Fiat define estratégia para seus dois SUVs nacionais
Primeiro modelo tem estreia confirmada para o segundo semestre deste ano
Na última quinta-feira (4) o AUTOO teve a oportunidade de participar de uma interessante coletiva de imprensa com Herlander Zola, diretor da marca Fiat no Brasil, onde foram abordados diversos assuntos, entre eles a confirmação de que o facelift para a Toro chega ao mercado neste semestre, bem como o lançamento da nova geração do 500 no Brasil vai ocorrer até o fim deste ano.
Na conversa, o AUTOO aproveitou para questionar Zola sobre os aguardados SUVs compactos que a fabricante vai produzir em Betim (MG), posicionando a empresa de forma mais assertiva em algumas das categorias mais relevantes hoje em dia.
Até agora estão confirmados dois utilitários esportivos para a marca Fiat com produção nacional. O primeiro deles, um modelo de porte compacto (segmento B), está com a estreia com confirmada para o segundo semestre deste ano.
Sobre a primeira novidade da Fiat na categoria dos SUVs a chegar ao mercado, Zola explicou que esse modelo vai ter como referência, em termos de precificação, as “faixas mais baixas” dos SUVs compactos atuais.
Olhando para o que encontramos hoje na categoria, alguns bons exemplos seriam o Hyundai Creta Action (1.6 aut./R$ 86.490), Nissan Kicks S (R$ 90.390 manual e R$ 98.390 aut.), além do próprio irmão de conglomerado, o Jeep Renegade, que parte de R$ 85.429 (considerando valores para o estado de São Paulo) na versão STD 1.8 automática.
Tudo leva a crer, portanto, que o inédito SUV compacto da Fiat deverá atuar no espectro de R$ 85 mil a R$ 100 mil, não indo muito além disso. Para a faixa acima, a Stellantis já passa a contar com o Jeep Renegade em seu portfólio e Zola reiterou várias vezes durante a entrevista que uma premissa para as decisões dentro do conglomerado recém-criado será a “complementaridade” entre marcas, modelos e versões dos carros que integram a nova companhia, portanto não faria muito sentido a Fiat avançar em um terreno hoje dominado pela Jeep e vice-versa.
Enquanto o nome e detalhes técnicos do projeto 363 (designação do SUV dentro da Fiat) ainda não são conhecidos, talvez o modelo que mais se aproxima dele hoje em dia é o VW Nivus (R$ 92 mil - R$ 105 mil). Até mesmo a receita adotada pelos representantes de VW e Fiat bebe da mesma fonte. Enquanto o Nivus compartilha elementos com o Polo, o SUV oriundo do projeto 363 vai utilizar a plataforma e diversos outros elementos do Argo. Dependendo do estilo da carroceria, uma boa aposta seria nos depararmos com o SUV compacto da Fiat gravitando na faixa dos 4,15 m de comprimento. O Nivus registra 4,26 m, boa parte por conta do estilo cupê, porém, como o Argo tem 3,99 m de comprimento, talvez a Fiat não queira ir além disso para evitar qualquer sobreposição com o Renegade (4,23 m) e deixar claro qual é o espaço de cada um.
Se demorou para entrar na categoria com um produto alinhado com os concorrentes diretos, o diretor da Fiat sinalizou que a marca promete chegar causando impacto na categoria, provavelmente apostando em um custo-benefício competitivo para o modelo. É fato que a Fiat sabe executar uma leitura de mercado como poucas marcas são capazes de fazer e certamente deverá ter nos planos um leque de versões robusto para incomodar os rivais.
Claro que o diretor da Fiat não entrou em detalhes sobre o projeto, mas, segundo é especulado nos bastidores, uma boa novidade presente no SUV compacto será o motor 1.0 turbo com injeção direta produzido pela marca. Como é mandatório hoje em dia entre os SUVs, ele deverá atuar em conjunto com uma transmissão automática. A mais cotada é a caixa CVT, que vai figurar em outros modelos da Fiat a partir deste ano, como é o caso da Strada. O motor 1.3 Firefly também pode ser escalado para o SUV compacto, talvez com opções de câmbio manual e CVT. A eventual presença do motor aspirado nos catálogos mais acessíveis reforça o argumento de que a Fiat pode focar na questão do preço competitivo para a novidade. De qualquer forma, apesar de não contar com o "glamour" da sobrealimentação, o motor 1.3 vai muito bem em modelos como a Strada, Argo e Cronos e oferece ótimo compromisso entre desempenho e baixo consumo.
Partindo para o segundo SUV que a Fiat tem nos planos para o Brasil, Zola revelou que o produto “terá um posicionamento diferente” e que ele “também será maior” em relação ao modelo lançado neste ano.
Como a data de estreia para esse segundo SUV (2022, talvez?) ainda não foi tornada pública pela Fiat, o volume de informações que circulam sobre ele são ainda mais escassos. Olhando um pouco para trás, é inegável que o conceito Fastback, apresentado em 2018 durante o Salão de São Paulo, foi muito elogiado tanto pelo público como a crítica especializada e certamente pode figurar como uma ótima pista para o segundo SUV da Fiat no país.
Com formas mais arrojadas e abraçando o estilo cupê, ele seria uma interessante alternativa cheia de estilo em relação ao Jeep Compass. Mesmo que a novidade atue entre os SUVs médios, a separação entre ele e o Compass seria facilmente delineada por conta da diferença entre as duas propostas, cada uma olhando para consumidores com perfil distinto. Outro ponto é que, ao menos no conceito apresentado, o Fastback (4,60 m de comprimento e 2,69 m de entre-eixos) tem porte muito mais destacado em relação ao Compass (4,41 m e 2,63 m, respectivamente).
Assim como a Volkswagen, a Fiat também demorou muito tempo para entrar de cabeça no segmento de SUVs com produção local, mas, pelo que vimos até aqui, a fabricante não vai brincar em serviço e promete ao menos dois modelos muito interessantes e competitivos. Vamos acompanhar.