Fernando Calmon

Engenheiro e jornalista especializado desde 21 de agosto de 1967, quando produziu e apresentou o programa Grand Prix na TV Tupi (RJ e SP) até 1980

Fernando Calmon: alta no dólar refletirá em reajustes para os carros nacionais

Jornalista analisa a atual conjuntura econômica e aborda mais temas em sua coluna semanal

Um projeto de lei (PL) tramitava de forma lenta desde 2017 no Senado Federal, de autoria de Ciro Nogueira (PP-PI), mas passou pela Comissão de Constituição e Justiça. Prevê, a partir de 2030, a proibição de fabricar veículos com motores térmicos a gasolina e diesel, embora ressalve os movidos a etanol. E vai mais longe ao decretar que em 2040 nenhum automóvel possa circular com combustíveis de origem fóssil.

Independentemente da ideia estapafúrdia, rejeitável em qualquer outra comissão do Senado, reflete a evidente desinformação sobre o tema. Deve-se considerar, entretanto, que alguns países europeus embarcaram nessa lenga-lenga falso-ambientalista. Mesmo lá, poucas nações de população muito baixa e altíssima renda ainda podem se dar ao luxo de impor restrições e prazos pois dispõem de muito dinheiro para tal. Os demais se arriscam a uma marcha à ré próxima das datas autoimpostas de 2035 ou 2040.

Necessário saber que outras regiões do planeta preferiram não estabelecer nenhum prazo para substituir motores térmicos por elétricos. Nem mesmo a China, maior emissor de gás carbônico (CO2) do mundo, e muito menos EUA e Japão. Todos com gigantescas frotas de veículos. Na realidade, sem fortes subsídios diretos na comercialização poucos comprariam carros elétricos, em grande escala, por razões bem conhecidas.

De novo, o exemplo da China. O principal fabricante mundial de veículos e também de elétricos decidiu cortar parte dos subsídios, mas teve de voltar atrás porque as vendas caíram de imediato. Nessa balada ciclotímica será difícil estabelecer regras e prazos até para cumprir o Acordo do Clima referendado em Paris pelo gigante asiático.

Boa parte do mundo parece desprezar os riscos de aumento e não de diminuição de emissão dos gases de efeito estufa, principal deles o CO2. Tudo em razão da matriz energética global de geração de eletricidade para recarregar baterias ainda ser em torno de 65% dependente de fonte fóssil: carvão, óleo combustível, óleo diesel e gás natural. Alternativas renováveis – entre elas, sol e vento – avançam ainda com alguma dificuldade e o potencial hidroelétrico é limitado.

Porém, no caso específico do Brasil, a conta fica ainda mais difícil de fechar. O País pouco prejudica o planeta em termos de emissões de gás carbônico. Segundo o consultor Plínio Nastari, em 2018, a China é o maior emissor mundial de CO2 em termos absolutos. Mas ao se calcular o valor per capita, o Canadá aparece em primeiro com 15,5 toneladas por habitante/ano. EUA estão em segundo com 14,9 t e o Japão em terceiro com 8,7 t. Nosso país está lá atrás, no bom sentido, com apenas 2 t graças às usinas hidrelétricas, principalmente.

O Brasil ainda deve contabilizar o etanol – em uso isolado ou em mistura de 27% à gasolina – que ao ser produzido reduz em até 80% a emissão de CO2. Isso ocorre em razão do ciclo de vida desde a sua produção (fotossíntese na plantação absorve CO2 e devolve oxigênio à atmosfera) até o que sai pelo escapamento, incluído consumo de diesel tanto no campo quanto no transporte por caminhões.

Em conclusão, o tal PL tem utilidade perto de zero para ajudar a “salvar” a Terra.

Alta Roda

ALTA de cotação do dólar se refletirá em reajustes nos veículos fabricados no Brasil, ainda este ano. Entretanto, o percentual de repasse deve variar conforme o modelo. Produtos recentes, com vários componentes novos de segurança e de entretenimento a bordo, quase todos importados, serão mais afetados. Estes perderão competitividade frente aos outros.

EMBORA o Etios tenha sido descontinuado na Índia, a Toyota não pretende tomar a mesma iniciativa aqui. Aquele mercado, onde Maruti Suzuki dá as cartas e GM acabou de abandonar, é bem diferente do brasileiro. Embora haja certa superposição dos sedãs Etios e Yaris (mesmo entre-eixos, por exemplo), há diferença razoável de preços para justificar a coexistência.

HB20 hatch tem um ou outro pormenor de estilo discutível, mas traz um conjunto bastante harmônico. Em especial motor turbo, 1-litro flex, de respostas rápidas e boa integração ao câmbio automático de seis marchas com seleção manual no volante. Na versão de topo, frenagem autônoma emergencial é o maior destaque. Espaço interno e porta-malas, na média dos concorrentes.

AUDI e a empresa de energia Engie investirão R$ 10 milhões para montar até 2022 uma rede de 200 estações de recarga rápida de baterias para veículos elétricos e híbridos. Potência de cada uma é de 22 kW, a maior disponível no mercado brasileiro atualmente, em locais públicos, com enfoque maior em zonas urbanas. Leva cerca de três horas para recarregar de zero a 100%.

JAPONESA Mazda acaba de entrar no restrito clube de marcas centenárias ativas. Fundada como Toyo Cork Kogyo, já foi comandada pela Ford, mas hoje sem ligações. Fabrica 1,5 milhão de unidades/ano e se mantém independente, não se sabe por quanto tempo. Existem 25 marcas com 100 anos ou mais no mundo. Inglesa Vauxhall, mais antiga, tem 163 anos. 

Mazda MX-5 2016
Acima a presente geração do Mazda MX-5
Imagem: Divulgação

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