Fiat Linea Absolute acerta quase na mosca

Sedã médio faz bonito em vários aspectos, menos no câmbio automatizado

Fiat Linea Absolute | Imagem: Fast Driver

Alguém aí tem a receita do sedã médio perfeito? Porque a Fiat certamente adoraria conhecê-la. Não é de hoje que os italianos tentam se estabelecer nesse vistoso segmento. Desde o Tempra passando pelo Marea, a marca bem que tentou, mas nunca conseguiu um produto realmente desejado, apesar dos fãs dos dois modelos citados.

A terceira onda chegou em 2008. Foi batizado como Linea e sofre para perder o estigma de Punto sedã por mais que os dois tenham lá suas partes em comum. É esse o carro que escolhemos para estrear nosso novo canal de testes. Antes de entrar no mérito do sedã falemos aqui da fórmula inédita que desenvolvemos para analisar os veículos.

Separamos o palpável do subjetivo, um grande problema em muitas avaliações, que misturam opinião pessoal do jornalista com dados mensuráveis. Portanto, a nota do carro é a visão do editor do AUTOO e só contempla impressões sobre o veículo. Por exemplo, não há nota para consumo ou aceleração, já que esses itens dizem por si : um carro que consome menos é melhor, obviamente.

Em outra análise está o índice de conteúdo do carro que recebe pontuação por seu tipo. Quanto mais ele oferece, maior a soma de pontos. Em resumo, se um carro tem ar-condicionado digital, seu nível superior de conteúdo é levado em conta, mas se esse equipamento é ruim, sua nota na avaliação do editor pode ser menor.

O teste do site AUTOO, por enquanto, apresenta três informações para ajudar você a escolher seu carro: a opinião do jornalista, o nível de equipamentos e o ranking de vendas. Em breve, mais aspectos serão analisados para tornar sua decisão mais fácil.

Tecnologia acima da média

E como o Linea se coloca hoje nessa categoria tão dominada por Civic e Corolla? Oferecendo muita tecnologia, sem dúvida, para compensar a falta de tradição da marca com essa clientela, o sedã da Fiat na versão Absolute está muito acima dos rivais em equipamentos.

Não é à toa que o Linea atingiu 113 pontos no nosso índice de conteúdo. Esse valor é quase o mesmo do Fusion 2.5, um sedã de um segmento superior. São 23 pontos a mais que o Civic LXS, o mais vendido da sua categoria.

A maior parte desses itens está ligada ao conforto: ar digital, revestimento de couro, o sistema Blue&Me, computador de bordo, sensor de estacionamento e até mesmo cortinas para-sol nos vidros laterais traseiros estão incluídos. O cliente do Fiat também pode agregar alguns equipamentos que o Honda não oferece como sensores de chuva e crepuscular, além de GPS integrado ao painel e airbags laterais e de cortina.

De fato, há tanto a aprender no Linea que você precisará de algumas semanas para se acostumar com todas as possibilidades.

Motor bom, câmbio nem tanto

O Linea trouxe de volta o motor 1.8 da própria Fiat no lugar do propulsor comprado da GM. Digo 1.8 porque embora seja chamado de 1.9 ele tem 1 839 cm³, ou seja, o arrendondamento foi puramente marqueteiro, para não confundi-lo com o 1.8 da concorrente – a Honda usa o mesmo expediente com o Fit 1.4 que é o 1.3, na verdade.

Com 130 cv e 18,1 kgfm de torque, é um motor simples mas de boas respostas e consumo adequado. Agora o câmbio Dualogic é o ponto chave do carro da Fiat. O sistema de embreagem automatizada está evoluindo, isso é fato, mas não dá para competir com transmissões automáticas com as que equipam o Civic e o Corolla.

As trocas estão mais suaves que da primeira versão que equipou o Stilo, mas o câmbio automatizado exige que o motorista se adapte à ele e não o contrário. Não é um problema da Fiat e sim do conceito, mas ele tem futuro, não há dúvida. É mais barato e simples que um conversor de torque e tem espaço para evoluir.

A suspensão do Linea é mais rígida que o acerto padrão da Fiat, normalmente macio demais. Bom para quem trafega nas estradas e não tanto para os que usam no dia a dia. A posição de dirigir é agradável: o volante tem boa pegada, a manopla de câmbio está numa posição elevada e a visibilidade é suficiente para todos os lados – os grandes retrovisores externos ajudam.

Espaço de médio

Para contrariar quem imagina que o Linea é um compacto crescido, as dimensões internas são quase as mesmas do Civic, mesmo com entreeixos 10 cm menor. O projeto da Fiat beneficiou o interior a ponto de o comprimento do cockpit ser 11 cm maior que o do Honda. Ele é um pouco mais estreito e tem menos espaço vertical, mas a diferença é mínima. Já no porta-malas a situação é mais gritante – são 500 litros de volume, hastes com pneumáticos que não atrapalham o carregamento enquanto o líder japonês traz "porta-malas de compacto" em todos os sentidos.

Basta um câmbio automático

A Fiat fez a lição de casa para criar um bom sedã médio, só faltou mesmo oferecer um autêntico câmbio automático. O sistema Dualogic pode servir em outros modelos mais baratos, mas o cliente dos sedãs quer uma transmissão que não dê trabalho. Ainda assim, o Linea oferece um belo pacote com um custo-benefício atraente – são R$ 64 850, cerca de R$ 5 mil a menos que o Corolla e o Civic equivalentes, ou seja, um pouco mais que o preço de um câmbio automático. Mas o Fiat ainda leva vantagem nos itens de série.

Ficha técnica

Fiat Linea 2009 Absolute 1.9 16V flex automatizado 4p
Preço R$ NaN (10/2019)
Categoria Sedã médio
Motor 4 cilindros, 1839 cm³
Potência 130 cv a 5750 rpm (gasolina)
Torque 18,1 kgfm a 4500 rpm
Dimensões Comprimento 4,56 m, largura 1,73 m, altura 1,505 m, entreeixos 2,603 m
Peso em ordem de marcha 1320 kg
Tanque de combustível 60 litros
Porta-malas 500 litros
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