Fiat Titano chega atrasada em segmento que está se modernizando
Picape tem acertos e bons argumentos de vendas, mas vai ter vida dura no segmento
Depois de criar um suspense sobre a sua chegada, a Fiat Titano finalmente chegou às lojas com bons preços, mas com a impressão de que poderia ter feito isso há 10 anos. Agora, em 2024, desembarca em um segmento que passa por um processo de modernização e ela poderá ficar para trás.
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A história da Titano começa em 2019, quando foi lançada na China pela Changan com o nome Kaicene F70, que foi recém-reestilizada. Era um projeto em conjunto com a PSA, antiga união de Peugeot e Citroën. E logo ela ganhou a marca do leão e o nome Landtrack e chegou a ser anunciada para o Brasil.
Com a compra da PSA pelo grupo FCA, surgindo assim a Stellantis, a estratégia foi mudada e a picape passou a ser feita para ser vendida sob a marca Fiat. A operação brasileira assumiu o projeto para fazer as devidas melhorias antes do lançamento.
Uma mudança profunda, no entanto, sairia cara, então o foco ficou para a mecânica. A Fiat buscou em sua prateleira o 2.2 turbodiesel de 180 cv que vem da França para equipar a Ducato, assim como as caixas de câmbio manual e automática, ambas de seis marchas. Houve melhorias no diferencial e no sistema de tração 4x4.
As peças da picape vêm da China e são montadas no Uruguai pela Nordex, uma fabricante terceirizada que também faz caminhões para Kia e Hyundai, além de vans da Stellantis. E essa picape globalizada chegou, então, às mãos do consumidor brasileiro.
Todo o foco na mecânica fez com que a Fiat não se importasse muito com o visual. Toda a identidade da Titano é da Peugeot. Isso pode ser visto nos formatos dos faróis, da grade e do DRL “dente de leão”, como no 208. Por dentro, o console central, o desenho do painel e o volante também remetem á marca francesa. A qualidade do acabamento com plásticos duros são como dos primeiros carros chineses que vieram para o Brasil.
O visual tanto por fora quanto por dentro é agradável, mas confesso que acho estranho o logo da Fiat estar lá.
Nas laterais, as exóticas maçanetas se destacam no desenho e as rodas podem ser de 17 polegadas ou de 18”, a depender da versão. A Endurance, a básica, tem para-choques pretos e aros de aço com calota central. A Volcano e a Ranch já trazem rodas de liga-leve calçadas com pneus de uso misto.
Preços
- Fiat Titano Endurance 2.0 MT 4x4: R$ 219.990
- Fiat Titano Volcano 2.0 AT 4x4: R$ 239.990
- Fiat Titano Ranch 2.0 AT 4x4: R$ 259.990
Primeiros contatos
A primeira volta com a picape, uma Volcano branca —mas poderia ser preta, vermelha ou prata também, únicas cores disponíveis—, foi em uma pista off-road montada exclusivamente para mostrar o desempenho da picape em uma situação extrema. E ela vai bem.
O motor é suave e silencioso e tem força necessária para passar por rampas e buracos cavados pela equipe da Stellantis. Neste rápido contato deu para ver que o chassi aguenta torções mais fortes do que no uso cotidiano. A direção, no entanto, é pesada para os padrões de hoje, afinal, sua assistência é hidráulica e não elétrica, como virou padrão no segmento.
Aprovada no teste off-road, hora de pegar a estrada. O asfalto das rodovias ao redor da Chapada dos Guimarães, no Mato Grosso, onde o lançamento foi feito, não é exemplo de boa conservação. Cada imperfeição do piso, e são muitos, são sentidos dentro da cabine. A suspensão pula bastante e transmite tudo para os passageiros de uma forma acima da média entre as picapes atuais, mas que poderíamos esperar nas gerações anteriores delas.
Na estrada de terra é ainda um pouco pior, principalmente quando se passa por “costelas de vaca”, ondulações comuns nesse tipo de piso.
O torque menor que das rivais e potência só maior que da Ford Ranger 2.0 (170 cv) fazem falta na rodovia, principalmente em retomadas e ultrapassagens
O espaço interno é bom. A picape tem 3,18 m de distância entre-eixos, 10 cm a mais que a Toyota Hilux, apesar de ter 9 cm a menos que a Ford Ranger. A caçamba é a maior da categoria, mas tem um detalhe: o volume de 1.314 litros só é alcançado sem o protetor, ou seja, só na versão Endurance. Na Volcano e na Ranch, que possuem o acessório de série, cai para 1.190 litros no padrão VDA. A Titano leva 1.020 kg e pode rebocar até 3,5 toneladas de peso.
A conclusão a que cheguei é que a Fiat, que vai querer ocupar somente uns 10% do segmento, estão de olhos nas licitações públicas e nas locadoras para emplacar a quantidade necessária de Titano para bater suas metas. Vai ser uma boa picape para isso. Mas se o objetivo é ter uma caminhonete para uso urbano e escapadas nas terra, talvez um pouco mais de conforto na concorrência vai melhor.
Equipamentos de cada versão da Titano
- Endurance: piloto automático com limitador de velocidade, assistente de reboque, ar-condicionado, porta luvas refrigerado, rádio com bluetooth, rodas de aço de 17” e assoalho de vinil
- Volcano: Itens da Endurance e mais central multimídia com tela de 10”, câmera 180º, sensor traseiro de estacionamento, bancos de couro, faróis de neblina, rodas de liga-leve de 17”, painel com tela digital de 4,2”, protetor de caçamba e capota marítima.
- Ranch: Itens da Volcano e mais ar-condicionado digital dual zone, aviso de saída de faixa, rebatimento automático dos retrovisores, câmera 360º, banco do motorista com ajuste elétrico, acendimento automático dos faróis, monitoramento de pressão dos pneus, sensor de estacionamento dianteiro, santantônio cromado, estribos laterais, rodas de 18”, chave presencial, faróis, lanternas e DRL de LED.
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