente o maior distribuidor da marca no Brasil, alegando que as cláusulas de sigilo o impedem de divulgar mais informações sobre as tratativas, mas revelou que existem outras empresas interessadas na unidade industrial.
Além das novidades que deverá lançar no Brasil ao longo de 2020, o Autoo aproveitou para indagar Watters sobre o que podemos esperar para a renovação da linha de compactos da fabricante por aqui, com destaque para as famílias Ka e EcoSport.
O executivo nos explicou que a unidade de Camaçari, na Bahia, seguirá produzindo automóveis no Brasil, porém Watters não esconde que deseja tornar a produção por lá mais competitiva para a empresa.
Considerando que a linha Ka começa a sentir o peso da idade e o segmento está repleto de concorrentes cada vez mais fortes, como é o caso dos atuais Volkswagen Polo e Virtus, além dos novos Chevrolet Onix e Onix Plus, Watters reconhece que uma renovação de seus compactos está contemplada no horizonte.
O executivo, contudo, nos convidou a uma reflexão em sua resposta. “A gente precisa entender quais serão as necessidades e desejos dos consumidores na próxima década. O perfil do mercado vai mudar muito nos anos seguintes e precisamos ter em mente qual tipo de carroceria vai agradar mais nossos clientes. Pode ser um hatch? Pode ser um sedan? Ou será alguma outra silhueta diferente? Não posso entrar em detalhes, mas certamente vamos oferecer produtos bem interessantes”, analisou Watters em resposta ao Autoo.
A fala do executivo nos abre margem para algumas especulações, uma vez que pode sinalizar mudanças mais profundas no horizonte para a linha Ka, quem sabe até flertando com um reposicionamento de mercado. Hoje em dia está claro que a gama Ford no Brasil se tornará cada vez mais alinhada com a estratégia norte-americana, onde prevalece o foco em SUVs e picapes. Quem sabe o Ka possa se transformar em um SUV de pequeno porte, algo sem dúvida bastante ousado. A estratégia, de qualquer forma, encontra eco no exterior. Na Europa, a Citroën aproximou a geração mais recente do C3 para o universo dos crossovers/SUV, conferindo ao modelo um aspecto semelhante ao dos hatches aventureiros vendidos aqui. O modelo, inclusive, conta com a derivação C3 Aircross, um SUV de tamanho bastante reduzido. Caso a Ford leve o plano adiante, resta saber como o Ka Sedan se encaixaria nessa equação.
Sobre o EcoSport, apesar do executivo não entrar em detalhes, certamente o modelo deverá contar com um sucessor, em especial por atuar em um dos segmentos de maior destaque hoje em dia no mercado brasileiro.
Aproveitamos para perguntar a Watters se algum produto da joint venture entre a Ford e a Mahindra na Índia poderia chegar ou ser interessante para o mercado brasileiro. “No médio prazo diria a você que não, mas quem sabe, no futuro, poderemos até exportar carros para lá. Ainda é cedo para dizer”, revelou o executivo a frente da Ford no Brasil e região.