Fiat Palio deixa de ser produzido, Weekend resiste
Hatch que já foi o mais vendido do Brasil em curtos períodos, deixou linha de montagem. Já a perua ainda sobrevive com direito a linha 2018
Um dos carros mais vendidos da história do Brasil está prestes a sair do mercado de novos. O Palio, modelo que a Fiat lançou em 1996 com pompa e objetivos ambiciosos, deixou de ser fabricado nas últimas semanas (a segunda geração) na Argentina para dar lugar ao sedã Cronos, conforme revelou o site Autos Segredos. No Brasil, o Palio só era fabricado na primeira geração caso houvesse alguma encomenda de frotistas, o que tem sido cada vez mais raro – este mês ele deve ter pouco mais de 300 carros emplacados.
É o fim um tanto melancólico para um veículo que chegou a liderar o mercado brasileiro em alguns momentos. E um contraste com a longa permanência do Uno, modelo que o Palio deveria ter substituído há duas décadas.
Mas a razão é justa. O Palio representa valores que hoje não motivam mais os compradores. O público busca carros não só modernos, mas com personalidade e a aparência de um produto mais sofisticado. Nesse sentido, a primeira geração do Palio passava distante e a nova não foi feliz em demonstrar que era um veículo diferente. Por essa razão, a Fiat lançou o Argo, uma espécie de recomeço no segmento.
Projeto nacional
Não faltou ambição para a Fiat ao desenhar o Palio mais de 20 anos atrás. O modelo nasceu da equipe brasileira da montadora, mas com consultoria da matriz italiana. O conceito era oferecer um carro de linhas modernas, bom espaço interno e itens que eram novidade na época. Tinha boas soluções internas e, embora considerado um projeto global, não teve uma carreira mundial tão sintomática.
Logo a Fiat viu que o Uno, então um sucesso na versão Mille, poderia manter-se no mercado e resolveu tornar o Palio seu produto mais equipado e pioneiro em algumas tecnologias. Apesar do bom resultado de vendas, em 2000 a marca resolveu promover um facelift que desse ao carro mais apelo e para isso convocou o estúdio Giugiaro para a missão.
O resultado foi bem melhor que o esperado e o Palio passou por sua melhor fase no mercado na década passada. Outro retoque caseiro em 2003 não comprometeu os traços de Giugiaro mas em 2007 veio a pá de cal no estilo do hatch, uma reestilização confusa que quis tornar o Palio mais chamativo mas que mostrou que o modelo estava no limite do projeto.
Foi quando a Fiat resolveu desenhar um novo Palio, a segunda geração. Batizado de “New Palio”, o hatch era maior e buscava inspiração no irmão maior, o Punto, lançado naquela época. O Palio de segunda geração chegou ao mercado em 2011, mas no ano seguinte a Chevrolet e a Hyundai mataram o mercado com o Onix e o HB20. Com isso, o carro da Fiat envelheceu uma década em apenas um ano. Era a senha para promover mudanças mais drásticas na linha.
Perua sobrevivente
Assim como outros projetos da Fiat, o Palio deu origem a uma família com numerosas versões: o sedã Siena, a picape Strada e a perua Palio Weekeend, mais tarde apenas Weekend. Destes o Siena foi o primeiro a desaparecer, restando hoje somente o Grand Siena, outro que sairá de linha assim que o Cronos chegar ao mercado.
A Strada, picape que figurou como a mais vendida do Brasil por muitos anos, segue no mercado embora abatida pela chegada da sofisticada Toro e também da crise econômica que reduziu as vendas no setor de comerciais leves. Como terá uma sucessora em breve, ela deve terminar seus dias com alguma glória.
Já a perua Weekend é uma surpresa. Integrante de um segmento quase extinto, ela resiste. Este ano devem ser emplacadas mais de 3,5 mil unidades, um volume minúsculo mas ainda representativo para uma marca que já não tem nenhum modelo familiar após o fim da produção da minivan Idea.
Até linha 2018 a Weekend ganhou, um sinal que o modelo ainda pode sobreviver por algum tempo, ao contrário do seu agora aposentado irmão.
Veja também: Conheça a história da primeira geração do Fiat Palio