Ford Escort revive na China
Marca volta a usar o conhecido nome em sedã emergente exclusivo para o país
Parece incrível, mas vários fabricantes de automóveis ignoraram uma regra de ouro seguida à risca pela Toyota e algumas outras marcas japonesas: mude o carro, mas não mude o nome. Não é à toa que ela desfrute hoje de uma imagem de qualidade e confiança em produtos como o Corolla ou Camry. Ela não vende um automóvel e sim uma experiência já identificada pelo público.
Ainda assim, a Ford, por exemplo, preferiu aposentar o Escort no final da década de 90 para lançar o Focus, um carro médio avançado e de design futurista na época. No caso da marca americana, o resultado foi um tanto custoso mas funcionou e hoje o modelo é um dos mais vendidos no mundo.
E não é que justamente agora, a mesma Ford tenha resolvido reviver o Escort? Um conceito do modelo havia surgido exatamente um ano atrás, indicando a possibilidade que se confirmou no Salão de Pequim, na forma de um sedã médio voltado para mercados emergentes.
O novo Escort, no entanto, nasceu para a China, uma prática cada vez mais comum, afinal trata-se do maior mercado de automóveis do mundo e justifica o lançamento de produtos exclusivos. Nada que impeça, é claro, que o Escort chegue à outras praças.
Mas, afinal, quem é esse novo Escort? Outro carro que apenas carrega o nome do passado. Em vez de um notchback, como original, o novo é um sedã de formas pouco elegantes. No lugar da sofisticação e esportividade da década de 80, um carro simples, cujo perfil está até abaixo do New Fiesta, embora ele use a mesma base do Focus.
Ou seja, o Escort ocupa o mesmo lugar de um Honda City ou de um Chevrolet Cobalt, por exemplo. É um carro com bom espaço interno, mas construção simplificada para custar pouco. O famoso sistema Sync, por exemplo, é menos pomposo que em outros Ford. Em vez de tela multifunção, um pedestal para acoplar um smartphone batizado de “Device Dock”. Mas há mimos como ar-condicionado digital, volante de couro e comandos satélites de Bluetooth e piloto automático.
A China poderia ter uma versão do novo Ka sedã, mas a demanda por espaço interno parece ter matado essa possibilidade. Ademais, o Ka é muito simples para os padrões chineses assim como o novo Escort é pouco atraente para os padrões brasileiros.
O Escort usará um motor 1.5 Ti-VCT, com comando variável de válvulas e opção de transmissão Powershift, de dupla embreagem com opção sequencial. Ele será fabricado pela Changan, montadora chinesa que é parceira local da Ford no país. A marca, no entanto, não definiu um prazo para que o sedã chegue ao mercado chinês.
De volta do passado
Trazer marcas do passado têm sido uma prática comum nos últimos anos entre as montadoras. A Volkswagen, por exemplo, aposentou o velho Santana originado no Brasil, mas logo depois desenvolveu um sedã para a China e voltou a usar a denominação surgida aqui. Já a Volvo resgatou o nome ‘V40’ usado numa perua na década passada para batizar seu novo hatch médio.
A própria Ford trouxe do além outro nome famoso esquecido, o Taurus. Antes, a montadora havia rebatizado seu maior sedã como o pouco chamativo nome de “Five Hundred” (Quinhentos em inglês). Diante da baixa aceitação do veículo, resolveu mudar de ideia e voltar a chama-lo de Taurus, marca de sucesso na década de 80 e 90.