Ford anuncia nova estratégia de produtos para 2020
Só nos EUA a fabricante vai renovar 75% de sua linha até o início da próxima década
Um anúncio muito importante foi realizado pela Ford na última quinta-feira e promete afetar não só as operações da marca em seu país-sede como também nos demais mercados onde atua.
A montadora dará muito mais atenção aos utilitário esportivos, picapes e veículos eletrificados, incluindo versões dos modelos atuais com essas carrocerias hoje nas concessionárias. De acordo com projeções da marca, os SUVs, picapes e vans comerciais responderão por 86% de tudo o que a Ford espera comercializar nos EUA em 2020.
Além disso, a fabricante revelou seus planos para renovar mais de 75% de seu portfólio nos EUA dentro de dois anos, incluindo aí o lançamento de quatro novos modelos. Com isso, a Ford espera oferecer ao público local a frota de modelos mais nova do mercado, com idade média de 3,3 anos frente aos 5,7 anos da linha atual. A gama de SUVs da Ford nos EUA, por exemplo, passará dos atuais seis para oito modelos da categoria até o começo da próxima década.
Além disso, a norte-americana quer colocar em sua linha ao menos uma opção híbrida de seus SUVs na medida em que novos produtos chegarem ao mercado ou passarem por atualizações de meio-ciclo. As opções de eletrificação podem contemplar híbridos convencionais, plug-in ou até mesmo as duas opções dependendo do modelo. A meta da Ford, com a estratégia, é tornar-se a líder na venda de híbridos nos EUA, posto que é ocupado pela Toyota hoje em dia.
A estratégia da Ford para sua gama de utilitários esportivos será focar em dois atributos, no caso esportividade e capacidade off-road. Dentre os novos SUVs que a Ford está preparando, merece destaque um inédito SUV com propulsão elétrica e estilo inspirado no Mustang, modelo que os diretores da Ford estão se referindo como Mach 1. Além disso, já se sabe que a Ford vai resgatar um modelo importante dentro de sua história, no caso o SUV compacto Bronco. Com uma proposta bem original, de carroceria 2 portas e porte robusto, ele foi vendido de 1966 a 1996 nos EUA. A estreia da geração mais recente do modelo ficará para 2020.
“Esses dois novos modelos serão destinados a um grupo cada vez maior de pessoas que simplesmente querem simplificar sua vida e sair por aí com suas famílias e amigos. Para a Jeep, isso significa escalar pedras no deserto. Para a Ford nós queremos oferecer modelos que sejam verdadeiros off-road, mas também confortáveis para dirigir no uso diário. Em nossa opinião, essas pessoas não querem carros com interiores muito espartanos, por exemplo”, explicou o presidente de mercados globais da Ford, Jim Farley, durante a coletiva de imprensa realizada ontem.
Para realizar toda essa mudança de estratégia e colocar os novos produtos nas ruas o quanto antes, a Ford espera otimizar seu processo de desenvolvimento e produção de futuros produtos, em uma melhora de eficiência que deverá poupar US$ 4 bilhões aos cofres da marca nos próximos cinco anos.
A ideia é reduzir em 20% o tempo necessário para que um carro saia do papel até se materializar nas concessionárias e reduzir o tempo de atualização das fábricas para a produção de novos modelos em 25%.
Com isso, também podemos esperar a adoção de plataformas com alto grau de modularidade, contemplando cinco diferentes arquiteturas: monobloco tração dianteira, monobloco tração traseira, monobloco para aplicação comercial, chassi e outra destinada apenas para carros elétricos.
As linhas de produção também serão otimizadas. Hoje nos EUA, por exemplo, a montadora oferece sete opções de teto solar, o que deverá ser reduzido para dois ou três nos próximos anos.
Outro ponto interessante é que a Ford deverá passar a equipar seus carros com um pacote que reúne vários assistentes de condução. Chamado Ford Co-Pilot360, ele vai reunir a frenagem automática de emergência, alerta de ponto cego no retrovisor, câmera de ré, assistente de permanência em faixa e farol alto automático.
Como tudo isso pode refletir no Brasil
Aqui no Brasil já abordamos algumas questões polêmicas envolvendo a Ford, inclusive um notícia da mídia especializada norte-americana que dá conta do fim da produção do Fusion. O modelo, que conta com ótima aceitação no Brasil, ainda poderia ser importado da China ao Brasil, sendo que o país asiático ainda ficaria responsável por manter o sedã em linha.
De qualquer forma, a avalanche de picapes e SUVs que vai dominar a Ford nos EUA em breve deve ser olhada com atenção por nós aqui no Brasil, já que sinaliza uma guinada estratégica da marca. Como as decisões tomadas por ela nos EUA tendem a se refletir em suas operações ao redor do mundo, podemos esperar que essa predileção por SUVs e picapes também chegue ao Brasil, bem como a invariável oferta de modelos híbridos. Sabe-se, nos bastidores, que o novo regime automotivo brasileiro Rota 2030 deverá incentivar a venda de veículos cada vez mais eficientes por aqui.
Vamos acompanhar a movimentação da Ford de perto e você confere todos os detalhes aqui no Autoo!