Ex-chefão da Nissan, Carlos Ghosn diz que união com Honda não faz sentido
Brasileiro de origem libanesa que recuperou montadora mora no Líbano após fugir do Japão em 2019
A Honda e a Nissan juntas não fazem sentido. Quem afirma é Carlos Ghosn, que foi o poderoso CEO da aliança da montadora japonesa com a Renault até novembro de 2018 quando foi preso no Japão.
Acusado por má conduta financeira da empresa, o brasileiro nascido de origem libanesa ficou preso até 30 de dezembro de 2019, quando fugiu do país, com ajuda de uma operação que incluiu até a viagem dentro de uma caixa.
Refugiado no Líbano, Ghosn não pode sair do país sob risco de ser preso novamente, mas vez ou outra vem a público dar declarações como na segunda-feira, 23.
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Pouco tempos antes, a Nissan, a Honda e a Mitsubishi divulgaram um pré-acordo para estudar uma possível fusão entre elas, saída encontrada para ganhar escala e reduzir custos a fim de enfrentar a indústria chinesa.
Durante a coletiva de imprensa, o ex-CEO cravou que a eventual fusão entre Honda e Nissan "não será bem-sucedida".
“Eles são fortes nos mesmos campos. Eles são fracos nos mesmos campos. Há duplicação em todos os lugares. Então, industrialmente, para mim, não faz sentido”, disse Ghosn.
Entre as justificativas apontadas pelo antigo executivo estão o fato de a Honda não ter experiência trabalhando com parceiros enquanto a direção da Nissan não possui capacidade de resolver seus problemas sozinha.
“Eu me pergunto como isso vai funcionar. As sementes de conflitos ou problemas já estão lá”, cravou o brasileiro.
Debate nas redes
A crise na Nissan, que foi salva da falência por Carlos Ghosn nos anos 90, virou assunto nas redes sociais.
Para alguns, os problemas da montadora são a prova que o ex-chefão foi injustiçado e perseguido enquanto para outros ele cometeu um crime e tem que pagar por isso, não importa o quão bem-sucedido foi.
Ghosn queria transformar a Renault, a Nissan e a Mitsubishi em uma empresa só já que elas sempre mantiveram uma certa independência.
A ironia agora é que essa ideia parece fazer sentido para as atuais cúpulas da aliança, só que com um novo sócio, a desconhecida Honda.